segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Dado Villa-Lobos, sobre vitória na briga com família de Renato Russo: "Justiça tarda, mas não falha"

O músico e Marcelo Bonfá lutavam pelo direito de usar o nome Legião Urbana na turnê que estão fazendo; show no Rio acontece hoje (23)
Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá se revezam nos vocais do show 'Legião Urbana XXX Anos' (Foto: Fernando Schlaepfer)Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá se revezam nos vocais do show 'Legião Urbana XXX Anos' (Foto: Fernando Schlaepfer)

Depois de passar por 20 cidades brasileiras, Dado Villa-Lobos eMarcelo Bonfá acabam de levar para o Rio o show Legião Urbana XXX, em que celebram o lançamento do primeiro álbum da banda. “Os deuses confabularam e pudemos usar o nome do grupo. A justiça tarda, mas não falha”, diz Dado, que enfrentou um processo de 15 anos contra a família de Renato Russo, até então detentora do nome Legião Urbana.

Ele conta que sente a presença do vocalista, morto pela aids em 1996, nas apresentações. “Renato está na magia das canções, e a gente incorpora isso.” Um dos sucessos mais emblemáticos deles, “Que país é esse?”, costuma ser um dos pontos altos do repertório. “Foi composta em 1979 e continua sendo manchete de jornal. O Brasil nunca chega ao fundo do poço, mas fica no purgatório.”

Apesar do clima de revival, Dado afirma que a banda vai terminar logo após a turnê, que continua neste ano. “Desde o quinto LP, quando Renato ficou doente, combinamos que, se alguém saísse, não haveria mais Legião.” O músico, que divide os vocais do show com Bonfá e André Frateschi, conversou com a coluna: 

Como foi para você voltar 20 anos no tempo?

Até então não podíamos subir ao palco, sendo quem nós somos, com o nome Legião Urbana. Mas os deuses confabularam a favor e a justiça deixou, depois de 15 anos, que a gente usasse o nome. Voltar àquela relação é impressionante. O público se renovou. A gente sobe ao palco e o povo pira, enlouquece e a gente vai junto. 

Que sensação você experimentou ao mergulhar nas músicas antigas?

Encontrei as demos. Eu senti que éramos tão jovens. Tínhamos 18, 19 anos, e um frescor. Percebi que ali estava a essência do grupo. Os primeiros passos. O que a gente estava pretendendo. Os três caras. É isso que a gente sabe fazer. O desejo de transformar as pessoas e mudar o mundo. 
Legião Urbana numa foto de 1993 (Foto: Tasso Marcelo/Estadão Conteúdo)

E a presença do Renato, como ela aparece no show?

A força dele está na magia das canções, daquilo tudo que fizemos. A gente incorpora, é mais ou menos isso. A gente está tocando tudo como sempre fez. Mas estamos mais maduros. O distanciamento traz isso. É mais tranquilizador. Mas não vamos continuar com a banda, lançar disco, essas coisas. 

Por quê?

A gente só está comemorando os 30 anos do primeiro disco. Acho que 70% ou 80% das pessoas nunca tinham visto um show nosso. A gente combinou, desde que o Renato ficou doente, lá pelo quinto LP, que, se um saísse, não seria mais Legião. Estamos tocando, relembrando, festejando o repertório que faz muito sentido para o público que quer assistir a um verdadeiro rock 'n' roll.

David Bowie, morto semana passada, exerceu influência sobre vocês?

Eu ainda estou em estado de choque. Foi impressionante. Estava domingo, véspera da morte dele, com amigos, ouvindo um som. Ai pedi para botar o novo álbum, o 'Blackstar'. Saquei as harmonias, mas era uma caixinha distante. No dia seguinte, de manhã, não consegui acreditar que ele estava partindo. Ele era o modelo do antimodelo. Um cara fabuloso. Aquela atitude em relação a tudo, à liberdade. Em todos os sentidos, físico e visual. A gente ouvia muito o 'Scary Monsters' (1980).

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