terça-feira, 31 de maio de 2016

Ex-tesoureiro do PP diz que marcava reuniões sobre fraudes na Petrobras

Genu foi tesoureiro do PP e assessor do ex-deputado José Janene (PP-PR) (Foto: Reprodução)Genu foi tesoureiro do PP e assessor do ex-deputado José Janene (PP-PR)
João Cláudio Genu foi preso na 29ª fase da Operação Lava Jato.
Investigadores consideram prisão de Genu estratégia. O ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu, preso na 29ª fase da Operação Lava Jato, afirmou em depoimento a Polícia Federal (PF) que marcava reuniões entre o ex-deputado José Janene (PP-PR), o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e empreiteiros. Segundo ele, a pauta era assuntos ligados a licitações da estatal.

“Era tratado todo o tipo de conteúdo que agora vem sendo revelado aí (...). Dizia que vai ter tal obra e que tal obra vai ser para tal empresa”, citou. Neste momento do depoimento, Genu afirmou que o assunto é mais extenso e pede para falar sobre o tema em outra oitiva.

Genu afirmou também que o esquema de corrupção e desvio de dinheiro da Petrobras, com a participação de Paulo Roberto Costa, surgiu a partir do plano de investimento da estatal. “Foi quando eles foram fazer as refinarias, reformar as refinarias. Foi aí que veio essa 'barafusa'”.

A 29ª fase foi deflagrada em 23 de maio e prendeu Genu preventivamente. Para a força-tarefa da Lava Jato, a prisão é estratégica porque, na avaliação dos investigadores, mostra que o esquema descoberto da Petrobras é uma continuidade do mensalão do PT.

Ele foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão em 2012. Após recurso, em março de 2014, Genu foi absolvido do crime de lavagem de dinheiro. Ele também tinha sido denunciado por corrupção passiva, mas a pena para o crime prescreveu.

Na Lava Jato, Genu seria o responsável, de acordo com as investigações, por receber a propina de contratos firmados no setor de Abastecimento da estatal – quando Paulo Roberto Costa era o diretor – e distribuir o dinheiro.

Genu também foi assessor do ex-deputado José Janene (PP-PR), considerado um dos mentores das irregulares da Petrobras.

Para a operação, quando Janene morreu, em 2010, Genu assumiu o papel do ex-deputado.

Em depoimento, Genu confirmou as suspeitas da investigação de que Janene tinha envolvimento no esquema descoberto na petrolífera e que o ex-deputado distribuía pessoalmente propina para políticos. “O Alberto [doleiro Alberto Yousef] captava, recolhia, entregava para ele e ele distribuía”. 

Segundo Genu, está função era exercida por Janene e não por ele. “Eu nunca entreguei”, afirmou.

Genu relatou ainda que levava papeis, pedidos, documentos e manuscritos para Paulo Roberto Costa no Rio de Janeiro. “Ele [Janene] manuscrevia e eu levava. Ele não fala por telefone. Não devem ter grampeado ele. Só fala abobrinha por telefone”.

Ele falou que existem coisas pontuais que a força-tarefa da Lava Jato desconhece e demonstrou intenção de colaborar. Citou que pretende esclarecer alguns pontos em depoimentos futuros e que pode ser chamado a qualquer momento.

Genu declarou que a partir de 2007, após o mandato de Janene, continuou a trabalhar com o ex-deputado. Ele contou que Janene pediu para que ele continuasse o ajudando em virtude do problema de saúde que tinha. Em troca o ex-deputado pagaria todas as despesas de Genu.

“Quando juntava as coisas ele me mandava dinheiro eu pagava. Eu sempre tinha dinheiro dele na minha mão, dinheiro vivo. O que o Janene me pagava por mês: entre R$ 50 mil e R$ 100 mil todo mês, nunca menos que isso”.

Reuniões
Genu afirmou que era responsável pela organização de reuniões entre Janene, Paulo Roberto Costa e empreiteiros. Ele relatou que alugava o hotel, a sala, pegava o Janene no aeroporto e esperava o Paulo Roberto, por exemplo. Genu disse que não acompanhava o conteúdo das reuniões, entretanto relatou que sabia que o assunto era a Petrobras.

Questionando pelo delegado federal, Genu afirma que, em 2003, Janene e o ex-deputado Pedro Correia – também preso pela Lava Jato – já trabalhavam pela indicação para a Diretoria de Abastecimento da Petrobrás. Ele também não exemplifica com quem ocorria esta negociação.

Genu declarou que não tem conhecimento se havia alguma espécie de pagamento de propina a partir de contratos da Petrobras antes da nomeação de Paulo Roberto Costa porque nunca havia trabalhado com o PP antes.

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