sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Localfrio será multada em R$ 10 mi por vazamento de gás em Guarujá

Acidente aconteceu no dia 14 de janeiro em terminal portuário, em Guarujá. Foram registrados 170 casos de atendimento médicos em quatro cidades.
Homem usa pano como máscara durante incêndio no pátio de cargas do terminal alfandegado da Localfrio, na margem esquerda do Porto de Santos, em Guarujá, litoral sul de São Paulo (Foto: Clayton de Souza/Estadão Conteúdo)Moradores de Guarujá tiveram que se proteger da fumaça

O governador Geraldo Alckmin anunciou, nesta sexta-feira (22), uma multa de R$ 10 milhões que será aplicada contra a empresa Localfrio pela emissão de 'efluentes gasosos tóxicos para a atmosfera e por riscos e danos à saúde da população', após um vazamento de gás seguido de incêndio, no dia 14 de janeiro deste ano, em Guarujá, no litoral de São Paulo.

A empresa será notificada pela Agência Ambiental de Santos da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). Segundo o relatório dos técnicos da Cetesb, a ruptura de um contêiner contendo 20 toneladas do produto dicloroisocianurato de sódio dihidratado permitiu a entrada de água das chuvas que, numa reação química, causou o incêndio. O fogo que atingiu 66 contêineres.

Ainda segundo o órgão ambiental, a fumaça tóxica atingiu os moradores do bairro, que foram obrigados a deixar suas casas, além de moradores do restante de Guarujá, Santos, Cubatão e São Vicente.

Segundo o Governo do Estado de São Paulo, foram registrados 170 casos de atendimento nos centros médicos. A interrupção da travessia das balsas marítimas Santos/Guarujá e o fechamento do Porto (canal de navegação) e de estabelecimentos comerciais e industriais da região também trouxeram prejuízos à população.
Incêndio atinge o pátio de cargas do terminal alfandegado da Localfrio, na Margem Esquerda do Porto de Santos, no Guarujá (SP), nesta quinta-feira. (Foto: Mauricio de Souza/Estadão Conteúdo)Incêndio atinge o pátio de cargas do terminal alfandegado da Localfrio, na Margem Esquerda do Porto de Santos, no Guarujá (SP), nesta quinta-feira
Contêineres ficaram destruídos após incêndio (Foto: Corpo de Bombeiros / Divulgação)Contêineres ficaram destruídos após incêndio

Mapa (Foto: G1)
ENTENDA O QUE ACONTECEU

- Choveu forte na região no Porto de Santos
- Alguma estrutura nos contêineres do pátio de armazenamento provavelmente cedeu
- A água da chuva entrou em contato com uma carga de um produto à base de cloro (ácido dicloro isocianúrico de sódio)
- Da reação química, surgiram focos de incêndio e a nuvem tóxica
- A fumaça causa irritações de pele e de olhos e, caso seja inalada, também nos pulmões

Combate a incêndios
O trabalho foi feito por várias equipes que se dividem para resfriar o conjunto de conteinêres e também atuavam no combate individual em cada um deles. Os bombeiros utilizaram 23 viaturas, um navio e um rebocador para captar a água do mar no combate ao incêndio.

Várias áreas do complexo portuário precisaram ser evacuadas. A fumaça rapidamente se espalhou pela cidade de Guarujá e fotos registradas por moradores mostravam a Avenida Santos Dummont, a principal do município, coberta por uma névoa.

Por volta das 22h de quinta-feira (14), a fumaça já tinha se espalhado pelas cidades de Guarujá, Santos e São Vicente e invadido várias casas ocasionando problemas respiratórios nos moradores.

A fumaça também invadiu o Pronto Socorro de Vicente de Carvalho. Os pacientes que estavam internados foram transferidos, juntamente com as equipes e ambulâncias, para a UPA Boa Esperança, na Rua Alvaro Leão de Carmelo, onde a Secretaria de Saúde de Guarujá afirmou que os pacientes terão tratamento especializado.

Efeitos da fumaça
As pessoas atendidas apresentaram ardência nos olhos ou mal-estar ocasionado pela fumaça.

Segundo Flavio Zambrone, médico toxicologista e professor aposentado da Unicamp, "o produto é extremamente tóxico". Ele produz irritações de pele e de olhos e, caso seja inalado, causa irritação também nos pulmões.

"É um produto à base de cloro. Ele é estável, mas tem alto teor de cloro, que se dissolve na água. Por isso, outro problema será a questão ambiental que virá depois". Segundo o professor, o produto é usado na maioria das vezes em desinfecção de água, mas em grandes quantidades passa a ser tóxico.

Vários moradores recorreram a equipamentos de proteção. "As máscaras acabaram nos postos e nas farmácias. Consegui pegar uma das últimas. Tem muita gente passando mal por causa da fumaça", afirmou a doméstica Maria Rita.

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