sábado, 28 de maio de 2016

Advogada de vítima de estupro vai pedir saída de delegado do caso

Delegado Alessandro Thiers é titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI)
Delegado Alessandro Thiers é titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática
A advogada da jovem de 16 anos, vítima de estupro coletivo na Zona Oeste do Rio, disse que vai pedir a saída do delegado Alessandro Thiers — titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) — do caso. Segundo Eloisa Samy Santiago, o delegado estaria criminalizando a vítima:

— Ele está criminalizando e culpabilizando a vítima. Uma das perguntas que fez ontem, e que fiquei absolutamente estarrecida e indignada, foi se a vítima tinha por hábito fazer sexo em grupo. Isso para uma vítima de estupro coletivo. Encerrei o depoimento.

Eloisa disse ainda que vai fazer contato com a Promotoria da Infância e Juventude:

— Espero que isso chegue às autoridades máximas do estado. Quando você tem o próprio delegado criminalizando e culpabilizando a vítima, você entende por que tantas mulheres deixam de levar ao conhecimento das autoridades as denúncias sobre abuso sexual e violência. Isso é um exemplo perfeito e acabado. Mesmo com toda a atenção da mídia e com repercussão internacional do caso.
Lucas Pedroso (de boné) e Raí de Souza prestaram depoimento na noite desta sexta-feira e negaram o estuproLucas Pedroso (de boné) e Raí de Souza prestaram depoimento na noite desta sexta-feira e negaram o estupro

A advogada também negou a versão de Lucas Pedroso Duarte Santos, de 20 anos, e de Raí de Souza, de 22 anos, apresentada na noite desta sexta-feira. Segundo o depoimento deles, os dois saíram de um baile funk na madrugada do último dia 21 e foram com a menina e uma amiga, de 18 anos, para uma casa abandonada da comunidade. Lá, segundo os suspeitos, Lucas fez sexo com a amiga, e Raí com a vítima. Na versão dos dois, tudo foi consensual e ninguém teria consumido drogas.

— É óbvio que ele vai dizer que não houve estupro. Isso é tese defensiva. Será que precisaria um vídeo mostrando a cena do estupro em si para alguém dizer que seria estupro? Aparecem 30 homens falando durante o vídeo e dizendo o que estava acontecendo. Ainda assim não foi estupro? Para variar, a palavra da vítima não conta — acrescentou a advogada da menor.

Confira a nota na íntegra, da Polícia Civil:

"A Polícia Civil esclarece que a investigação do caso tem sido feita de forma integrada pelas duas delegacias especializadas – Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) e Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) - para realizar apuração do crime.

A investigação é conduzida de forma técnica e imparcial, na busca da verdade dos fatos, para reunir provas do crime e identificar os agressores, os culpados pelo crime.

A DRCI informou que durante a oitiva da vítima ela confirmou que sofreu o estupro e, lhe foi perguntado se tinha conhecimento que havia um outro vídeo sendo divulgado em mídias sociais em que ela apareceria mantendo relações sexuais com homens, conforme relato de uma testemunha. A vítima informou que desconhece o vídeo e que não é verdadeiro. A mãe da vítima acompanhou todo o depoimento, sendo que, em determinado momento, houve discordância entre a advogada e o desejo da mãe da vítima. Por esta razão a oitiva da mãe foi feita sem a presença da advogada.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), atendendo a convite da Polícia Civil, vai designar representante para acompanhar a investigação.
A investigação continua em andamento".

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