terça-feira, 21 de junho de 2016

Cunha descarta renúncia, delação e cita ameaças por ter aberto impeachment

Presidente afastado da Câmara fala pela primeira vez à imprensa desde seu afastamento.

Nem delação premiada, nem renúncia. Em quase duas horas de pronunciamento, em que lia pontos de uma defesa jurídica e política, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), frustrou aliados que esperavam um ato de renúncia ao cargo por entender que suas chances de ser absolvido no plenário da Casa são quase nulas. Ao invés disso, Cunha mostrou disposição de partir para uma nova batalha, na Comissão de Constituição e Justiça, para impedir que o pedido de cassação aprovado pelo Conselho de Ética, chegue ao plenário.

— Não trabalho nem com a possibilidade de o pedido de cassação ir ao plenário da Casa — disse Cunha, ressaltando que a representação será anulada na CCJ.

Ele declarou que espera reassumir o cargo. Cunha cobrou do Supremo Tribunal Federal (STF) um posicionamento sobre seu afastamento do cargo e do mandato, que segundo ele, estaria vinculado ao julgamento no conselho.

Na coletiva, Cunha afirmou que seu mandato termina apenas em fevereiro de 2017.

— Eu vou sair em algum momento, mas meu mandato vai até fevereiro de 2017. Espero reassumir o cargo bem antes disso — disse Cunha, ao deixar o auditório de um hotel em Brasília que alugou para retomar o contato com a imprensa.


— Mais uma vez Eduardo Cunha mente para se fazer de vítima. Ocorreram encontros para tratar da relação do Executivo com o Legislativo e da pauta de votações. Nunca houve oferecimento de apoio do PT a Cunha, nem nunca haverá - rebateu Wagner.No pronunciamento, Cunha acusou o ex-ministro da Casa Civil, o petista Jacques Wagner, de ter tentado barganhar votos do PT, no Conselho de Ética, para impedir que Cunha encaminhasse o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Casa. Segundo Cunha, em três conversas, uma delas no Jaburu, Jacques fez a oferta. O presidente afastado também afirmou que Wagner disse que teria controle sobre o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), baiano como ele.

Acusado de ser "controlado" pelo ex-ministro Jaques Wagner, Araújo ), disse nesta terça-feira que "ninguém tem controle sobre ele".

— Ninguém tem controle sobre mim, só eu mesmo. Não posso controlar o que o ministro fala, mas com certeza ele não tinha total controle sobre mim. Tenho boa relação com ele, tinha muito contato com ele quando era governador e pouco como ministro. Ele não teria qualquer controle sobre mim no Conselho de Ética - rebateu o presidente do Conselho de Ética.

Na coletiva, indagado sobre porque não denunciou a tentativa de venda de votos do PT à época, Cunha rechaçou a palavra venda e afirmou que não considerou a proposta factível. Mas disse ter testemunhas e que pode provar que houve a conversa neste sentido.

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