sábado, 6 de fevereiro de 2016

Viradouro é destaque na primeira noite de desfiles da Série A


RIO - A sorte está lançada. Começou nesta sexta-feira a maratona de desfiles que levará para a avenida o sonho de carnaval de 26 escolas de samba (12 no Grupo Especial e 14 na Série A) que farão a festa da Marquês de Sapucaí. O grande destaque da primeira noite de desfile da Série A foi a Viradouro, que empolgou o público e é uma das favoritas ao título.

IMPÉRIO DA TIJUCA

Encerrando a primeira noite de desfiles da Série A, o Império da Tijuca apostou na popularidade do ator, diretor e crítico José Wilker. O enredo era "O tempo ruge, a Sapucai é grande e o Império aplaude o Felomenal".

Desenvolvido pelo carnavalesco Júnior Pernambucano, o carnaval relembrou grandes personagens vividos pelo ator, como Vadinho, de "Dona Flor e seus dois maridos", e Giovanni Improta, da novela "Senhora do Destino".

Durante o discurso na concentração, o presidente da agremiação, Antônio Marcos Teles, conhecido como Tê, mencionou a superação das escolas de samba para este carnaval:

- Com toda a dificuldade que o mundo do samba passou com a crise financeira, todos são heróis. E não vai ser diferente com o Império da Tijuca. Vamos cantar!
Encerrando a primeira noite de desfiles da Série A, o Império da Tijuca aposta na popularidade do ator, diretor e crítico José Wilker. O enredo é "O tempo ruge, a Sapucai é grande e o Império aplaude o Felomenal"- Guilherme Ramalho

O Império da Tijuca conquistou a Série A pela última vez em 2013, com o enredo "Negra, pérola mulher". No ano seguinte, disputou o Grupo Especial com "Batuk", mas foi novamente rebaixada.

A agremiação também desfilou na elite da folia carioca entre 1984 e 1987, e em 1996.

RENASCER DE JACAREPAGUÁ

Sexta escola a desfilar, a Renascer de Jacarepaguá entrou na Sapucaí jogando saquinhos de São Cosme e Damião para o público do setor 1. A vermelha e branca trouxe neste ano o enredo “Ibejís - Nas brincadeiras de criança: os orixás que viraram santos no Brasil”. A escola apostou no lado lúdico para contar a história dos dois santos.

A comissão de frente relembrava brincadeiras de criança, assim como algumas alas, que simbolizavam, por exemplo, a amarelinha. No meio da coreografia, dois integrantes trocam de roupa e se transformam nos santos.

- Nossa escola, com muito sacrifício, chegou lá. Vamos mostrar nossa superação. O samba é leve, é solto e para frente - destacou o presidente Antonio Carlos Salomão.

O carnavalesco Jorge Caribé, conhecido por usar a criatividade na decoração de alegorias, usou doces e saquinhos de São Cosme e Damião para montar a estrutura do segundo carro.
Comissão de frente da Renascer de Jacarepaguá - Guilherme Ramalho

Em 2011, a escola foi campeã da Série A, mas no ano seguinte foi rebaixada.

UNIDOS DO VIRADOURO

A Unidos do Viradouro mal entrou na Sapucaí e já levantou o público do Setor 1. Com o enredo "O Alabe de Jerusalém: a saga de Ogundana", a escola é uma das favoritas ao título.

- A expectativa é a melhor possível. Contratamos pessoas do especial. Temos um bom samba e apostamos na emoção - disse o presidente da Viradouro, o compositor Gustavo Clarão.
Levantando o público no Setor 1, a Unidos do Viradouro começa seu desfile neste momento com o enredo "O Alabe de Jerusalém: a saga de Ogundana" - Guilherme Ramalho

A agremiação contou com nomes experientes na equipe de carnaval. O enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Max Lopes, supercampeão em 1984 pela Estação Primeira de Mangueira. O mago das cores, como é conhecido, conquistou outros títulos, como o de 1989 pela Imperatriz Leopoldinense.

Longe do carnaval desde 2013, o mestre de bateria Paulinho Botelho, com passagens pela Beija-Flor e Vila Isabel, entre outros, assumiu a bateria da escola de Niterói.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marquinhos e Giovanna, também tem uma longa trajetória no carnaval. Revelados na Mangueira, possuem passagem também pela Unidos da Tijuca.

A Viradouro foi campeã do Grupo Especial em 1997 com o enredo "Treva! Luz! A explosão do universo". Foram 20 carnavais no Especial, de 1991 até 2010. A agremiação voltou a elite do carnaval no ano passado, mas foi novamente rebaixada.

