terça-feira, 29 de março de 2016

Governo tem estratégia para enfrentar desembarque do PMDB

O governo decidiu aguardar a palavra oficial do PMDB sobre o desembarque do governo, o que está previsto para a tarde desta terça-feira, para definir o caminho a seguir. "Não vamos atirar a primeira pedra", disse um auxiliar da presidente Dilma Rousseff para argumentar que o governo não iria se antecipar e demitir os ministros indicados pelo partido. Está claro, contudo, que as estratégias são distintas para a Câmara e Senado.

A ideia inicial do governo é manter os ministros que representam a bancada no Senado: Eduardo Braga, no ministério de Minas e Energia; Hélder Barbalho, nos Portos e Kátia Abreu, na Agricultura, esta na cota pessoal da presidente. Já os ministros que representam a Câmara devem ser substituídos - ou quando entregarem os cargos ou por iniciativa da presidente Dilma: Marcelo Castro, na Saúde; Celso Pansera, no Ministério de Ciência e Tecnologia; e Mauro Lopes, na Aviação Civil, além Henrique Eduardo Alves, que já entrou com o pedido de demissão do Ministério do Turismo.

"O PP tem 49 deputados e apenas um ministério; já o PMDB tem 69 deputados e sete ministérios - comentou um auxiliar da presidente, indicando que a ideia do governo é montar sua base a partir de fragmentos dos partidos que hoje apoiam oficialmente o governo, mas estão divididos. "É possível fazer um governo de minoria, com algo como 210 a 230 deputados", disse um ministro, calculando que a soma de partes dos partidos pode totalizar esta bancada aliada.

"Se não é possível termos partidos, podemos ter pedaços", disse um auxiliar, apontando que o governo poderá se valer dos cargos hoje ocupados por peemedebistas indicados pela bancada na Câmara para atender outras legendas.

Em reunião no Palácio da Alvorada, foi avaliada a possibilidade de desembarque do PMDB do governo. O ex-presidente Lula tem sido o maior defensor da investida do governo para manter o partido na base, mas outros já reconhecem que isso é impossível em relação à bancada na Câmara. Foi lembrado até que Jaques Wagner, integrante do núcleo do governo, passou pela mesma situação - o desembarque do PMDB em seu governo na Bahia - , mas rearticulou a base e foi reeleito.

A missão a que se impôs o governo, agora, é a de segurar os outros partidos da base, os chamados partidos médios, com a promessa de que eles serão aquinhoados com cargos que hoje estão ocupados por indicação do PMDB. É assim que o governo espera barrar o pedido de impeachment na Câmara - coisa considerada muito difícil pelos próprios aliados.

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