quarta-feira, 13 de julho de 2016

Cameron sugere que Theresa May siga mais próximo possível da UE

Primeiro-ministro britânico David Cameron, centro, sorri, durante sua última sessão de perguntas como primeiro-ministro na Câmara dos Comuns (Foto: Parliamentary Recording Unit via Associated Press Video)

Premiê foi muito aplaudido ao deixar última sessão na Câmara dos Comuns.

Ele vai formalizar renúncia ainda na tarde desta quarta. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, aconselhou nesta quarta-feira (13) sua sucessora Theresa May, que a missão de implementar o "Brexit", a saída do Reino Unido da União Europeia, a permanecer o mais próximo possível do bloco econômico.

"Meu conselho para a minha sucessora, que é uma negociadora brilhante, é de que devemos tentar ficar o mais próximo da União Europeia, para termos os benefícios do comércio, da cooperação e da segurança", declarou.

Ele nesta manhã participou da última sessão semanal de perguntas na Câmera dos Comuns antes de seguir ao Palácio de Palácio de Buckingham para entregar sua carta de renúncia à rainha Elizabeth II. Ele foi muito aplaudido ao deixar a sessão. Theresa May, atual ministra britânica do Interior, deve assumir ainda nesta tarde.

Cameron disse que o governo tem trabalhado duro para garantir que cidadãos da União Europeia possam continuar no Reino Unido, segundo a Reuters. Perguntado por um parlamentar se cidadãos da UE podem ter direitos de moradia revogados ou ser deportados quando o Reino Unido deixar o bloco, Cameron disse que há "absolutamente nenhuma chance disto acontecer". "A única circunstância que posso conceber um futuro governo tentando desfazer esta garantia, seria caso cidadãos britânicos em outros países europeus não tenham seus direitos respeitados. Então eu acho que é importante ter reciprocidade."

Após formalizar o pedido de renúncia de Cameron, May, de 59 anos, visitará o palácio, onde receberá o convite oficial para assumir o poder. Vencedora da disputa pela liderança do partido Conservador, ela se tornará a segunda mulher a assumir o cargo de premiê após Margaret Thatcher. Ela fica no cargo até 2020. Segundo o jornal "The Guardian", ela é vista em Westminster como uma negociadora firme. Cameron havia anunciado que deixaria o posto de Primeiro Ministro após a opção que defende a saída do Reino Unido da União Europeia ganhar o referendo. A secretária de Estado de Energia, Andrea Leadsom, concorrente de May a sucessão do partido, anunciou na manhã desta segunda-feira a desistência na disputa. Após a decisão de Leadsom, Cameron anunciou a data de renúncia para quarta-feira (13).

Trajetória
Filha de um vigário da Igreja Anglicana, Theresa May nasceu em 1 de outubro em 1956, em Eastbourne, sul da Inglaterra. Ela estudou geografia na Universidade de Oxford, onde conheceu seu marido, Philip May, com quem é casada há 36 anos – o casal não tem filhos.

Antes de ingressar na carreira política, May trabalhou no Bank of England, chefiou a European Affairs Unit e foi consultora financeira da Association for Payment Clearing Services.

Em 1997, ela foi eleita para o Parlamento. Em 2002, se tornou a primeira mulher a ser presidente do Partido Conservador. Desde 2010, May está à frente do Ministério do Interior, pasta que, entre 2010 e 2012, dividiu com o Ministério para a Mulher e Igualdade.

Considerada uma das vozes modernizadoras da legenda conservadora, May apoia a igualdade de sexos e o casamento gay, embora em 2002 tenha votado contra conceder a essa minoria o direito de adoção. May é conhecida por ter um posicionamento crítico à imigração. Entre seus planos estão "recuperar o controle do número de europeus que entram" no país, e ela não garante que os imigrantes de países da UE que vivem no Reino Unido possam ficar em território britânico assim que for implementado o "Brexit".

Os conservadores a definem como "uma mulher extremamente difícil", que recebeu elogios por deportar o clérigo radical Abu Qatada e por se negar a extraditar aos EUA o pirata cibernético Gary McKinnon, que invadiu os computadores do Pentágono.

May recebeu críticas por sua falta de carisma e por descumprir sua promessa de reduzir a cada ano em 100 mil o número de imigrantes nas ilhas britânicas.

Apesar de sua postura de oposição ao Brexit durante a campanha do referendo, ela se mostrou disposta a respeitar a vontade dos cidadãos: "Brexit significa Brexit. Não haverá um segundo referendo, nem tentativas de permanecer na UE", garantiu.

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