sexta-feira, 10 de junho de 2016

Jovem pede ajuda para moradora de rua que engravidou após estupro coletivo

Márcia contou que engravidou após sofrer estupro coletivo
Aos 22 anos, Joaquim Valim voltou da sua última viagem ao Rio, no final de maio, bastante mudado. Na Lapa, perto de um conhecido posto de gasolina, o bancário capixaba conheceu Márcia, uma moradora de rua que, com gestação já em estágio avançado, chamou sua atenção. Depois de comprar um lanche para ela, o rapaz quis saber sobre a gravidez e se espantou com a resposta da mulher que, emocionada, falou sobre o estupro coletivo sofrido numa praia na Barra da Tijuca.

Joaquim não se contentou com a história. Fez foto, gravou áudio e escreveu um “textão” em que contou tudo o que havia escutado: Márcia, de 27 anos, é homossexual e, após uma bebedeira que a deixou desacordada, foi violentada por vários homens. “Disse-me que foi muito agredida, acordou toda ensanguentada e muito machucada. Após um tempo, descobriu que estava grávida e, fortemente, decidiu ter a criança”, descreveu o rapaz, num post em que parte em defesa de mulheres que, assim como Márcia, sofrem o crime. O relato já tem quase 50 mil compartilhamentos no Facebook e três mil comentários.

oaquim conta que decidiu escrever sobre Márcia para conseguir que outras pessoas a ajudassem, especialmente preocupado com a precariedade revelada por ela, que disse viver num prédio ocupado no bairro boêmio e, sem renda, se sustenta pedindo dinheiro nas ruas.

— Fiquei muito assustado com a repercussão, mas feliz que as pessoas tenham decidido ajudar, mas algumas mensagens me chocaram porque culpavam Márcia pelo estupro que ela sofreu, mesmo depois de eu ter escrito que, em hipótese alguma, a culpa não é da vítima. Ela é lésbica, não pediu para ser estuprada, não usou roupa curta, não provocou: nada justifica, nem a bebida. Muita gente me diz pela internet que ela usa drogas, mas não me interessa. Ninguém merece ser estuprada — afirma Joaquim.

O barulho foi tão grande que duas empresárias cariocas, sócias em um estabelecimento que fica ao lado de uma Clínica da Família no Hospital Ordem Terceira do Carmo, na Lapa, conseguiram localizar Márcia, por acaso, enquanto esperava por uma consulta do pré-Natal. Rebecca Brissant e Aline Torres organizaram até um evento na rede social “Ajudem a Márcia”, em que esperam arrecadar mantimentos e enxoval para o bebê.

— Fiquei muito feliz porque essa história fica perto de mim e pude fazer algo. Minha sócia a reconheceu por acaso e foi conversar com ela. Muita gente vem me dizer para não acreditar na história, mas isso não faz diferença para mim, não estou ajudando por isso — disse Rebecca, que esteve com Márcia algumas vezes e mantém contato com a equipe do hospital que a atendeu.

Enquanto isso, Joaquim, que tenta mesmo de longe mobilizar quem está mais perto da mamãe em busca de ajuda, se diz profundamente mexido após a vinda ao Rio, e revela que partir de agora enxerga a cidade de uma forma bem diferente:

— Márcia foi o principal fator, mas a situação do Rio é muito precária: muita gente pedindo dinheiro, comida. Está muito triste. Não prestamos atenção, mas são seres humanos que precisam de ajuda — afirma.

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