quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

POLÍTICA INTERNACIONAL: ELEIÇÕES EUA: Sanders e Trump confirmam favoritismo e vencem primárias de New Hampshire

Bernie Sanders comemora após vencer primária em New Hampshire
MANCHESTER, EUA — Descontentes com os políticos tradicionais, os eleitores de New Hampshire deram a vitória ao republicano Donald Trump e ao democrata Bernie Sanders nas primárias presidenciais no estado na terça-feira. Com 90% das urnas apuradas, o senador de Vermont obteve 60% dos votos, contra 39% de Hillary Clinton, um resultado que dá ao socialista impulso essencial enquanto a disputa se volta para os estados mais conservadores do Sul do país. Pelos republicanos, a alta participação nas urnas deu poder a Trump, que levou 35% dos votos, seguido pelo governador de Ohio, John Kasich, com 15%, e o senador do Texas Ted Cruz, com 12%.

— As pessoas de New Hampshire enviaram uma mensagem profunda ao 'establishment' político — disse Bernie Sanders. — Juntos, enviamos um recado que vai ecoar de Wall Street para Washington, que o governo pertence a todas as pessoas".

O outro vencedor da noite parabenizou Sanders e prometeu que o mundo vai voltar a respeitar os Estados Unidos.
Donald Trump discursa após eleição em New Hampshire

Furacão Bernie toma o estado Trump sai das cordas Curiosidades marcam disputa;
Furacão Bernie toma o estado
Sanders saúda eleitores em Concord, New Hampshire - SPENCER PLATT / AFP

Muito à frente de Hillary em todas as pesquisas (algumas o colocavam com mais de 20 pontos de vantagem) para New Hampshire, Bernie Sanders começou na frente no primeiro distrito — de apenas nove moradores de Dixville Notch, perto da fronteira com o Canadá, quatro votaram no pré-candidato, enquanto Hillary Clinton ficou sem votos. Com 89% da apuração final, ele tinha 60% dos votos, contra 38,4% de Hillary.

"Quando ficamos juntos, vencemos. Obrigado!", escreveu o senador, que conquistou vitória em todos os grupos demográficos, no Twitter. Com seu palco cheio de negros — emitindo um sinal indireto para a primária da Carolina do Sul —, Sanders fez um seu discurso e dividiu a vitória com os “milhares de voluntários” de New Hampshire. Ele afirmou que toda vez que há grande participação de eleitores os democratas ganham, convocando os eleitores para a votação de novembro. E aproveitou para atacar os republicanos:

— Não se esqueçam: na última vez que os republicanos ocuparam a Casa Branca nos levaram para a maior depressão desde os anos 1930 — disse ele, se referindo a George W. Bush e a crise global de 2008.

Com uma grande rede de voluntários, o senador apostou no convencimento porta-a-porta. Mais que entregar propaganda nas residências, seus partidários tentavam convencer os indecisos na conversa direta.
Bernie Sanders joga basquete enquanto aguarda hora de fazer discurso da vitória
A campanha de Hillary minimizou a derrota — e o empate técnico no caucus de Iowa — dizendo que se tratam de áreas rurais e de população branca. "Os resultados das próximas primárias mostrarão melhor a diversidade do Partido Democrata e do país", disse em comunicado Robby Mook, chefe da campanha de Hillary.

— A briga que estamos levando para o país é: quem é que pode trazer as melhores mudanças? — ela se questionou em discurso, prometendo ainda mais empenho pelas minorias e seguindo o discurso econômico do rival. — Eu sei como enfrentar e não deixar Wall Street cometer abusos. Nenhum banco é tão grande que não possa falir. Nenhum executivo é tão importante que não possa ser preso.

