quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

PM vai repetir ação desta terça em protesto sem trajeto, diz secretário

Segundo Moraes, MPL é único movimento que não informa caminho. Movimento disse que a PM não pode pautar o trajeto.
Secretário Alexandre de Moraes em coletiva nesta quarta (Foto: Karina Godoy/G1)Secretário Alexandre de Moraes em coletiva nesta quarta.

O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou nesta quarta-feira (13) que a polícia vai repetir a operação feita durante o ato de terça-feira (12) e impor o trajeto todas as vezes que os manifestantes não quiserem cumprir o caminho informado.

"Movimento que não informa o trajeto é o passe livre e quando isso acontecer, obviamente, nós vamos estabelecer o traçado e fazer de tudo e preservar milhões de pessoas que não estão participando da manifestação, como foi feito ontem [ato desta terça]", disse.

"Venho novamente solicitar que as lideranças e o movimento MPL entrem em
contato com a Secretaria da Segurança Pública e as autoridades de trânsito para informar qual será o traçado para que nós possamos organizar o trânsito, o transporte e a segurança. Ganham com isso os manifestantes e a cidade que não terá baderna e vandalismo", completou.

Segundo Luize Tavares, do MPL, a PM não pode pautar o trajeto. “No ano passado, a PM convidou o MPL para falar sobre os trajetos. Mas nós definimos o trajeto com quem está no ato, não com a polícia”, disse.

“Quando houve a repressão a gente percebeu que era uma emboscada, bomba atrás de bomba e o Centro cercado por policiais”, completou.

Nesta terça, o secretário já havia dito que os policiais militares lançaram bombas de efeito moral contra manifestantes porque eles tentaram “romper o bloqueio” montado pela PM (veja no vídeo abaixo o momento em que as bombas explodem). A Polícia MIlitar explodiu as primeiras bombas na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação durante o 2º ato convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento das tarifas do transporte público.

São 2 mil pessoas tentando romper um bloqueio. Para que se evite a necessidade do confronto pessoal, para que se evite a necessidade do uso da força pessoal, que isso pode deixar os manifestantes machucados, foram usadas as bombas para dispersar", disse. "As imagens são muito claras que mostram que houve investida dos manifestantes contra um bloqueio. Eles já estavam previamente avisados que não poderiam descer a Rebouças."

A técnica utilizada pela PM para conter o trajeto dos manifestantes é chamada de envelopamento e é utilizada internacionalmente. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, é uma forma de se protegerem os direitos de todos, separando os verdadeiros manifestantes de oportunistas que cometem atos de vandalismo ou ações criminosas. A Secretaria afirma ainda que essa técnica permite inserir mais um degrau no uso progressivo da força para garantir a ordem.

Segundo Alexandre de Moraes, manifestantes mascarados, com mochila e mala serão revistados. "Nós gravamos as manifestações e vamos continuar com isso para um cruzamento de imagens. As pessoas que chegarem mascaradas, com mochilas e malas serão revistadas. Quem está mascarado, com mochila e mala não está indo se manifestar, não está indo exercer o direito de manifestação. Está procurando baderna, vandalismo.", disse.

A Secretaria de Segurança Pública informou que treze pessoas foram detidas por práticas criminosas. As duas que portavam artefatos explosivos permanecem detidas. Um jovem foi autuado por ato infracional por porte de material explosivo. O adulto responderá pelo mesmo crime e ficará detido, à disposição da Justiça.

"Ontem nós apreendemos dois artefatos, duas bombas. Uma delas tinha entre uma dúzia e vinte pregos de 10 cm. O GATE fez um laudo e isolou uma área para explodir e verificar qual seria o efeito de devastação do artefato. Os pregos foram lançados num raio de 200 metros. Isso não é direito de manifestação. Quem leva isso para a manifestação e quer machucar outros manifestantes. É um criminoso, um bandido. A pena neste caso é de 3 a 6 anos", disse Alexandre de Moraes.

