quarta-feira, 16 de março de 2016

Com Lula no governo Dilma, dólar mantém alta e vai a R$ 3,821

Mercado repercute também rumor de saída de Tombini; Bolsa cai 0,68%
SÃO PAULO - A ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil do governo Dilma Rousseff mantém o dólar em trajetória de alta nesta quarta-feira. Às 12h04, a moeda americana era negociada a R$ 3,819 na compra e a R$ 3,821 na venda, valorização de 1,51% ante o real. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registra queda de 0,68%, aos 46.808 pontos. Já os rumores da saída do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, pressionam as taxas de juros no mercado futuro.

Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, lembra que desde a terça-feira os agentes do mercado financeiro já tinham colocado no preço dos ativos brasileiros a alta possibilidade de Lula aceitar o convite de Dilma - no pregão anterior, o dólar subiu 3,07% e a Bolsa caiu 3,56%. Por essa razão, após a confirmação do ex-presidente como ministro, que ocorreu por volta das 11h40, não houve grande pressão adicional sobre os mercados.

— O mercado respondeu mal a essa notícia, mas não renovou as mínimas. Desde ontem isso já era esperado. Agora, o mais importante é saber qual a política econômica que será adotada. , além de outros desdobramentos políticos, como o apoio ou não do PMDB e um processo de impeachment. Ainda há muita incerteza — disse.

Antes dessa confirmação, o dólar chegou a atingir a máxima de R$ 3,854, alta de 2,39%, e a mínima do Ibovespa foi uma queda de 1,29%.

O movimento de fortalecimento do dólar é global, com os investidores esperando a reunião do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o bc americano), na tarde desta quarta-feira, e a entrevista com a presidente da instituição, Janet Yellen. Essa alta no exterior, no entanto, ocorre em menor intensidade. O “dollar index”, calculado pela Bloomberg, registra variação positiva de 0,28%. 

A indefinição sobre a presença de Lula no governo Dilma fez também surgir o rumor de que Tombini pode deixar o cargo, o que teve impacto no mercado de juros da BM&FBovespa. A maior pressão de alta ocorre sobre os contratos mais longos. Os DIs com vencimento em janeiro de 2020, que fecharam ontem a 14,60%, chegaram a 14,93% e agora são negociados a 14,73%. Já os de janeiro do ano que vem, que fecharam a 13,885%, são agora negociados a 13,825%.

— Os juros estão operando em cima do cenário político. Não há influência dos indicadores econômicos. Há uma preocupação sobre a ida ou não de Lula para o governo Dilma e os rumores da saída de Tombini. O mercado nunca gostou do Tombini, mas ele sempre foi coerente em alguns pontos, como o não uso das reservas internacionais — disse Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos.

PETROBRAS PASSA A SUBIR

Na Bolsa, a queda do Ibovespa foi amenizada pelo desempenho das ações da Petrobras, que passaram a subir, acompanhando a melhora do preço do petróleo no mercado internacional.

Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) da estatal registram alta de 4,23%, cotados a R$ 6,89, e os ordinários (ONs, com direito a voto) avançam 6,39%, a R$ 9,48. Essa queda ocorre apesar da alta do petróleo no exterior - o barril do tipo Brent sobe 3,05%, a US$ 39,92 o barril.

No caso das ações preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco, os recuos são de, respectivamente, 4,65% e 5,03%. Os papéis do Banco do Brasil têm valorização de 1,31%.

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