quarta-feira, 15 de junho de 2016

CCJ vira a última trincheira de Eduardo Cunha contra cassação

Aliados conseguem trocar dois titulares da CCJ que votariam contra Cunha.

Sai de cena o Conselho de Ética, entra a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que será palco dos próximos embates entre aliados do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e os que querem vê-lo cassado. Na terça-feira, os aliados de Cunha conseguiram trocar dois titulares do órgão que iriam votar contra o peemedebista.

Até terça, uma consulta enviada à CCJ pelo presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), e relatada por Arthur Lira (PP-AL), aliado de Cunha, sugeria sanções alternativas ao presidente afastado, como a possibilidade de se votar em plenário um projeto de resolução em vez do relatório elaborado pelo Conselho de Ética. Com a decisão do Conselho, porém, integrantes da CCJ e o próprio presidente do órgão admitem que ela “perde o sentido”.

CUNHA DECIDE QUE RECORRERÁ Caso seja aprovado pela comissão, o único ponto da consulta que ainda pode beneficiar Cunha é o que autoriza apresentar emendas ao projeto para que a pena seja flexibilizada. Mas, nas conversas nos corredores do Congresso, parlamentares comentavam na terça-feira que defensores ferrenhos de Cunha tendem a sair de cena e evitar exposição, o que deve enfraquecê-lo na CCJ.

Como já anunciado pelo presidente afastado, ele vai recorrer da decisão de terça-feira, o que é feito diretamente à CCJ. Uma das preocupações de seus adversários é que haja manobras para trocar mais titulares — já foram quatro — e tentem postergar o andamento do processo. Aliados do presidente afastado, no entanto, admitem que, ainda que tentem, o vento está soprando “com muita força” em desfavor de Cunha:

— Acabou para ele. A CCJ é pior, é muito mais gente (66 membros). É mais fácil mudar deputado, mas mais difícil de ganhar também. O (Osmar) Serraglio vai ser correto com o Eduardo, vai botar um relator aliado, mas chega uma hora que não tem mais o que fazer. E chegou essa hora — disse uma pessoa próxima a Cunha.

Presidente da CCJ, nomeado com o aval de Cunha, Osmar Serraglio (PMDB-PR) disse ao GLOBO que dará celeridade ao julgamento do recurso:

— A hora que chegar na minha comissão (o recurso), vou ter que botar para votar, o recurso vai trancar a pauta. Não vai haver delongas na CCJ — disse Serraglio.





Em tom cauteloso, admitiu que, com a decisão do Conselho, a consulta feita por Maranhão se enfraquece:

— A razão de ser da consulta era assegurar uma pena menor. Agora, esse efeito não existe mais, chegou no teto.

Na terça-feira, depois de partidos desistirem de obstruir a sessão, que aconteceu simultaneamente com a do Conselho, Arthur Lira leu relatório da consulta feita à CCJ, mas deputados pediram vista coletiva, adiando a votação.

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