O secretário de Segurança Pública afirmou que a polícia também investiga a ação do grupo black bloc nas manifestações. "Nós temos imagens, dados de internet que mostram que os black bloc constituem uma organização criminosa que quer o vandalismo, depredar, atacar a polícia e não só a polícia. O Passe Livre acoberta os black bloc. As lideranças do Movimento Passe Livre têm ligação com os Black Block e isso também será investigado", disse Moraes.

O MPL afirmou na manhã desta quarta-feira (13) que houve "repressão forte e desnecessária" da Polícia Militar no início do protesto contra o aumento da tarifa do transporte público na noite desta terça-feira (12) na Avenida Paulista com a Rua da Consolação.

Segundo Luize do MPL, cerca de 20 pessoas feridas foram levadas a hospitais. A maioria delas foi encaminhada ao Hospital das Clínicas e alguns à Santa Casa. “Deve ter um número ainda maior de pessoas que não foram aos hospitais”, disse.

Houve dois casos de depredação, com vidros quebrados em uma agência bancária na Consolação e no Instituto Cervantes. A polícia diz ter apreendido duas bombas durante a manifestação.

Veja principais momentos da manifestação, minuto a minuto:

17h: Começa a concentração na Praça do Ciclista
17h40: Homem é detido pela PM por portar uma corrente
18h54: Manifestantes começam a discutir o trajeto
19h07: PM faz cordão de isolamento para grupo não descer pela Rebouças
19h21: PM joga mais de 10 bombas na esquina da Avenida Paulista com a Consolação
19h30: Manifestantes descem ruas da região fazendo barricadas com lixo
19h40: Manifestantes correm pela Rua da Consolação, sentido Centro
20h: Novo confronto em Higienópolis, na região da Rua Sergipe
20h40: Rua da Consolação é liberada sentido Centro
21h08: Tumulto em frente ao Theatro Municipal
21h22: Avenida Paulista é liberada ao trânsito
21h31: Secretário Alexandre de Moraes defende atuação da PM
Jovem ferida durante ato contra aumento do transporte em SP (Foto: Glauco Araújo/G1)Jovem ferida durante ato contra aumento do transporte em SP.
Bombas home (Foto: Reprodução)Bombas lançadas pela PM dispersa manifestantes na Avenida Paulista.
Cordão de isolamento da PM impede manifestantes de seguirem pela Avenida Rebouças (Foto: Marcelo Brandt/G1)Cordão de isolamento da PM impede manifestantes de seguirem pela Avenida Rebouças
Dupla foge de bombas em 2º protesto contra o aumento da tarifa (Foto: Marcelo Brandt/G1)Dupla foge de bombas em 2º protesto contra o aumento da tarifa
PM usa bombas para dispesar protesto contra o aumento da tarifa na Paulista (Foto: Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo)PM usa bombas para dispersar protesto





























































Início e discussão do trajeto.
A concentração começou de forma pacífica por volta das 17h na Praça do Ciclista. Antes do ato, a PM revistou manifestantes e chegou a deter um homem. Perguntados sobre o motivo, os policiais mostraram uma corrente que estaria com ele.

O policiamento foi reforçado no entorno da Praça do Ciclista. Policiais das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) foram deslocados para a região. A Rua da Consolação foi fechada nos dois sentidos e a Avenida Paulista também acabou bloqueada na altura da Praça do Ciclista.

Os manifestantes decidiram seguir em caminhada pela Avenida Rebouças até o Largo da Batata, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. A PM havia sugerido trajeto pela Rua da Consolação até a Praça da República. Quando os manifestantes começaram a andar, os policiais montaram um cordão de isolamento na esquina da Paulista com a Consolação.

Alguns minutos depois, os policiais lançaram bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar os manifestantes e houve muita correria. Em um vídeo gravado em um prédio na região e divulgado no Facebook é possível ver, a partir dos 20 minutos, as bombas lançadas contra os manifestantes.

Grupos tentaram se abrigar dentro dos prédios na região. A entrada da Estação Paulista do Metrô foi fechada. Manifestantes desceram as ruas da região e fizeram barricadas com lixo jogado nas vias.

