quinta-feira, 17 de março de 2016

Dilma Rousseff anda de bicicleta no DF horas antes de dar posse a Lula

Cerimônia ocorre no Planalto; nomeação gerou protestos pelo país.
Câmara elege nesta quinta comissão que analisará pedido de impeachment. 
Pessoa sacode bandeira do Brasil diante de barreira policial em frente ao Congresso Nacional, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff andou de bicicleta na manhã desta quinta-feira (17) em Brasília, horas antes da cerimônia de posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. Também nesta quinta, a Câmara dos Deputados elege a comissão especial que analisará o pedido de impeachment da presidente.

Acompanhada por três seguranças, a presidente pedalou em meio ao trânsito. Os passeios de bicicleta da presidente começaram no fim de maio. Ela geralmente sai acompanhada de seguranças e vestida de calça, blusa, casaco e tênis próprios para atividades físicas e utiliza capacete e óculos escuros.

Nesta quarta, após o anúncio de Lula como ministro, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, retirou o sigilo sobre ligações do ex-presidente Lulainterceptadas com autorização judicial e grupos protestaram em Brasília e em 18 estados. Em um desses telefonemas, Lula recebeu uma ligação da presidente Dilma na qual ela disse que enviará a ele o termo de posse para que ele só usasse “em caso de necessidade”.

Para a oposição, o diálogo derruba a versão da presidente de que Lula iria para o ministério com o objetivo de fortalecer o governo e ajudar na recomposição da base de apoio do Palácio do Planalto no Congresso. No entendimento de líderes oposicionistas, fica claro que Lula aceitou a nomeação a fim de ter foro privilegiado e passar a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e não mais por Sérgio Moro.

Os advogados de Lula classificaram a divulgação da conversa de “arbitrariedade”. O governo, por meio de nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, disse que o juiz violou a lei, além de fazer algo considerado pelo Planalto uma "afronta" aos direitos e garantias da Presidência da República e uma "flagrante violação da lei e da Constituição da República".

Lula vinha sofrendo pressão por parte de aliados para que assumisse um cargo no governo. Interlocutores dele e do governo avaliavam que, com o andamento das investigações da operação Lava Jato, ele passaria a ter o chamado foro privilegiado, podendo ser investigado e julgado somente pelo Supremo Tribunal Federal.

Além disso, a avaliação de aliados era que, como ministro, Lula poderia atuar como um articulador político do Planalto, ajudando na interlocução com o Congresso Nacional, movimentos sociais e partidos, e na elaboração de propostas para o país superar a crise econômica. Essas pressões sobre ele se intensificaram nas últimas semanas, após a Polícia Federal deflagrar a 24ª fase da Operação Lava Jato, da qual Lula foi o alvo principal.

No último dia 4, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente, na sede do Instituo Lula e levou o petista a prestar depoimento. Além disso, o Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva de Lula por suspeita de que ele omitiu às autoridades ser o proprietário de um sítio em Atibaia (SP) e de um apartamento triplex em Guarujá (SP), o que a defesa também nega.

'Poderes necessários'
Após a confirmação oficial de que Lula assumiria a Casa Civil, a presidente Dilma convocou a imprensa para uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto. Perguntada sobre se ele teria “superpoderes” como ministro, Dilma afirmou que ele terá os poderes “necessários” para ajudar o governo.

Dilma também refutou a tese de que convidou Lula para o governo para ele se “esconder” do juiz Sérgio Moro e, ao falar sobre o atual cenário econômico, disse que o novo chefe da Casa Civil tem “compromisso” com a estabilidade fiscal, a retomada do crescimento e o controle da inflação. 

Manifestações contra o governo da presidente e à nomeação do ex-presidente Lula como chefe da Casa Civil aconteceram nesta quarta-feira (16) em ao menos 18 estados do país (AC, AL, AM, BA, CE, ES, GO, MT, MS, MG, PA, PR, PE, RJ, RO, RS, SC, SP) e no Distrito Federal.

Os protestos foram pacíficos, com poucos incidentes isolados. Grande parte dos manifestantes vestiu verde e amarelo e levou cartazes contra Lula, o governo federal e o PT. Houve registros de 'panelaços' e 'buzinaços' em várias cidades do país.

Manifestante ergue cartaz em protesto contra a nomeação do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil, em frente ao Palácio do Planalto (Foto: Eraldo Peres/AP)Manifestante ergue cartaz em protesto contra a nomeação do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil, em frente ao Palácio do Planalto.

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