ACADÊMICOS DE SANTA CRUZ

A Acadêmicos de Santa Cruz, quarta escola a desfilar pela Série A, entrou na Avenida alertando sobre a preservação do meio ambiente. Com o enredo "Diz mata! Digo verde. A natureza veste a incerteza. E o amanhã?", a agremiação da Zona Oeste investiu em fantasias exuberantes, destacando a fauna e a flora brasileiras. Assim como a Acadêmicos da Rocinha, a Santa Cruz levou 56 minutos para cruzar o Sambódromo e será penalizada. O tempo máximo permitido é 55 minutos.

Bandeirinhas da escola foram distribuídas para o público, enquanto os 260 ritmistas, sob o comando do mestre de bateria Riquinho, faziam o aquecimento antes de começar o desfile.
Acadêmicos de Santa Cruz é a 4ª escola da Série A a desfilar - Gulherme Ramalho

-Nossa ideia é passar informação. Temos que parar de destruir o planeta. É algo que estamos vivendo hoje. Todo mundo viu o que aconteceu em Mariana. Nas nossas próprias fantasias também usamos materiais recicláveis - alertou o presidente Moysés Antônio Coutinho Filho (Zezo).

A última passagem da Santa Cruz no Grupo Especial foi em 2003, quando amargou a 14ª colocação com o enredo "Do Universo Teatral à Ribalta do Carnaval".

PORTO DA PEDRA

Terceira escola da noite, a Porto da Pedra iniciou o desfile com as luzes do abre-alas apagadas no momento que o carro cruzou a linha de inicio da Sapucaí. Cantando a história do palhaço Carequinha, que teria completado 100 anos em 2015, o Tigre de São Gonçalo trouxe o enredo "Palhaço Carequinha: paixão e orgulho de São Gonçalo! Tá certo ou não tá?". A escola levantou o público do Setor 1.
Porto da Pedra faz homenagem ao palhaço Carequinha - Renan Rodrigues

Para o carnavalesco Jaime Cesário, a missão da escola era divertir o público, como sempre fez o homenageado:

- A gente quer divertir. Ver o povo feliz, dando gargalhada. Essa é a nossa missão, é carnaval. Vamos fazer uma homenagem a ele!

Baiana da escola há 20 anos, Selma Regina, de 59 anos, apostou que o enredo iria resgatar a autoestima da escola:

- Esse enredo está dez. A escola vai brigar. Estou muito empolgada - disse a moradora de São Gonçalo.

A agremiação, rebaixada do grupo especial em 2012, busca resgatar os bons tempos. A escola ficou durante 11 carnavais no Grupo Especial, entre 2002 e 2012. A Porto da Pedra esteve pela primeira vez no Grupo Especial em 1996.

ALEGRIA DA ZONA SUL

Segunda escola a desfilar, a Alegria da Zona Sul levou para a Avenida um enredo sobre “Ogum”, orixá das batalhas e da metalurgia. Um dos carros da agremiação ficou preso antes de entrar na Sapucaí, o que provocou um buraco na escola. A Alegria da Zona Sul decidiu tirar o destaque principal do carro.

A agremiação das comunidades Cantagalo e Pavão-Pavãozinho veio com quatro alegorias. No abre-alas, o orixá apareceu imponente.
Alegria da Zona Sul é a segunda escola da Série A a atravessar a Sapucaí - Guilherme Ramalho

Vice-presidente de carnaval da escola, Marcelo Oscar Nasser destacou os movimentos e a iluminação nos carros:

- O desfile é focado em emoção. Somos uma escola que não está entre as favoritas, mas vamos para cima, trazendo uma versão bem carismática da cultura afro. Todos os carros foram trabalhados com o pessoal de Parintins. Investimos muito na iluminação.

A Alegria da Zona Sul nunca esteve no Grupo Especial. No ano passado, por pouco não foi rebaixada para a Série B, ficando na 13° colocação. Na ocasião, caíram a Unidos de Bangu (14ª) e a Em Cima da Hora (15ª).

ACADÊMICOS DA ROCINHA

Com Sapucaí vazia e ainda fria, a Acadêmicos da Rocinha abriu a primeira noite de desfiles da Série A, com o enredo “Nova Roma é Brasil, Brasil é Rocinha”, baseado em uma obra do antropólogo Darcy Ribeiro. Para mostrar a miscigenação do brasileiro em três vertentes — sangue, suor e sexo — a escola levou 56 minutos, um a mais que o máximo permitido pelo regulamento da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj). A agremiação será punida.

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