quinta-feira, 12 de maio de 2016

Mulheres se acorrentam no Planalto em ato contra afastamento de Dilma

Mulheres se acorrentam em grades de contenção em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, após a presidente afastada Dilma Rousseff deixar o local (Foto: Gabriel Luiz/G1)Mulheres se acorrentam em grades de contenção em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, após a presidente afastada Dilma Rousseff deixar o local

Elas seguravam cartazes e entoavam gritos de 'resistência contra o golpe'. Havia 28 mulheres no local; PM e seguranças não intervieram no protesto. Mulheres se acorrentaram às grades de contenção instaladas no Palácio do Planalto no início da tarde desta quinta-feira (12) em protesto contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Elas seguravam faixas e cartazes, além de letras, que juntas formavam a mensagem “resistência contra o golpe”. O grupo disse não ter previsão para deixar o local.

O ato aconteceu pouco depois de Dilma discursar junto a apoiadores e deixar o palácio. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve a nomeação como ministro da Casa Civil barrada pelo Supremo Tribunal Federal, acompanhou a presidente afastada no contato com os manifestantes. Havia 28 mulheres no local. A maioria usava roupas vermelhas. Elas recebiam água e protetor solar de outros manifestantes. Indígenas, turistas e representantes de movimentos sociais também estavam no local.

O grupo gritava “caraca, a mulherada chegou forte. Está mobilizada, para barrar o golpe”. "Vamos ficar aqui até nos tirarem daqui. Vai ser difícil nos tirar", afirmou uma manifestante que não quis se identificar. As manifestantes também cantavam "mulheres na rua, a luta continua". Policiais militares e seguranças do Palácio do Planalto acompanharam o protesto sem fazer intervenções.

A militante Juliana de Sousa criticou o processo de impeachment. "Não ter mulher no governo é mais um motivo para nós estarmos aqui. Eles não estão comprometidos com os direitos das mulheres. Nós vamos resistir porque não é um golpe contra presidente dilma, é um golpe contra todas as mulheres e a democracia." Ela também disse que, no governo de Dilma, houve a construção de uma "política de enfrentamento" a violências contra mulheres. Ela afirma ter medo de que essas conquistas sejam perdidas durante o tempo em que Michel Temer estiver como presidente da República em exercício. A deputada Moema Gramacho (PT-BA) esteve no local para prestar apoio às mulheres. "Nós vamos lutar nas ruas e no parlamento. Nós vamos tentar convencer deputados e senadores que não estão envolvidos na Lava Jato, porque os que estão na Lava Jato fizeram um pacto com [o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo] Cunha, e ele prometeu o céu para eles, prometeu livrá-los da Lava Jato."

"As mulheres se sentiram empoderadas com Dilma na presidência. Dilma foi tirada à força, e elas serão retiradas à força daqui. O [Michel] Temer está entrando no Palácio pela força e vai governar pela força contra o povo", completou. Afastamento da presidência

O pronunciamento da presidente afastada durou 14 minutos e ocorreu pouco depois de ela ser notificada pelo primeiro-secretário do Senado, Vicentinho Alves (PR-TO). Dilma classificou a decisão como "a maior das brutalidades que pode ser cometida contra um ser humano: puní-lo por um crime que não cometeu".

Ela voltou a chamar o processo de impeachment de “golpe” e afirmou que não praticou nenhum crime. Também disse que o que “está em jogo” é o “respeito às urnas” e acrescentou que tentam “tomar à força” o seu mandato, que, segundo ela, é alvo de “sabotagem”.

A Polícia Militar montou estruturas metálicas para delimitar o acesso à rampa do Palácio do Planalto. De acordo com a corporação, havia cerca de 4 mil manifestantes do lado externo do palácio por volta das 12h30.

Houve um pequeno conflito no local entre apoiadores da petista e seguranças do Palácio do Planalto: os manifestantes retiraram as grades para facilitar o acesso de mais pessoas, mas foram repreendidos. A estrutura chegou a cair, mas foi recolocada no local.

A sessão do Senado que votou pelo afastamento de Dilma, que ocorre por até 180 dias, durou 21 horas. A medida foi aprovada com 55 votos a favor e 22 contra. Com a decisão, o vice Michel Temer passou a ser o presidente em exercício.

Logo após Temer ser notificado da decisão, a assessoria do vice-presidente anunciou os nomes dos ministros que integrarão o ministério do novo governo. Entre eles estão Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda, Romero Jucá no Ministério do Planejamento, Eliseu Padilha na Casa Civil e Geddel Vieira Lima na Secretaria de Governo.

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