terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Mulher sem os braços sonha em ter próteses 'para poder abraçar o filho'.

Jovem de Piracicaba lançou campanha na web para conseguir R$ 700 mil. Carolina Tanaka desenvolveu a habilidade de fazer atividades com os pés.
Carolina dirige carro adaptado para ela desde 2007 (Foto: Fernanda Zanetti/G1)Carolina dirige carro adaptado para ela desde 2007 
Toda mãe sonha com o momento em que irá carregar o filho nos braços, ainda na cama da maternidade. O desejo também passa pelos pensamentos da professora de educação física Carolina Tanaka Meneghel, de 30 anos, que planeja ter o primeiro herdeiro ainda neste ano. A jovem nasceu sem os braços e, para alcançar o objetivo e superar a dificuldade, lançou uma campanha nas redes sociais, a fim de arrecadar R$ 700 mil para conseguir duas próteses biônicas em fibra de carbono.

Carolina, que mora em Piracicaba (SP), contou que ela e o marido, o vendedor Jonas Meneghel, de 32 anos, planejam ter um filho independentemente de conseguir as próteses ou não. Apesar da dificuldade, o que impulsiona a professora é o sonho de carregar e andar de mãos dadas com a criança.

"O desejo de poder abraçá-lo, andar de mãos dadas com ele, fazer um aconchego. Quero engravidar, mas tenho uma preocupação: como vai ser se eu não tiver os braços? Por isso eu conto com a colaboração de todos. Tudo o que eu mais quero é poder abraçar meu filho quando ele nascer", disse.

Por conta de uma má-formação congênita, possivelmente ligada à catapora que a mãe contraiu nos três primeiros meses de gravidez, a jovem teve de superar um desafio atrás do outro para aprender a executar as tarefas do dia a dia com os pés. Ela consegue fazer, sem dificuldades, atividades como comer, lavar louças, maquiagem, dirigir, dar aulas na rede municipal e até tirar uma "selfie".

No entanto, são as "pequenas coisas" que fazem falta na vida de Carol. "Quero pegar um copo e levar até a boca, ir ao supermercado e pegar uma mercadoria na prateleira. Quero andar de mão dadas com meu marido, usar minha aliança. Abraçar as pessoas. São pequenas coisas que para mim, hoje, fazem a diferença", explicou

Campanha
Apesar de ter uma autonomia que impressiona, Carolina sentiu mais vontade de conseguir os braços em 2014, quando foi até uma empresa que confecciona próteses, em Sorocaba (SP), para saber se teria estímulos suficientes nos ombros para coordenar os novos membros. "Quando eu soube que teria condições despertou ainda mais o interesse", afirmou.

Deste desejo, surgiu o projeto "#Abraça", a convite da própria empresa. Durante 60 dias, a história da jovem ficará disponível em um site de financiamento coletivo, onde os internautas poderão escolher entre várias opções de valores e receberão recompensas pelas doações. A iniciativa está sendo compartilhada nas redes sociais.

"Com essa campanha, quero atingir o Brasil e o mundo e, quem sabe, sensibilizar a empresa, para que ela faça um preço de custo, pelo menos", revelou a jovem. Segundo ela, cada um dos braços biônicos custa R$ 350 mil.
Sem o auxílio de ninguém Carolina utiliza os pés para comer (Foto: Fernanda Zanetti/G1)Hoje, sem o auxílio de ninguém, a jovem utiliza os pés para comer

Exemplo
Mais do que ter a chance de fazer coisas singelas, como passear de mãos com o marido e com o futuro filho pelas ruas de Piracicaba, Carolina contou que, com a divulgação da campanha na internet, seu objetivo é beneficiar pessoas com a mesma deficiência. "Mostrar que é um sonho possível, mas que muitas vezes não se torna realidade por causa do valor; mostrar que precisa ser mais acessível", explicou.

Além disso, a mulher revelou que ainda tem o sonho de ser palestrante. A ideia da professora é viajar pelo Brasil com o objetivo de fortalecer as pessoas para superar desafios. "Quando eu quero alguma coisa vou atrás até o fim. Então, se eu posso, todo mundo também pode."
Carol e alunas da escola municipal que dá aulas em Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
Carol dá aulas de educação física em uma escola municipal de Piracicaba
Escola e vida
Carolina Tanaka Meneghel dá aulas de educação física para turmas do 1º ao 5º ano na Escola Municipal Professora Judith Moretti Accorsi, em Piracicaba, desde 2014, quando passou no concurso público pelo sistema de cotas. Ela disse que, durante as aulas, explora bastante a fala para orientar as crianças e ensiná-las a fazer os exercícios da melhor forma. "A minha voz é minha guia."

Aos 30 anos, Carol faz praticamente tudo o que sente vontade com os pés e, mesmo com as próteses, não vai deixar de utilizá-los. Isso porque, segundo ela, os braços biônicos terão rotação nos cotovelos, mas talvez não tenham nos pulsos. “Na parte dos ombros também não tem, então não vai dar para erguer os braços para cima ou deixá-los na horizontal, como o Cristo Redentor", comparou.

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