Sua concorrente, Hillary Clinton, foi atrás dos grandes eventos, lotando ginásios. Com uma estrutura mais profissional — os eleitores precisam passar por controle de segurança igual ao dos aeroportos — seus comícios atraem multidões. Para tentar levar sua mensagem a mais pessoas, vai repetir uma estratégia bem-sucedida em Iowa: seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, fará eventos no estado com a missão de atacar diretamente Sanders. Antecipando uma derrota para o senador em New Hampshire, Hillary — que antes do início das primárias era vista como favorita absoluta à indicação democrata — estuda mudanças em sua equipe de campanha e na estratégia para manter a liderança.

— Faremos uma avaliação, mas será a mesma campanha — afirmou. — Tenho muita confiança nas pessoas que me cercam, e elas estão muito comprometidas para fazer o melhor que puderem.

Trump sai das cordas
Trump acompanha votação da população de Manchester

Com os resultados em volta dos 89%, a vitória de Trump já era anunciada pelos maiores veículos de comunicação do país. Ele mantinha ao menos 35,1% da escolha do eleitorado republicano. O segundo lugar foi de John Kasich (15,9%), seguido por Jeb Bush e Ted Cruz (disputando em torno dos 11%) e Marco Rubio (10,6%).

A vantagem de Trump nas pesquisas gerou novos bate-bocas, principalmente entre o líder e Jeb Bush, ex-governador da Flórida, que, em uma forte reação, acusou o bilionário de ser “um perdedor, mentiroso e chorão”. Trump usou o último dia para discursar sobre a crise do vício de heroína que ocorre no estado — defendendo que seu muro contra imigrantes na fronteira com o México ajudaria a controlar o tráfico — e prometer uma “América forte” com mais investimentos nas Forças Armadas.

A campanha de Bush chamou a atenção por suas placas vermelhas espalhadas por todo estado, em número muito superior ao dos demais republicanos, mostrando a prioridade que o irmão e filho de ex-presidentes deu à disputa local e o dinheiro que está aplicando nesta empreitada.

Para atrair os moderados, Kasich, governador de Ohio, repetiu a tradicional fórmula do contato direto. Nestes eventos, em vez de reforçar as posições radicais dos partidos, ele buscou o centro, de olho nos 44% dos eleitores do estado que se classificam como independentes. Deu certo: ficou em segundo. Outro moderado, Chris Christie, não teve a mesma sorte. Nas pesquisas, o governador de Nova Jersey não passou do sexto lugar.

No caso dos demais candidatos, havia mais placas nas casas dos apoiadores que em locais públicos. De extrema-direita, Ted Cruz, que venceu em Iowa, dedica a fase final de sua campanha ao Norte do estado, mais rural e conservador que o Centro-Sul, sob influência de Massachusetts. Ele admitiu não ter pretensões de vencer a disputa em New Hampshire, assim como o neurocirurgião Ben Carson, que não chegou a 3%.
John Kasich apareceu com força entre setores republicanos moderados

Curiosidades marcam disputa
Porco interrompeu votação em distrito do estado

Emblema sem autorização: Líder nas pesquisas em New Hampshire, Bernie Sanders despertou a ira dos veteranos das Forças Armadas ao usar o emblema da Legião Americana em seu material de campanha. A organização militar acionou seus advogados e ameaçou levar o caso à Justiça caso Sanders não altere sua propaganda.

Suíno nas urnas: Um porco de mais de 270 quilos atrapalhou as votações em Pelham, no Sul do estado. O animal rondou um centro de votação e só foi retirado depois que a polícia local conseguiu encontrar seu dono, que o levou de volta a sua fazenda.

Fox News já tem vencedor: Na manhã de ontem, o site da rede de TV Fox News apresentou resultados das votações que ainda estavam em andamento. O incidente, rapidamente corrigido e apontado como “um erro durante os testes”, mostrava uma vitória de Donald Trump na corrida republicana com 83.176 votos (28%) e 14 delegados.

Na mira do FBI: O FBI confirmou que o uso de servidores privados de e-mail por Hillary Clinton durante seu período como secretária de Estado está sendo investigado. O Partido Republicano aposta na questão para reverter a popularidade de Hillary e desacreditar sua candidatura.

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