quinta-feira, 21 de abril de 2016

Advogado de Mantega diz que conclusões da PF não têm ‘base empírica’

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega
Polícia Federal indica que anotação em celular de Marcelo Odebrecht associaria ex-ministro ao pagamento de R$ 25 milhões. 

O advogado do ex-ministro Guido Mantega, José Roberto Batochio, disse não reconhecer a sigla “GM” como uma menção a seu cliente em anotações do celular de Marcelo Odebrecht, apesar de o número do ex-ministro estar registrado ao lado da sigla. Segundo a mulher do marqueteiro João Santana, Monica Moura, a Odebrecht pagou R$ 4 milhões em dinheiro para a campanha de Dilma em 2014, não registrados nas contas oficiais de campanha. O valor correspoderia à parte dos R$ 10 milhões que o casal recebeu fora da contabilidade oficial, após indicação de Guido Mantega, que, segundo ela, intermediou pagamento de caixa dois.

— Pode ser tantas coisas, não faltam nomes para indicar essas iniciais. Este é apenas um relatório de análise de dois investigadores que tiram suas conclusões sem base empírica — disse.

O coordenador jurídico da campanha de Dilma Rousseff, Flávio Caetano, negou ter havido caixa 2 na campanha pela reeleição da presidente e também que Mantega tenha solicitado a empresários valores para campanha. Ele escreveu repudiar “com veemência" o que chamou de “vazamento seletivo" de tratativas de acordo de delação. “Não há sequer acordo de colaboração premiada, inexistindo, portanto, em âmbito jurídico, qualquer acusação", escreveu.

O advogado disse que os pagamentos feitos e declarados às empresas do casal Santana totalizam quase R$ 70 milhões e foram “em decorrência dos serviços profissionais prestados à campanha eleitoral Dilma/Temer". Para ele, “este valor, por si só, demonstra que o pagamento feito ao publicitário se deu de forma legal e transparente". Segundo ele, pagamentos a prestadores de serviços foram determinados “exclusivamente” por Edinho Silva.

“Reafirmamos que na campanha presidencial Dilma/Temer todas as despesas foram devida e regularmente contabilizadas e aprovadas pelo TSE, em julgamento unânime’’, escreveu.

Representantes de outras campanhas tocadas por Santana e citadas por Monica como beneficiárias de recursos de caixa 2 também negaram a prática.

“Contribuições e os pagamentos dos contratos firmados na campanha do prefeito Fernando Haddad, em 2012, foram devidamente apontadas na prestação de contas aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral", escreveu em nota o tesoureiro da campanha Chico Macena atual secretário municipal de Governo de São Paulo.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) negou ter recebido recursos irregulares em sua campanha à prefeitura, em 2008. "Desconheço esse assunto. Todas as despesas estão contabilizadas na minha prestação de contas. Nunca tratei com ela e nem com nenhum fornecedor sobre despesas de campanha. Grande parte da arrecadação de minha campanha foi feita via direção nacional do PT", disse. A senadora afirmou "lamentar" ter que responder a "vazamentos seletivos", que disse "sequer saber se é verdadeiro".

Tesoureiro das campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2010, José de Filippi Jr. não quis se manifestar. “Afirmo que não comentarei boatos ou supostas falas da senhora Monica Moura", escreveu, por e-mail. A senadora Marta Suplicy, que teve campanha produzida por Santana em 2008, não se manifestou.

Monica está junto com Santana desde 1998. Casaram-se em 1999 e ficaram sócios na Polis Propaganda em 2002. No perfil biográfico "João Santana, um marqueteiro no poder", o jornalista Luiz Maklouf Carvalho escreveu que ela sempre atuou em nome de Santana para tarefas práticas, como contatos com a imprensa, advogados, clientes, fornecedores, questões de logística e até problemas com filhos. "Adoro cuidar do João", disse Monica no livro. "Ele é completamente inapto para coisas práticas", completou.

Em depoimento à PF depois de ser preso, em fevereiro deste ano, João Santana confirmou aos delegados: "Monica Moura sempre cuidou da área administrativa e financeira das atividades do casal". Ele não quis fazer delação premiada.

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