terça-feira, 29 de março de 2016

Em baixa com Dunga, Thiago Silva segue quase unanimidade na Europa


Thiago Silva Brasil x Croácia Copa do Mundo (Foto: Marcos Ribolli)Thiago Silva na última Copa do Mundo: de capitão a excluído em menos de dois anos (Foto: Marcos Ribolli)


Técnica x emoção: constante na seleção do mundo da Fifa, zagueiro mantém bons números no PSG, mas busca recuperar confiança do técnico após falhas de liderança. O ato do jornal italiano "Corriere dello Sport" de apontar Thiago Silva como melhor zagueiro da história da seleção brasileira é apenas mais uma demonstração de que o jogador segue com moral elevada na Europa, principalmente nos países que estão no seu currículo, Itália (Milan) e França (PSG). Mas o defensor não conta com o mesmo prestígio com Dunga, por isso ficou fora das últimas convocações. Se Thiago vai tão bem no futebol europeu, onde estão os melhores campeonatos do mundo, o que falta para ele voltar a ser chamado pelo técnico da Seleção?

A explicação para a ausência do zagueiro não passa pela técnica. A dele é acima da média e fica ainda mais em evidência quando falham Miranda e David Luiz, os atuais titulares, como aconteceu no empate frustrante com o Uruguai pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, na semana passada. O problema de Thiago, na visão de Dunga e de muitos outros, é emocional.

Desde os tempos de Fluminense, onde era chamado de "Monstro", Thiago Silva é conhecido pela técnica, claro, mas também pela segurança e pela liderança. Com carreira sólida, chegou à Copa do Mundo no Brasil como capitão da seleção brasileira. Mas esses atributos passaram a ser questionados justamente na reta final da competição, quando chorou antes da disputa de pênaltis contra o Chile, pelas oitavas de final, e inclusive pediu a Luiz Felipe Scolari para ser a última opção de cobrador de todo o time, atrás até do goleiro Julio Cesar, por não se sentir confiante. Atitude mal vista para um capitão. Mais à frente, com Thiago suspenso por acúmulo de cartões amarelos, o Brasil levou a histórica goleada de 7 a 1 da Alemanha na semifinal da Copa em casa. O zagueiro já disse certa vez que a eliminação não foi culpa dele pelo fato de não ter jogado esse duelo. Mas os acontecimentos do torneio acabaram causando certa depressão no então capitão, como já admitiu em entrevista. 


O presidente (do PSG) me deu muitos conselhos. Ele me disse: “Você é o melhor zagueiro do mundo, mas deve continuar trabalhando”. Eu respondi: “Presidente, trabalho sempre, mas na minha cabeça... Não sei o que está acontecendo, tem algum problema” - disse ao "Canal +".

Após o fiasco na Copa do Mundo, a CBF trocou o comando: saiu Felipão, voltou Dunga. E o início de Thiago sob o novo comando também não foi dos mais tranquilos. Primeiro, reclamou de não ter sido comunicado da perda da braçadeira de capitão para Neymar. Depois, falhou em momento importante ao cometer pênalti infantil que permitiu o empate do Paraguai e a vitória rival nos pênaltis nas quartas de final da Copa América de 2015. Recebeu mais críticas, algumas de nomes expressivos, como Romário.

- Acabou para ele, o trem deixou a estação. Ele demonstrou que não tem personalidade suficiente para vestir a camisa do Brasil. Se eu fosse treinador, não o convocaria. Eu não estou questionando sua qualidade como jogador. Eu só quero saber da sua força psicológica. A esse respeito, ele falhou - disse o "Baixinho" ao jornal francês "L'Equipe".

Ao passo que está em baixa com Dunga, Thiago Silva vem se mantendo em alta na Europa. É titular absoluto do Paris Saint-Germain e foi escolhido para a seleção do mundo da Fifa nos três últimos anos (2013, 14 e 15). Os prêmios fortaleceram o desejo de retornar à Seleção.

- É um momento diferente, de eu olhar para mim e falar se tenho ou não condição para estar na seleção brasileira. A partir do momento em que eu achar que não tenho mais condições, vou ser o primeiro a pedir para não ser convocado. Até então, estou trabalhando para voltar e esse prêmio é uma prova disso - disse ele na Festa de Gala em janeiro deste ano.

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