quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

MPF apura se imóveis no Guarujá são propinas do esquema da Lava Jato

Polícia Federal deflagrou a 22ª fase da Lava Jato nesta quarta-feira (27). Ação investiga abertura de offshores para ocultar dinheiro da corrupção.
Condomínio Solaris, no Guarujá, sob investigação na Lava Jato (Foto: solaris, guarujá)Condomínio Solaris, no Guarujá, sob investigação

O Ministério Público Federal (MPF) investiga a abertura de offshores (empresas no exterior) e a compra de apartamentos no Guarujá (SP) para lavar dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras.

Todos os imóveis do condomínio Solaris, na praia das Astúrias, estão sendo apurados. Familiares de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, podem ter sido beneficiados pela construtora OAS na compra de apartamentos.

"Em relação ao conjunto Solaris, nós estamos investigando todas as operações desses apartamentos. Nós temos indicativos em relação a familiares do Vaccari e também de uma offshore aberta pela Mossak Fonseca", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, nesta quarta-feira (27), ao detalhar a 22ª fase da Operação Lava Jato.

Vaccari, que já presidiu a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), foi preso pela Lava Jato em 2015 e está detido na Região Metropolitana de Curitiba.

A PF apura se a empresa Mossack Fonseca abriu offshores para esconder a propriedade de apartamentos que eram da Bancoop e depois foram assumidos pela construtora OAS.
um dos imóveis do condomínio Solaris, um triplex, estaria sendo reformado para a família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, segundo o MPF, o caso ainda é investigado.

O procurador afirmou que Lula pode ser investigado caso tenha imóvel no Solaris Abertura de empresas

A empresa Mossack Fonseca criou offshores para Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, e Pedro Barusco, ex-gerente da mesma área, afirmou o procurador. Mário Goes, apontado pela Polícia Federal como um dos operadores do esquema, também teria recebido uma empresa no exterior. "A Mossack Fonseca era uma grande lavadora de dinheiro", disse Carlos dos Santos Lima.


Segundo despacho assinado pelo juiz Sergio Moro, há provas contra a empresa, que tem sede no Panamá. "Existentes, portanto, provas, em cognição sumária, de que a Mossack Fonseca providenciou os serviços necessários para a abertura de off-shores para pelo menos quatro agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras e que as utilizaram para lavagem de dinheiro."

O MPF ainda não sabe o montante de dinheiro movimentado nas empresas no exterior. Manter offshores não é ilegal, mas a falta de declaração à Receita Federal constitui crime.

O texto assinado por Moro diz que a investigação interceptou mensagens com orientação para destruir documentos. Como exemplo, Moro cita a mensagem de um cliente pedindo para que as empresas sejam fechadas porque o escritório dele havia sido alvo da Polícia Federal. O juiz também menciona uma mensagem da dirigente da Mossack, orientando a destruição de documentos.

A publicitária Nelci Warken, presa nesta quarta-feira, seria uma "laranja" do esquema, de acordo com o procurador (veja o vídeo abaixo). Ela que prestou serviços de marketing à Bancoop e ainda deve prestar depoimento.

Triplo X
A 22ª fase da Lava Jato foi deflagrada na manhã desta quarta em São Paulo e Santa Catarina.

A polícia tem 23 mandados judiciais para cumprir, sendo seis de prisão temporária, 15 mandados de busca e apreensão e dois de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. Em São Paulo, a ação ocorre na capital, Santo André e São Bernardo do Campo. Em Santa Catarina, ocorre em Joaçaba.

Entre os crimes investigados na atual fase estão corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Oitenta policiais participam da ação.
Policiais federais chegam com malotes da Operação Lava Jato na sede da PF em SP (Foto: Tatiana Santiago/G1)Policiais federais chegam com malotes da Operação Lava Jato na sede da PF em SP

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