terça-feira, 28 de junho de 2016

Dólar cai a R$ 3,304, menor valor em 11 meses, com fala de Ilan e exterior

Após US$ 3,64 trilhões de perdas com o Brexit, mercados têm dia de correção.

Depois de a onda de pessimismo com o Brexit ter levado as Bolsas do mundo todo a perderem de US$ 3,64 trilhões em dois pregões, os mercados têm nesta terça-feira um dia de correção de preços e expectativa sobre possível ação conjunta de bancos centrais para fortalecer o sistema financeiro. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o índice de referência Ibovespa avança 2,05%, aos 50.253 pontos. No câmbio, o dólar comercial opera em queda de 2,53% contra o real, a R$ 3,309 para a venda, acompanhando a tendência global e reagindo à fala do novo presidente do Banco Central (BC) se comprometendo a trazer a inflação para o centro da meta em 2017. Na mínima, atingiu R$ 3,304, menor valor durante uma sessão desde 23 de julho de 2015.


— O mercado está acompanhando a tendência global, que tem pregão de recuperação. Existe uma expectativa de que haja injeção de liquidez por parte dos bancos centrais, mas o movimento de hoje parece ser mesmo de correção de preços. Enquanto o mercado não entender melhor as implicações do Brexit, vamos vivenciar um período de grande volatilidade — afirmou Ricardo Zeno, sócio-diretor da AZ Investimentos.Na Europa, onde alguns índices acumularam desvalorização superior a 10% desde sexta-feira, quando o Reino Unido decidiu abandonar a União Europeia (UE), as Bolsas sobem todas mais de 2%. O índice de referência do continente, o Euro Stoxx 50, tem valorização de 3,02%, enquanto a Bolsa de Londres avança 2,86%. Em Paris, a alta é de 3,03%, e em Frankfurt, de 2,75%. Em Wall Street, o Dow Jones sobe 1,21%, e o S&P 500 sobe 1,08%. A Nasdaq tem alta de 1,75%.

O dólar aprofundou a baixa depois da fala do novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, que disse que o BC fará o que for preciso para alcançar o centro da meta no ano que vem. Ele classificou a meta de de “ambiciosa e crível ao mesmo tempo”.

— Temos condições de atingir o centro da meta em 2017. Muito se falou em metas ajustadas. Já nao parece ser esse caso o momento — observou Goldfajn.

Para Paulo Gomes, economista-chefe da Azimut, a postura de Goldfajn é uma sinalização positiva para o fluxo de investimento para o Brasil no futuro, e por isso o dólar cai.

— Ele sinalizou que o objetivo de trazer a inflação para o centro da meta em 2017 é crível, deixando em aberto a possibilidade de os juros ficarem mais altos por mais tempo. Isso significa mais fluxo de investimento para Brasil, já que nosso diferencial de juros na comparação com outros mercados permanecerá alto. Sobretudo depois de o Brexit, que deve fazer com que os EUA posterguem a elevação dos seus juros — explicou.

No mercado de juros, os investidores já repercutiam pela manhã o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta terça-feira pelo BC. A interpretação dos analistas é que, ao afirmar que “decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5%” no fim do ano que vem, o BC indicou que está longe de reduzir a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 14,25% ao ano.

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