Presidente Dilma cancelou participação em evento neste sábado
Ao comparar as últimas negociações em busca de votos com a “bolsa de valores”, devido ao “sobe e desce” do placar do impeachment, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou a ofensiva contra o vice, Michel Temer, e chamou o PMDB para concorrer “nas urnas” em 2018. Com a voz rouca e aparência abatida, Lula participou de um evento, neste sábado, no acampamento montado em Brasília por movimentos sociais e sindicais que apoiam o mandato da presidente Dilma Rousseff. Dilma iria ao ato, organizado às vésperas da votação do impeachment na Câmara, mas cancelou a agenda no início da manhã. Ela mudou de ideia sobre sua presença por avaliar que seria melhor permanecer na residência oficial, o Palácio da Alvorada, recebendo parlamentares numa tentativa de conseguir apoios de última hora, mas também pesou a o risco de que a imagem dela com esses movimentos pudesse prejudicá-la junto a alguns setores do Parlamento.
No evento, Lula afirmou que o impeachment “é uma guerra” e que ele trabalha “24 horas por dia” para garantir metade dos 513 votos da Câmara, uma vez que os deputados mudam de lado facilmente:
— Parece a bolsa de valores, tem hora que o cara está com a gente, tem hora que não está mais. E você tem que conversar 24 horas por dia.
Lula lembrou o suicídio de Getúlio Vargas e o exílio de João Goulart para afirmar que “a elite brasileira” parece não gostar da democracia, ressaltando, porém, que o governo Dilma resistirá:
— Precisamos dizer que, primeiro, não vamos nos matar, nós gostamos da vida. E não vamos nos exilar.
Ao atacar Temer, Lula disse que o PMDB, sendo um partido grande, pode concorrer à presidência, mas só em 2018:
— Se o seu Temer quer ser candidato, que não seja através do golpe — disse o ex-presidente.
Por que tentar encurtar o mandato da presidente Dilma se ela não cometeu crime de responsabilidade?
Lula criticou os “coxinhas”, elogiou os militantes por estarem em condições “nem sempre adequadas” no acampamento, fazendo a própria comida e longe do conforto de um hotel, e destacou que as manifestações devem ocorrer de forma pacífica, sem que os movimentos aceitem “provocações”.
Depois do evento, representantes de movimentos que estão acampados contra o impeachment falaram com a imprensa. Questionado sobre a comparação feita por Lula das negociações em busca de votos com a bolsa de valores, Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, afirmou que “foi uma metáfora a partir das variações de votos dos deputados”.
Boulos criticou a condução do processo pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o apoio de Temer, que vem, segundo ele, comportando-se como “cabo eleitoral de si mesmo”:
— Há um rolo compressor comandado por Eduardo Cunha e alguém que foi eleito como companheiro de chapa da presidente da República e que vem atuando de forma vergonhosa como cabo eleitoral de si mesmo.
No evento, antes de Lula, discursou a secretária de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, que leu uma mensagem da presidente Dilma à militância. Nos mesmos termos do vídeo divulgado, Dilma pediu apoio para uma “reunificação nacional” e disse que a democracia vencerá.
— Amanhã (domingo) não estará em jogo apenas o mandato de uma presidente eleita., a primeira mulher eleita e reeleita no Brasil. O que estará em jogo é o respeito às urnas, fundamento dos países democráticos — leu Menicucci.
E continuou:
— Somente o respeito à ordem democrática pode assegurar a reunificação nacional. Por isso, dirijo-me a cada um para pedir que continuem defendendo a democracia.
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