segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Após denunciar 'guia de estupro' da UnB, jovem se diz alvo de vingança

Autor teria se passado por estudante e divulgado telefone dele em texto. Nova publicação recomenda violência sexual como 'cura' para feministas.

Texto que incita violência contra feministas da Universidade de Brasília e que foi atribuído em suposta vingança a jovem que o denunciou (Foto: Reprodução)

Depois de denunciar o site que trazia um“guia” de como estuprar mulheres na Universidade de Brasília, o estudante Pedro Seixlack Veloso de Melo se viu vítima de vingança: o responsável passou a usar o nome do jovem de 22 anos na assinatura das novas publicações. O caso é investigado pela Polícia Civil como calúnia. O link chegou a ser retirado do ar, mas o autor conseguiu reabilitá-lo em outro servidor.

O “manual” ganhou repercussão no meio deste mês. Na época, a UnB disse repudiar o conteúdo, “que explicitamente comete crimes de violência sexual, física, psicológica e moral contra a mulher”, e afirmou considerar inadmissível a apologia ao estupro.

Chamado de "Reis do Camarote", o site trouxe nesta quinta-feira (28) um artigo que diz que "homens devem usar o estupro para corrigir feministas" dentro da instituição. O texto recomenda que os interessados frequentem “festinhas de humanas onde está lotado de maconheiros esquerdistas estudantis”, passe cantadas agressivas “na gordona” e abuse-a com violência.
Passos apontados em guia por autor de artigo que incita violência contra feministas da Universidade de Brasília (Foto: Reprodução)
Melo, que fez seis semestres de computação na universidade e atualmente cursa design gráfico em uma instituição particular, descobriu que era apontado como autor do texto depois de receber mensagens no celular. O número dele foi divulgado junto com o “guia”. Três pessoas, afirma, escreveram para elogiar a publicação, e duas para criticá-lo.

“É meio nojento mesmo, é sujo. E fico com medo também, porque não quero estar ligado a essa coisa estúpida. É só uma pessoa fazendo isso, não é possível que ninguém vá encontrar ele, ele está na internet aberta, não é possível que ninguém vá achá-lo.“Tem gente falando que tem corrente contra mim rolando, e me adicionaram em um grupo horrível de WhatsApp. O grupo é um monte de homem falando sobre mulher, falando umas coisas horríveis. Nem li direito. Tinha umas imagens nojentas”, declarou.
Página que incita violência contra feministas na Universidade de Brasília (Foto: Reprodução)


O jovem disse que já chorou por causa da situação e que recebeu da mãe a recomendação de não sair de casa sozinho. O estudante acredita que o provedor tenha repassado para o autor as queixas feitas contra a página: incita violência, é difamatório, viola privacidade e promove atividades ilegais. 

“Não consegui ler o texto todo, não. Li só o começo mesmo e para o policial na hora em que eu estava mostrando para ele. Todas as matérias desse cara são parecidas. Todas as postagens são quase a mesma coisa”, afirma o rapaz.

'Guia definitivo do estupro' e outras postagens
Na publicação anterior, o autor cita cinco passos para se estuprar uma mulher. O primeiro é "faça parte de coletivos sociais". O segundo pede que um "alvo seja selecionado" e o terceiro é a consumação do ato, o estupro. "Passando o pano", diz a quarta etapa, que orienta o autor a negar a violência. O último aconselha a se "divertir vendo o sofrimento e a destruição".

"Lembre-se que estupro tem a ver com violência. Se a vadia quiser fazer sexo consensual, está errado. Ela tem que negar. É por isto que você precisa ser violento. Em um momento sozinho, simplesmente pegue-a a força, tire a porra da roupa dela e a violente", diz um trecho do artigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui