quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

"Cada ultrassom que mostra a cabecinha dele normal é um alívio", diz grávida de 28 semanas sobre o risco do zika

Medo da doença provocou mudanças na rotina e cancelamento de viagens à praia.

Medo do zica muda rotina de gestante

Aos 30 anos, a confirmação da gravidez foi como a realização de um sonho para a administradora de empresa Maria (nome fictício). Agora, na 28ª semana de gestação, o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e do zika vírus, está transformando o sonho em medo e apreensão constante. 

A gravidez está indo bem, mas a preocupação com o mosquito e o risco de contaminação ganhou destaque nas consultas médicas e obrigou a família toda a mudar seus hábitos.

Pedindo para manter a identidade em sigilo, ela conversou com o sobre as mudanças na rotina, as expectativas e os medos de uma gestante em tempos de epidemia.

Você está acompanhado as notícias sobre o zika vírus?

Maria: Sim, leio bastante. Está difícil não se manter informada, pois, em todos os lugares há notícias sobre o assunto.

Tem conversado muito com o seu médico também?

Maria: Constantemente, levo as minhas dúvidas e desde o início ele me orienta sobre o assunto. Sempre falamos sobre indicação de repelentes, o que podíamos fazer para aumentar a proteção, riscos e etc.

Essas conversas ajudam?

Maria: Sim. Por exemplo, poucas pessoas sabem sobre o uso correto de repelentes. Por mim, eu passaria o repelente várias vezes ao dia, mas ele me explicou que isso pode causar intoxicação no bebê. Então, ele me indicou um repelente à base de icaridina duas vezes ao dia, e aparelho de tomada à noite.

Quais os seus maiores medos sobre o mosquito?

Maria: É que não depende só de mim. Eu posso cuidar de tudo, não deixar água parada, usar repelente, tela na janela, etc. Porém, se a população toda não se conscientizar, ficamos todos expostos. O mosquito pode nascer no quintal do meu vizinho e voar até a minha casa. Eu já ouvi pessoas falando que não se preocupam tanto, porque não têm grávidas em casa, mas poxa, e o coletivo? Se dependesse só de mim, eu me sentiria muito mais segura, mas quando o assunto é o cuidado com o Aedes aegypti, infelizmente precisamos de apoio em massa.

Quais os seus medos sobre a microcefalia?

Maria: O que me deixa insegura é que é tudo muito novo, as pesquisas são muito recentes e surgem contradições a todo instante. Não sabemos exatamente se é só a zika que causa esse problema, não sabemos se a partir de "x" semanas o risco cai, não sabemos se na amamentação pode causar algum atraso, não sabemos se, além da microcefalia, algum tipo de défict pode estar associado ao zika.

O que mudou na sua rotina?

Maria: Mudou completamente a minha rotina. Planejei a minha gravidez com muito carinho. Eu imaginava que, quando chegasse o verão, eu poderia curtir a barriga e viajar tranquila. Infelizmente, essa não é a realidade.

Quais precauções você adotou durante a gravidez?

Maria: Eu e meu marido evitamos lugares desconhecidos, não viajamos. O repelente virou parte do meu ritual matinal: lavar o rosto, escovar os dentes, passar creme e passar repelente. Além disso, ando com repelente na bolsa pra retocar quando der o tempo de proteção. Todo cuidado é pouco. Cada ultrassom que mostra a cabecinha dele normal é um alívio.

Vocês desistiram de ir viajar?

Maria: Estamos evitando ir para lugares desconhecido, churrascos, casa de amigos. Viajar para a praia no verão foi um plano que também deixamos de lado só para ter certeza que ficaremos protegidos. É triste, pois toda mulher grávida espera viver um momento mágico e tranquilo, mas este medo nos deixa prisioneiros.

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