sexta-feira, 10 de junho de 2016

Janot nega que PGR tenha vazado pedidos de prisão da cúpula do PMDB

PGR disse que se esforçará para 'descobrir e punir' quem fez o vazamento.
Ministério Público pediu prisão de Renan, Sarney, Cunha e Romero Jucá. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, negou nesta sexta-feira (10), "peremptoriamente", estar por trás dos vazamentos dos pedidos de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).


Em encontro com procuradores eleitorais em Brasília, o chefe do Ministério Público afirmou que empregará todos os esforços à disposição para "descobrir e punir" quem cometeu o vazamento, que ele classificou de "crime".

Os pedidos de prisão, apresentados pela Procuradoria Geral da República na semana passada ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),vieram à tona na última terça-feira (7) por meio de reportagens do jornal "O Globo" e da TV Globo.

“Afirmo, senhores, peremptoriamente. O vazamento não foi da PGR. Aliás, envidarei todos os esforços que estiverem ao meu alcance para descobrir e punir quem cometeu esse crime. Como hipótese investigativa inicial, vale a pergunta: A quem esse vazamento beneficiou? Ao Ministério Público não foi”, afirmou o procurador-geral.

Ele disse ser uma “ideia estapafúrdia” e um “absurdo” supor que a divulgação dos pedidos de prisão poderia pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a decidir sobre as prisões. Em sua fala, também defendeu a atuação imparcial do Ministério Público, afirmando não ter “transgressores preferidos”.

“Da esquerda à direita; do anônimo às mais poderosas autoridades, ninguém, ninguém mesmo, estará acima da lei, no que depender do Ministério Público”, ressaltou no discurso.

Em discurso a procuradores eleitorais nesta sexta-feira, em Brasília, Janot também rebateu críticas à sua atuação no combate à corrupção e disse que não será candidato a cargos eletivos no Executivo ou Legilslativo.

Os pedidos de prisão foram apresentados há cerca de três semanas, e sua revelação, no início desta semana, causou desconforto entre ministros do STF e no próprio Congresso. O ministro Gilmar Mendes classificou o caso como “abuso de autoridade claro”.

“Não se pode brincar com esse tipo de coisa. ‘Ah, é processo oculto’, pede-se sigilo, mas divulga-se para a imprensa que tem um processo aqui, um inquérito, isso é algo grave. Não se pode cometer esse tipo de… isso é uma brincadeira com o Supremo”, afirmou o ministro.

No Senado e na Câmara, diversos parlamentares questionaram o fato de políticos do PT, também suspeitos de tentar atrapalhar a Operação Lava Jato, ainda não terem contra si pedidos de prisão. Entre esses, estariam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Aloizio Mercadante, também gravados em conversas sobre o caso.

“Jamais permiti que preferências pessoais ou partidárias se homiziassem nas atividades profissionais. Guardei zelosamente o princípio de sabedoria popular que tenho sempre repetido: “pau que bate em Chico bate em Francisco”. Aos mesmos fatos, as mesmas regras”, rebateu Janot durante seu discurso nesta sexta.

O procurador também disse que nunca ter esperado que seu trabalho fosse “incólume a críticas”, mas disse que há “leviandade e aleivosias, mentiras e calúnias”. “Elas não causam mais do que perturbação temporária no caminho a seguir”.

“Busca-se com tais diversionismos mudar o foco da opinião pública, confundir a sociedade e garantir a tranquilidade daqueles que, sem cerimônia, avançam vorazes sobre o patrimônio que deveria servir ao progresso do país e ao bem-estar do povo”, afirmou.

Ao final, disse que não tem papel de “justiceiro” e que “jamais” permitiu que preferências pessoais ou partidárias interferissem em suas atividades.

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