quinta-feira, 9 de junho de 2016

Pela 7ª vez seguida, BC mantém juro em 14,25%, maior taxa em 10 anos

Copom Maio 2016 (Foto: Editoria de Arte/G1)
Reunião do Copom foi a última sob o comando de Alexandre Tombini.

Decisão do BC confirmou previsão dos economistas do mercado financeiro. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reuniu nesta quarta-feira (8) e decidiu manter, mais uma vez, os juros básicos da economia em 14,25% ao ano - o maior em quase dez anos.

Essa foi a sétima reunião seguida em que o Copom manteve estável a Selic, após uma série de altas que foi interrompida em setembro do ano passado. A decisão confirmou a expectativa dos economistas do mercado financeiro, que apostavam que a taxa permaneceria em 14,25%.

A reunião foi a última comandada pelo atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Ele deixará o cargo nesta semana, substituído por Ilan Goldfajn, indicado pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Tombini deverá ser representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ao subir os juros ou mantê-los elevados, o BC encarece o crédito. O objetivo é reduzir o consumo no país para conter a inflação que mostrou resistência no ano passado e no início de 2016. Entretanto, os juros altos prejudicam a atividade economica e, consequentemente, inibem a geração de empregos.

Ao fim do encontro desta quarta, o BC divulgou o seguinte comunicado: "O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés. O Comitê reconhece os avanços na política de combate à inflação, em especial a contenção dos efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos. No entanto, considera que o nível elevado da inflação em doze meses e as expectativas de inflação distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para flexibilização da política monetária".

Cenário da economia
Atualmente, a economia brasileira passa pela maior recessão de sua história. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) teve retração de 3,8% e, para este ano, o mercado financeiro já prevê um tombo de semelhante intensidade.

Se confirmado, será a primeira vez na história com dois anos seguidos de encolhimento do PIB.

Com a economia patinando, o desemprego cresce. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o desemprego ficou em 11,2% no trimestre encerrado em abril - o maior índice da série, iniciada em 2012. Esses fatores contribuem, teoricamente, para o controle da inflação.

Porém, ainda influenciada pelo alto patamar do ano passado, a inflação brasileira segue elevada. Nos cinco primeiros meses deste ano, já soma 4,05%, já próximo da meta central de inflação para 2016, que é de 4,5%.

Em 12 meses até maio, a inflação totaliza 9,32%. Com isso, continua acima também do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro para 2016.

Corte dos juros
Em meio à forte recessão que castiga a economia brasileira, o mercado acredita que a tendência é de queda dos juros nos próximos meses. As futuras decisões sobre a taxa de juros serão tomadas por Ilan Goldfajne pela próxima diretoria do Banco Central.

Nesta terça-feira, em sabatina no Senado Federal, ele declarou que vai cumprir "plenamente a meta de inflação estabelecida pelo CMN [Conselho Monetário Nacional], mirando o seu ponto central [de 4,5%]".

"Os limites de tolerância servem para acomodar choques inesperados que não permitam a volta ao centro da meta em tempo hábil", afirmou na ocasião.

Para o próximo ano, entretanto, a estimativa do mercado financeiro, atualmente, é de que o IPCA some 5,5% - ou seja, ainda distante da meta central de 4,5%, embora esteja abaixo do teto de 6% do sistema de metas vigente para o próximo ano. Com isso, argumentam economistas, a expectativa é de que o processo de redução dos juros tenham início mais para o fim deste ano. Juros reais e poupança

Com a decisão desta quarta-feira, o Brasil permanece na liderança do ranking mundial de juros reais (calculados com abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses), compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management, com uma taxa de 7,54% ao ano.

Em segundo lugar, aparece a Argentina, com juros reais de 3,7% ao ano, seguida pela Rússia (2,78% ao ano) e pela Indonésia (2,35% ao ano). Na média das 40 economias pesquisadas, a taxa está negativa em 1,4% ao ano.

A decisão do BC sobre a taxa de juros também influencia a rentabilidade da caderneta de poupança. Cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) apontam que, com os juros básicos atualmente em 14,25% ao ano, as aplicações em renda fixa, como os fundos de investimento, ganham mais atratividade e ganham da poupança na maioria das situações.

A poupança continua atrativa somente para fundos com taxas de administração acima de 2,5% ao ano.

Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).

Neste ano, por conta do baixo rendimento e do cenário de recessão na economia brasileira, a poupança já perdeu mais de R$ 38 bilhões - um recorde para os cinco primeiros meses de um ano

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui