segunda-feira, 11 de abril de 2016

Política e exterior fazem dólar cair abaixo dos R$ 3,50

Essa é a menor cotação desde final de agosto; Bolsa sobe 0,44%
Em um ambiente de maior otimismo externo e interno, o dólar comercial perde força nesta segunda-feira e renova as mínimas do ano, indo abaixo dos R$ 3,50. A moeda americana, às 15h11, era negociada a R$ 3,509 na compra e a R$ 3,511 na venda, recuo de 2,39%. Na mínima, chegou a R$ 3,498, o menor valor registrado em 2016. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registra leve alta de 0,44%, aos 50.515 pontos.

A divisa está sendo negociada no patamar do final de agosto do ano passado. A minima de R$ 3,498 (recuo de 2,83%) foi atingida por volta das 15h e é a menor cotação desde os R$ 3,46 de 21 de agosto de 2015. Nem mesmo a atuação do Banco Central (BC) conseguiu conter esse movimento. A autoridade monetária realizou dois leilões de swaps cambiais reversos, contratos que equivalem a compra de moeda no mercado futuro. Dos 32.300 mil contratos ofertados, foram vendidos apenas 7.700, o que equivale a cerca de US$ 635 milhões.

No câmbio turismo, no início da tarde, a divisa era vendida em papel moeda no Rio por até R$ 3,63, já incluindo o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 0,38%. No cartão pré-pago, sobre o qual incide uma alíquota de 6,38% de IOF, o preço final era de R$ 3,81.

Do ponto de vista interno, contribuem para a queda acentuada do dólar a expectativa da aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O relatório na comissão especial será votado nesta segunda-feira e a votação em plenário deve ter início na sexta-feira.

— A questão política faz com que o real tenha um movimento de valorização mais acentuado que outras moedas de emergentes. Há o processo de impeachment em andamento e o julgamento da cassação da chapa da presidente Dilma pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A expectativa é que ela não terminará o mandato — avaliou Bernard Gonin, analista da Rio Gestão Investimentos.

Grande parte dos agentes dos mercados financeiros são contrários ao atual governo e preferem uma mudança. Com essa expectativa, os ativos brasileiros acabam se fortalecendo. No entanto, Gonin lembrou que esse movimento também é sustentado pelo maior otimismo no exterior.

As commodities estão mais fortes com uma posição mais acomodatícia dos bancos centrais. O Federal Reserve (Fed, o bc americano) deixou claro que vai subir juros em um nível abaixo do que o mercado esperava. Isso tudo aumenta o apetite por risco em ativos emergentes — completou.

O “dollar index”, calculado pela Bloomberg, tem queda de 0,33%, com o dólar perdendo força ante as moedas de países emergentes e produtos de commodities.

PETROBRAS E VALE EM ALTA

A recuperação do preço das commodities fazem com que Petrobras e Vale operam em terreno positivo, contribuindo para a alta do Ibovespa. No entanto, Luciano Rostagno, estrategista chefe do Mizuho Bank, lembra que o Ibovespa já subiu muito nas últimas semanas, o que torna difícil ganhos expressivos mesmo em pregões em que o otimismo é maior.

— Há um otimismo com a possibilidade de impeachment, mas o Ibovespa já subiu bastante neste ano e fica difícil repetir o ritmo recente. Os 50 mil acabam sendo um pouco uma barreira — avaliou.

As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras têm alta de 2,66%, cotadas a R$ 8,48, e as ordinárias (ONs, com direito a voto) estão estáveis, a R$ 10,49. O petróleo no mercado internacional é negociado com ganho de 2,17%, a US$ 42,85 o barril.

No caso da Vale, a alta é de 4,92% nas preferenciais e de 5,60% nas ordinárias. Na China, o preço do minério de ferrou subiu 4,79%, a US$ 56,62 a tonelada no porto de Qingdao.

As ações da BM&F Bovespa e da Cetip, que anunciaram a fusão na sexta-feira, passaram a operar em queda, com recuos de, respectivamente, 0,50% e 0,64%.

Os principais índices do mercado acionário na Europa e Estados Unidos também opera em alta. O Dow Jones tem alta de 0,22% e o S&P 500 sobe 0,26%. O DAX, de Frankfurt, fechou em alta de 0,63%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, subiu 0,22%. Em Londres, o FTSE 100 fechou praticamente estável, com leve desvalorização de 0,07%.

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