Porta do Centro Cultural Polonês de Londres, fundado em 1964 no bairro de Hammersmith, foi alvo de pichações ofensivas
Este governo não tolerará a intolerância', disse porta-voz de Cameron. Britânicos decidiram em referendo na quinta-feira deixar a União Europeia.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, condenou nesta segunda-feira (27), através de sua porta-voz, os insultos e outros atos xenófobos contra migrantes após a vitória dos partidários da saída do Reino Unido da União Europeia.
"Temos de ser absolutamente claros que este governo não tolerará a intolerância", afirmou a porta-voz, que condenou "os incidentes que vimos em todo o país durante o fim de semana, nos quais os migrantes foram intimidados e mandados de volta para casa".
Além disso, a porta-voz informou que Cameron insiste que a última coisa de que aEscócia precisa é de outro referendo de independência, depois da decisão dos britânicos de abandonar a União Europeia.
"A última coisa que necessitamos neste momento é de outro referendo que divida a população", afirmou, em alusão às ameaças da chefe de governo escocesa, Nicola Sturgeon, de convocar outra consulta popular para contra-atacar a Brexit.
Xenofobia
A embaixada da Polônia mostrou preocupação com dois episódios de racismo contra seus cidadãos, ao mesmo tempo que o prefeito de Londres, Sadiq Khan, pediu à polícia que permaneça atenta.
"Estamos chocados e profundamente preocupados com os recentes episódios de insultos xenofóbicos contra a comunidade polonesa e outros residentes no Reino Unido de origem imigrante", afirma a embaixada em um comunicado.
"A embaixada polonesa está em contato com as instituições relevantes e a polícia local já investiga os dois casos mais comentados, em Hammersmith, Londres, e em Huntingdon, em Cambridgeshire", completa a nota oficial.
A porta do Centro Cultural Polonês de Londres, fundado em 1964 no bairro de Hammersmith, foi alvo de pichações ofensivas. Parte dos eleitores pró-Brexit afirmam que há muitos imigrantes no país. A comunidade polonesa no Reino Unido é a mais numerosa dos países da UE, com 654 mil membros, de acordo com o censo de 2011.
"Esta manhã nos surpreendeu e entristeceu muito encontrar um grafite realmente desagradável na fachada de nosso edifício", afirmou no domingo a presidente do centro cultural, Joanna Mludzinska.
Ao mesmo tempo, ela se declarou "muito comovida e agradecida" com as demonstrações de apoio, incluindo a do deputado da circunscrição do centro cultural, o conservador Greg Hands.
Hands escreveu nas redes sociais que os poloneses "são muito bem-vindos no Reino Unido" e recordou o papel dos pilotos poloneses na batalha aérea da Inglaterra, na Segunda Guerra Mundial.
O outro incidente investigado pela polícia, segundo a embaixada, diz respeito aos folhetos espalhados por Huntingdon, sul da Inglaterra, uma área com muitos imigrantes poloneses, com pedidos para que retornem a seu país após o referendo e que chamam os migrantes de "praga".
Polícia em alerta
"Levo muito a sério minha responsabilidade de defender a fantástica mescla de diversidade e tolerância de Londres", afirmou o prefeito Sadiq Khan.
"É realmente importante que permaneçamos em alerta diante de qualquer aumento dos crimes de ódio e insultos", completou.
"Pedi a polícia que reforce a vigilância", disse o prefeito, ao mesmo tempo que fez um apelo para "não demonizar os 1,5 milhão de londrinos que votaram a favor do Brexit".
"Apesar de eu e milhões de pessoas discordamos de sua decisão, decidiram assim por uma variedade de motivos e isto não deve ser usado para acusá-los de xenófobos ou racistas", concluiu Khan.
As redes sociais registraram nos últimos dias uma agressiva troca de insultos entre partidários e detratores do Brexit.
Sayeeda Warsi, que foi líder conservadora, denunciou que recebeu diversas informações de incidentes.
"Passei grande parte do fim de semana conversando com organizações, ativistas e indivíduos que trabalham com a questão de crimes de ódio", disse ao canal Sky News.
"Eles citaram alguns casos realmente perturbadores de pessoas que são paradas nas ruas e escutam, 'olhe, nós votamos sair, está na hora de você ir embora'".
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