segunda-feira, 27 de junho de 2016

Menino de 11 anos morto por GCM saiu de casa escondido, diz mãe

Carro onde um menino de 11 anos foi morto por guardas civis metropolitanos (Foto: Ariel de Castro/Arquivo Pessoal)


Mãe da criança deixou menino com filhas mais velhas e foi trabalhar. Um GCM foi preso em flagrante e liberado após pagar fiança.

A mãe do menino de 11 anos, que foi morto por guardas civis metropolitanos na manhã deste domingo (26), em Guaianazes, na Zona Leste de São Paulo, durante uma perseguição, disse que ele saiu escondido de casa. Um dos guardas foi preso em flagrante, mas liberado logo em seguida após pagamento de fiança.

Waldik estava dentro de um carro e a suspeita é que ele estava na companhia de ladrões. Ele faria 12 anos no dia 13 de agosto. O corpo da criança está no IML (Instituto Médico Legal) Leste e familiares aguardam a liberação. O velório irá ocorrer no Cemitério da Vila Formosa na manhã desta segunda (27) e o enterro está previsto para as 16h.

Dona Orlanda Correia Silva, mãe de Waldik, conta que a última vez que viu o filho foi no sábado à noite (25) quando saiu para trabalhar. Ela disse que o menino saiu escondido de casa, após uma irmã mais velha proibir sua saída e trancar a porta. A mãe do menino afirmou que não conhece os dois homens que estavam com seu filho e nem reconheceu o carro em que o garoto estava.

“A gente tava assim tentando tirar ele da rua. Já tava até conseguindo, mas aí aconteceu o que aconteceu”, disse Dona Orlanda. A mãe contou que se preocupava com o filho. “Tinha [preocupação com ele], porque ele andava em má companhia”, afirmou ela. A criança era a oitava de nove filhos.

"Eu quero Justiça, né? Porque eles não revidaram", afirmou a mãe. Segundo ela, uma testemunha contou que apenas os GCMs atiraram.

Em depoimento, os guardas afirmaram que foram acionados por um motociclista, que disse ter sido assaltado por homens em um carro. Os guardas encontraram o carro descrito pela vítima e iniciaram a perseguição. Os suspeitos teriam atirado e, por isso, reagiram. À Rádio Estadão, o prefeito Fernando Haddad disse na manhã desta segunda-feira (27) que a "abordagem da GCM foi equivocada".

No site da Prefeitura, a missão primordial da Guarda Civil Metropolitana é a "proteção de bens, serviços e instalações municipais, conforme previsto no Art. 144 da Constituição Federal".

Em 2014, a presidente Dilma Rousseff sancinou lei que amplia os poderes das guardas civis, estendendo a elas o poder de polícia e também o porte de armas.

Na prática, a nova lei autoriza esses profissionais a atuarem não apenas na segurança patrimonial (de bens, serviços e instalações), mas também na preservação da vida, na proteção da população e no patrulhamento preventivo. Além disso, a lei atende à reivindicação da categoria ao estruturá-la em carreira única, com progressão funcional e ocupação de cargos em comissão somente pelos próprios agentes.

Na ocasião, o Ministério Público Federal e os comandantes das Polícias Militares do país contestaram a constitucionalidade da lei.

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