Policiais cercaram e imobilizaram um manifestante em frente a um estacionamento na Rua da Consolação. Os policiais deram golpes de cassetete no jovem. Os PMs formaram um cordão em volta do detido. Jornalistas e manifestantes se reuniram para acompanhar a ação e a PM lançou gás de pimenta e bombas de efeito moral


Manifestantes decidiram seguir pela Avenida Rebouças até o Largo da Batata, contrariando decisão da PM de seguir pela Rua da Consolação até a Praça da República. (Foto: Editoria Arte/G1)





































Outro ponto de confronto ocorreu por volta das 20h na região de Higienópolis. Policiais voltaram a lançar bombas de efeito moral e manifestantes correram. Às 21h, ao lado do Theatro Municipal, no Centro, houve novo tumulto, com objetos lançados contra os PMs e bombas de gás lacrimogeneo disparadas em direção aos manifestantes.

Mais tarde, um grupo de mascarados tentou invadir a Estação Anhangabaú do Metrô, que estava com as portas fechadas. Jovens chutaram os portões da estação.
Manifestantes fazem barricada com lixo na região da Avenida Paulista. (Foto: Reprodução)Manifestantes fazem barricada com lixo na região da Avenida Paulista.
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manifestante é detido antes de protesto na Paulista (Foto: Marcelo Brandt/G1)
manifestante é detido antes de protesto na Paulista.


Feridos
Pelo menos sete pessoas feridas foram flagradas pelo G1. Entre elas um catador de latinhas; uma mulher com ferimento na barriga; outra com machucado na perna; um vendedor ambulante; um fotógrafo e outros dois manifestantes.

O metroviário Heber Veloso Carlos, de 28 anos, foi um dos feridos. "Eu não estava com bomba nem com nada. É a primeira vez que eu apanho gratuitamente. 28 anos de vida e é a primeira vez que eu apanho gratuitamente. Isso aqui [machucado na cabeça] é cassetete na cabeça. Direto. Caí no chão", contou ao G1.

O jovem Thales Fernando teve um ferimento na cabeça. "Jogaram uma bomba na minha cabeça. A gente estava cantando com nosso coletivo, foi brutal o ataque."


Secretário
Alexandre de Moraes defendeu a atuação da PM. "Todos os grupos avisam previamente para que nós possamos organizar o traçado, retirar as linhas de ônibus, deslocar as linhas, tirar o lixo da rua, as pedras da rua, que podem ser utilizadas como armamento, e novamente o MPL não compareceu às reuniões [para discutir o trajeto]", afirmou em coletiva de imprensa.

"A manifestação quando não for previamente avisada, o traçado será acordado na hora e ele será cumprido. Hoje, a estratégia utilizada pela Secretaria de Segurança Pública vai ser a estratégia usada em todas as manifestações", completou.

Protesto na sexta
Na última sexta-feira (8), o primeiro ato contra o aumento organizado pelo MPL em 2016 terminou em cofronto entre mascarados e policiais militares. Ruas do Centro foram alvo de vandalismo e a PM lançou muitas bombas. Dezessete pessoas foram detidas, mas foram liberadas logo depois. Três PMs ficaram feridos por pedras atiradas no confronto.

A manifestação teve início de forma pacífica na Praça Ramos de Azevedo, junto ao Theatro Municipal, e seguiu por ruas da região. O confronto começou na Avenida 23 de Maio, depois que manifestantes tentaram ocupar ambos os sentidos da via e discutiram com uma pessoa em um carro preto.

Mascarados lançaram coquetéis molotov contra os policiais, que revidaram com bombas de efeito moral. Três bancos, um carro da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), outro da PM e um ônibus foram depredados. Outro tumulto aconteceu na Rua Conselheiro Crispiniano com a Avenida São João, por volta das 20h30. Um morador de rua ateou fogo em uma barricada de lixo feita por manifestantes. A PM interveio e deteve uma pessoa.

Por volta das 20h, manifestantes subiram para a Avenida Paulista e bloquearam o trânsito. PMs chegaram logo em seguida e dispararam bombas de efeito moral. Motoristas que seguiam pelo sentido Consolação acabaram invadindo a ciclovia da avenida para seguir pela outra pista.

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