Autor teria se passado por estudante e divulgado telefone dele em texto. Nova publicação recomenda violência sexual como 'cura' para feministas.
Depois de denunciar o site que trazia um“guia” de como estuprar mulheres na Universidade de Brasília, o estudante Pedro Seixlack Veloso de Melo se viu vítima de vingança: o responsável passou a usar o nome do jovem de 22 anos na assinatura das novas publicações. O caso é investigado pela Polícia Civil como calúnia. O link chegou a ser retirado do ar, mas o autor conseguiu reabilitá-lo em outro servidor.
O “manual” ganhou repercussão no meio deste mês. Na época, a UnB disse repudiar o conteúdo, “que explicitamente comete crimes de violência sexual, física, psicológica e moral contra a mulher”, e afirmou considerar inadmissível a apologia ao estupro.
Chamado de "Reis do Camarote", o site trouxe nesta quinta-feira (28) um artigo que diz que "homens devem usar o estupro para corrigir feministas" dentro da instituição. O texto recomenda que os interessados frequentem “festinhas de humanas onde está lotado de maconheiros esquerdistas estudantis”, passe cantadas agressivas “na gordona” e abuse-a com violência.
Melo, que fez seis semestres de computação na universidade e atualmente cursa design gráfico em uma instituição particular, descobriu que era apontado como autor do texto depois de receber mensagens no celular. O número dele foi divulgado junto com o “guia”. Três pessoas, afirma, escreveram para elogiar a publicação, e duas para criticá-lo.
“É meio nojento mesmo, é sujo. E fico com medo também, porque não quero estar ligado a essa coisa estúpida. É só uma pessoa fazendo isso, não é possível que ninguém vá encontrar ele, ele está na internet aberta, não é possível que ninguém vá achá-lo.“Tem gente falando que tem corrente contra mim rolando, e me adicionaram em um grupo horrível de WhatsApp. O grupo é um monte de homem falando sobre mulher, falando umas coisas horríveis. Nem li direito. Tinha umas imagens nojentas”, declarou.
O jovem disse que já chorou por causa da situação e que recebeu da mãe a recomendação de não sair de casa sozinho. O estudante acredita que o provedor tenha repassado para o autor as queixas feitas contra a página: incita violência, é difamatório, viola privacidade e promove atividades ilegais.
“Não consegui ler o texto todo, não. Li só o começo mesmo e para o policial na hora em que eu estava mostrando para ele. Todas as matérias desse cara são parecidas. Todas as postagens são quase a mesma coisa”, afirma o rapaz.
'Guia definitivo do estupro' e outras postagens
Na publicação anterior, o autor cita cinco passos para se estuprar uma mulher. O primeiro é "faça parte de coletivos sociais". O segundo pede que um "alvo seja selecionado" e o terceiro é a consumação do ato, o estupro. "Passando o pano", diz a quarta etapa, que orienta o autor a negar a violência. O último aconselha a se "divertir vendo o sofrimento e a destruição".
"Lembre-se que estupro tem a ver com violência. Se a vadia quiser fazer sexo consensual, está errado. Ela tem que negar. É por isto que você precisa ser violento. Em um momento sozinho, simplesmente pegue-a a força, tire a porra da roupa dela e a violente", diz um trecho do artigo.
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