quarta-feira, 11 de maio de 2016

Cidade da Baixada vai construir barreiras nos limites com outros municípios para diminuir roubos

Barreiras de concreto serão instaladas até o próximo dia 20
“Minha ideia é transformar Nilópolis em um condomínio fechado”. A declaração é do prefeito da cidade da Baixada Fluminense, Alessandro Calazans (PMDB), que anunciou nesta terça-feira a construção de barreiras de concreto em três pontos do município: Ponte Azul, no limite com o Rio; Ponte Inácio Serra, no limite com Mesquita; e Ponte Canadense, no limite com São João de Meriti. O objetivo é impedir passagens de carros nesses locais e, assim, tentar coibir os roubos de veículos nessas regiões. As áreas — todas pontes sobre rios que ligam Nilópolis a essas cidades — são próximas às entradas das comunidades Chapadão e Chatuba, dominadas pelo tráfico de drogas. As barricadas de concreto serão instaladas até o dia 20.

— Fechar ponte é contramão do que se diz integração entre sociedades. Mas não sou governador do estado, sou prefeito de Nilópolis. Minha população está sofrendo com bandidos vindos de outros municípios. Do Chapadão e da Chatuba — afirmou Calazans. De acordo com números do Instituto de Segurança Pública, a região do 20º BPM (Mesquita), que cuida também de Nova Iguaçu e de Nilópolis, registrou um aumento de quase 30% nos roubos de veículos de janeiro a março de 2016, se comparado com o mesmo período do ano passado.

E quem mora nos locais onde a prefeitura vai instalar as barreiras garante viver constantemente com medo. Na Ponte Inácio Serra, no bairro Nossa Senhora de Fátima, que faz divisa com a Chatuba, moradores temem falar, mas mostram marcas da violência cravadas em muros e postes. De noite, isso aqui é terrível. É um vai e vem de homens armados. Parece terra sem lei mesmo. Ou melhor: a terra é deles — afirmou uma senhora, sem se identificar.

Morador de Anchieta, bairro carioca vizinho a Nilópolis que acabará sendo impactado pela medida, Valdir Brum, de 43 anos, afirma:

— Não sou contra, mas acho que a prefeitura precisa entrar com outros benefícios nessas regiões. Construir escolas, posto de saúde...

Já o taxista Everaldo Junior não sabe qual será a reação dos passageiros com as mudanças:

— Não sei como os passageiros vão reagir com essas mudanças. Talvez não gostem, porque teremos que dar mais voltas. Mas espero que diminua a violência. Outras opiniões

— Graças a Deus vão acabar com essa bandidagem de lá para cá. A gente não aguenta mais. É sair na rua e dar de cara com alguém armado — disse um morador da Ponte Azul.

— Meu pai teve o carro roubado três vezes em um ano em Nilópolis — exemplificou a médica Flávia Rico

Nilópolis tem, desde 2014, uma central de monitoramento com 62 câmeras espalhadas pela cidade. As imagens são gravadas 24h e ajudam a PM com as ocorrências. Nos três pontos escolhidos para instalar as barreiras, existe a vigilância digital. Serão elas que ajudarão no combate em uma possível mudança de rota dos criminosos.

— Tenho certeza de que 100% dos roubos de carros de Nilópolis são praticados por bandidos de fora. Vamos cercar e acompanhar de perto a mancha migratória deles. Ou seja, se vão usar outras rotas de entrada — afirmou Felipe Cavalcanti, ex-secretário municipal de Segurança Pública e idealizador do projeto.

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