terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Testemunhas são ouvidas em audiência sobre fraude de licitação.

Operação Voldemort investiga fraude em contratos do Governo do Estado. MP-PR liberou áudios de conversas entre três acusados no esquema.

A Justiça iniciou as audiências com os acusados da Operação Voldemort, que investiga se houve fraude e superfaturamento na contratação de uma oficina mecânica pelo Governo do Estado. Nesta quarta-feira (18), nenhum dos réus foi até o fórum. A Justiça quer ouvir até sexta-feira (20) as testemunhas de defesa e acusação.

Sete testemunhas de acusação estiveram nas audiências. Os policiais que gravaram conversas dos réus com autorização da Justiça foram os primeiros a prestar depoimento.

A RPC teve acesso, com exclusividade, aos áudios dessas conversas. Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), elas mostram como a quadrilha agia.

Em um dos trechos, o então diretor do Departamento de Transportes do Estado, Ernani Delicato, liga para o empresário Paulo Midauar pedindo o contato do mecânico Ismar Ieger. O mecânico é apontado como laranja no esquema.

Delicato: Oi, Paulinho? É Ernani, tudo bem?
Midauar: Oi. Tudo jóia.
Delicato: Você tem o contato do Ismar?
Midauar: O Ismar mecânico? Tenho.
Delicato: Eu preciso do contato dele. Nós vamos fazer um contrato emergencial lá praLondrina. Então preciso [do contato] das empresas.
Midauar: Certo.

De acordo com o MP-PR, Ismar Ieger apresentou três propostas de orçamentos, mas duas delas eram falsas. As empresas afirmam que tiveram os nomes e documentos usados pelo mecânico.

Em um trecho, Ismar Ieger e Ernani Delicato combinam preços e descontos que aProvidence iria oferecer para vencer a disputa.

Ieger: Na proposta, eu montei lá.Se fosse só as três, eu falei para ele que era mais tranquilo, a gente podia montar sem puxar, entendeu?
Delicato: Entendi.
Ieger: Na porcentagem, eu comecei com 12,12 e 32, o que você acha?
Delicato: Fica bom.

Com essa proposta, no fim de 2014, a oficina Providence conseguiu o contrato emergencial. Receberia R$ 1,5 milhão para consertar carros do estado durante seis meses.

A Providence está registrada com o nome de Ismar Ieger, mas o Ministério Público sustenta que o verdadeiro dono da oficina é Luiz Abi Antoun, parente do governador Beto Richa (PSDB).

Em uma ligação para uma companhia telefônica de Londrina, Ismar Ieger usa o nome de Abi para cobrar o conserto de uma linha telefônica.

Ieger: Eu sou sócio do seu Luiz Abi, não queria falar com ele. Queria resolver o mais rápido possível, mas já faz 20 dias.

De acordo com a promotoria, o trecho da ligação reforça a ligação entre eles. Em outro trecho, Luiz Abi liga para Ismar Ieger perguntando sobre as senhas das câmeras de vigilância da oficina.

Luiz Abi: Tá na oficina, ou não?
Ieger: Tô.
Luiz Abi : Qual que é a password [senha em inglês] das câmeras?
Iege r: Não entendi direito.
Luiz Abi: Venha aqui fazendo o favor.

Todos os acusados de envolvimento neste caso chegaram a ser presos, mas atualmente respondem ao processo em liberdade.

Somente na segunda-feira (23) devem ser ouvidos Ismar Ieger, Luiz Abi Antoun e Ernani Delicato.

Os advogados de Ernani Delicato e Luiz Abi Antoun informaram que não vão se manifestar. O advogado que representa Ismar Ieger disse que só vai comentar o caso depois que ele for ouvido. Nós não conseguimos contato com a defesa de Paulo Midauar.

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