quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Assange diz que aceita ser preso após decisão da ONU

ONU anunciará se considera prisão de fundador do Wikileaks é arbitrária. Assange está há 3 anos refugiado na embaixada do Equador em Londres.
Julian Assange, durante entrevista na embaixada do Equador em Londres, em 18 de agosto de 20
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O fundador do Wikileaks, o australiano Julian Assange, que vive exilado na embaixada do Equador em Londres desde 2012, garantiu nesta quinta-feira (4) que, se o painel das Nações Unidas (ONU) considerar que a ordem de detenção contra ele não é arbitrária, ele aceitará ser detido pela polícia britânica.

A avaliação da ONU sobre a ação movida por Assange contra o Reino Unido e a Suécia será divulgada na sexta-feira (5). “Se a ONU anunciar amanhã que perdi meu caso contra o Reino Unido e a Suécia, deverei deixar a embaixada (do Equador em Londres) ao meio-dia de sexta-feira para aceitar a detenção por parte da Polícia britânica, já que uma apelação não parece possível", explicou, segundo a agência France Presse.

Mas se, pelo contrário, o painel decidir "que os Estados agiram de maneira ilegal, espero a devolução imediata do meu passaporte e que não ocorram novas tentativas de me prender", acrescentou Assange.

O Equador ofereceu asilo a ele, mas Assange pode ser preso imediatamente se pisar em solo britânico, e durante anos policiais permaneceram mobilizados em frente à embaixada a um custo de milhares de libras, de acordo com a France Presse.O australiano, de 41 anos, completou no dia 19 de junho do ano passado três anos refugiado na embaixada equatoriana em Londres, ao término de um longo processo legal no Reino Unido, que decidiu por sua extradição à Suécia, onde é investigado por crimes sexuais, segundo a agência EFE.

Assange teme que a Suécia o entregue aos Estados Unidos, onde pode ser processado por ter revelado milhares documentos diplomáticos e militares americanos no site WikiLeaks.
Assange fundou o WikiLeaks em 2006, e suas atividades, incluindo a divulgação de 500.000 arquivos militares secretos sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque e 250.000 correspondências diplomáticas enfureceram os Estados Unidos.

A principal fonte dos vazamentos, o soldado do exército americano Chelsea Manning, foi condenado a 35 anos de prisão por violações da Lei de Espionagem.

O WikiLeaks disse que a manipulação feita pela Suécia em seu caso manchou a reputação do país no que diz respeito aos direitos humanos.

Assange apresentou em 2014 ante o Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias (WGAD) uma demanda contra Suécia e Reino Unido, alegando que seu confinamento na embaixada equatoriana (da qual não podia sair porque o Reino Unido lhe negava um salvoconduto) constituía uma detenção ilegal.

Em Quito, o ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, disse na quarta (3) que estava "preocupado" com a saúde de Assange, e afirmou que o ativista sofre com problemas de saúde pelos quais deve se submeter a uma revisão médica fora da embaixada.
O responsável pela diplomacia equatoriana insistiu que espera "somente que o Reino Unido possa oferecer o salvo-conduto" para que Assange possa viajar ao Equador, segundo a EFE.
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Mensagem de assange no twitter do Wikileaks


Na sexta-feira um grupo, integrado por seis especialistas, deve falar se a ordem de prisão contra o fundador do WikiLeaks é legal ou se seus direitos foram violados.

"A única proteção que ele tem... é ficar confinado na embaixada; a única forma que o senhor Assange tem de desfrutar seu direito de asilo é estar na prisão. Esta não é uma escolha juridicamente aceitável", disse a apresentação, de acordo com um arquivo postado no site justice4assange.com.

Qualquer decisão adotada pelo grupo não seria juridicamente vinculante, mas no passado foram reportados casos de pessoas liberadas com base em suas resoluções, incluindo Aung San Suu Kyi, em Mianmar, e o jornalista do Washington Post Jason Rezaian, que foi mantido preso pelo Irã por 18 meses.

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