sábado, 28 de maio de 2016

Mulheres fazem apitaço contra violência e casos estupros no AM

Apitaço teve início em frente à Delegacia da Mulher (Foto: Jamile Alves/G1 AM)Apitaço reuniu manifestantes contra violência de gênero
Protesto ocorreu na manhã deste sábado (28), em Manaus.
Ato reforçou repúdio contra naturalização dos crimes contra a mulher.

Dezenas de mulheres se reuniram neste sábado (28) para um apitaço contra a cultura do estupro, no bairro Eldorado, Zona Centro-Sul de Manaus. O protesto ocorreu em resposta ao suposto estupro de uma jovem de 16 anos, violentada por 33 homens no Rio de Janeiro, nesta semana. De acordo com as manifestantes, o protesto teve, entre outros objetivos, a proposta de dar visibilidade aos casos e incentivar as denúncias contra os agressores.

Cerca de 60 manifestantes tomaram os semáforos da rotatório do Eldorado durante a manhã. Por volta de 8h30, o grupo se reuniu para um apitaço em frente à Delegacia da Mulher. Com palavras de ordem, elas seguravam faixas que chamavam atenção para a tentativa, ainda que inconsciente, de responsabilizar a vítima pelo crime.

O movimento foi organizado pela Ordem dos Advogados do Amazonas (OAB-AM). Segundo a vice-presidente da Ordem no estado, Adriana Lo Prestis, o protesto ocorreu como forma de repudiar os últimos acontecimentos no país.

"Soubemos das denúncias dos crimes e sabemos que eles ainda vão ser apurados pela Justiça. Mas isso não é um fato isolado, isso acontece no Rio de Janeiro, aqui em Manaus e em todo o Brasil", disse.

Nesta semana, os debates sobre a violência contra a mulher tomaram as redes sociais. Uma das polêmicas foi o uso massivo do termo "cultura do estupro", que diz respeito a naturalização do assédio e, consequentemente, da desigualdade entre homens e mulheres. Para Prestis, a expressão narra, de fato, parte do cotidiano feminino.

"É o que realmente acontece. Se a mulher usa batom vermelho, então ela não é decente. Se ela está com uma saia muito curta ou está com o corpo muito à mostra, ela pediu para ser estuprada. Isso é o que chamamos de cultura do estupro e é contra isso que lutamos", afirmou.

Durante o apitaço, mulheres distribuíram materiais para incentivar as denúncias. Alguns motoristas que passavam pelo grupo buzinaram para mostrar apoio à causa, como Andressa Mendes, de 22 anos. "A gente sempre se sente insegura na rua. Muitos homens não nos respeitam, não respeitam nem as crianças. Eu acho muito importante uma manifestação dessas", contou.
Ação contou com entrega de materiais educativos sobre o tema (Foto: Jamile Alves/G1 AM)
Ação contou com entrega de materiais educativos sobre o tema


A assistente social Fabíola Franklin, que passava pelo Eldorado no momento do protesto, também apoiou a causa e disse estar indignada. "É um absurdo. Esse paternanlismo tem que acabar. A gente tem que ver que as mulheres estão evoluindo e coisas desse tipo não podem mais acontecer e serem naturalizadas. O que as mulheres precisam fazer agora é se unir para ter voz", completou.

De acordo com a Presidente da Comissão das Mulheres Advogadas, Maria Gláucia Barbosa, a mobilização é uma extensão da campanha "A ordem é quebrar o silêncio", da OAB-AM. "Esses crimes ainda são muito alarmantes. A voz da sociedade é muito importante para fortalecer as políticas públicas e para dizer a essas vítimas que não se calem", disse.

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