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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Em depoimento, ex-presidente da Conmebol admite que lesava clubes

Preso na Suíça e extraditado ao Uruguai, Eugenio Figueredo declara que empresas de marketing esportivo subornavam dirigentes para evitar novos concorrentes.

Eugenio Figueredo, ex-presidente da Conmebol preso no Uruguai, declarou em depoimento ao Ministério Público de seu país que o esquema de corrupção na entidade se traduzia "em prejuízo a clubes e jogadores". O ex-dirigente afirmou também que os presidentes das dez associações que compõem a Conmebol receberam subornos milionários.

Junto com José Maria Marin e vários outros, Figueredo foi preso em maio de ano passado em Zurique, por policiais suíços que cumpriam um pedido de autoridades americanas. Mas, à diferença dos demais, não foi extraditado para os Estados Unidos e sim para o Uruguai, onde já havia uma investigação em curso sobre a Conmebol. Figueredo está preso e teve milhões de dólares em bens e dinheiro confiscados.

A Justiça do Uruguai publicou trechos do depoimento de Figueredo, de 83 anos, que presidiu a Conmebol entre 2013 e 2014. Tanto seu sucessor (Juan Angel Napout) quanto seu antecessor (Nicolas Leoz) estão em prisão domicilar. O primeiro em Nova York, o segundo em Assunção - enquanto aguarda o julgamento de um pedido de extradição aos EUA. 


Figueredo deixa claro como as coisas funcionavam na Conmebol. A cúpula recebia subornos de empresas de marketing esportivo (Traffic, Torneos y Competencias, Full Play) para entregar a elas os direitos de transmissão e direitos comerciais sobre os torneios no continente - Copa Libertadores, Copa América por exemplo - e evitar concorrência. O pagamento de propinas a cartolas é o centro da investigação americana que levou dezenas de dirigentes de futebol do continente para a cadeia. 

- Desde que época em que assumiu como integrante do Comitê Executivo da Conmebol [1993] recebia importantes somas de dinheiro [...] com a finalidade de manter o status quo de uma perversa forma de corrupção. [...] Desta forma evitava outras ofertas para a comercialização dos direitos de transmissão dos torneios organizados pela confederação. Expressamente reconhece que tal modo de atuar se traduzia em prejuízo a clubes e jogadores profissionais, no caso do Uruguai reduzindo notoriamente o dinheiro que deveriam receber aqueles e estes.

Figueredo declarou que recebia, de salário, US$ 40 mil mensais - e que cada presidente de federação nacional embolsa US$ 20 mil. Esses valores nunca constaram dos balanços da entidade. Durante a passagem de Figueredo pela cúpula da Conmebol, os presidentes da CBF foram Ricardo Teixeira (até 2012) e José Maria Marin (2012-2015). Quando Marco Polo Del Nero assumiu (2015), o presidente da Conmebol já era Juan Angel Napout. 


Além do salário, o uruguaio declarou que recebia uma mesada de US$ 50 mil mensais das empresas de marketing esportivo. Cita a T&T (Torneos e Traffic) e a Torneos y Competencias, todas investigadas pelas autoridades dos Estados Unidos. 

O ex-presidente da Conmebol disse ainda que recebeu "importantes somas de dinheiro" da Full Play, empresa que em 2011 tomou da Traffic os direitos de transmissão da Copa América. A disputa entre Traffic e Full Play foi resolvida com a criação de outra empresa -Datisa - que passou a fazer negócios com a Conmebol.

- [Figueredo] confessa ter recebido importantes somas de dinheiro da empresa Full Play Group SA [...] Recebeu somas superiores às que diz terem recebido os presidentes das diversas associações, no caso 400.000 dólares cada um [...] Seu conhecimento de tal fato emerge de ter recebido vários pagamentos por este conceito e por estar informado pelo próprio HJ [Hugo Jinkis], um dos sócios daquela empresa.