terça-feira, 12 de julho de 2016

Candidato do PMDB, Marcelo Castro nega ser ‘anti-Cunha’

Peemedebista rechaça tese de que número de candidatos enfraquece governo de Temer.

Candidato oficial do PMDB à Presidência da Câmara, o deputado Marcelo Castro (PI) rechaçou a tese de que ter muitos candidatos à vaga enfraquece o governo do presidente Michel Temer. O deputado, que era ministro de Dilma Rousseff e votou contra o impeachment, deverá ter o apoio de deputados da nova oposição. Ele diz que, como candidato, irá buscar o apoio de todos os demais deputados. Castro não aceitou, no entanto, ser classificado como candidato anti-Eduardo Cunha.

— Não, de jeito nenhum (candidato anti-Cunha). Seria o candidato do Parlamento. Um parlamento que não será nem submisso, nem arrogante — disse.

Segundo ele, à exceção da candidata Luiza Erundina (PSOL-SP), todo os demais candidatos pertencem à base aliada de Temer.

— O lógico é o governo não interferir na disputa. Essa é uma decisão do Parlamento. Se algum dos candidatos desconfiasse que o governo está apoiando outro, ficaria aborrecido. Mas o ministro Padilha tem deixado mais do claro que o governo não vai interferir na disputa — disse Castro.

Marcelo Castro afirmou que não acredita que o fato de ter votado contra o impeachment de Dilma irá prejudicar sua votação à Presidência da Câmara. Segundo ele, tanto a sociedade, quanto os colegas deputados compreenderam que ele, como ministro de Dilma, eticamente não poderia votar de maneira diferente. O deputado disse que precisará da ajuda, inclusive física dos demais peemedebistas para sua campanha, já que a eleição já está marcada para amanhã.
Marcelo Castro é ex-ministro de Saúde da presidente afastada Dilma Rousseff - Givaldo Barbosa / Agência O Globo

Na mesma linha adotada pelos dois candidatos apontados como mais fortes na disputa pela vaga, Castro também pregou a pacificação do ambiente na Câmara.

— Temos que trazer mais harmonia, mais previsibilidade para o Parlamento. A sociedade está cansada de tantos sobressaltos. Temos que criar na Câmara um ambiente favorável a aprovação de medidas e reformas importantes para o País. Temos um semestre inteiro. Vamos concluir o mandato que é do PMDB — disse o candidato do PMDB.

UNIÃO DA BANCADA

O líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), disse que a decisão de ter candidato próprio foi crescendo na bancada, principalmente porque não houve consenso em torno de um único nome na base de Michel Temer. Baleia afirmou que, apesar da disputa interna, com a decisão, a bancada segue unida no apoio a Marcelo Castro. O resultado foi anunciado com três dos quatro peemedebistas que disputaram a eleição juntos.

— O ideal seria termos uma única candidatura da base aliada de Temer, mas com tantos candidatos, cresceu a necessidade de ter uma candidatura do PMDB. Votamos isso hoje na reunião da bancada e a grande maioria concordou — disse Baleia Rossi, acrescentando que dos 66 deputados da bancada, 46 votaram.

O líder do PMDB confirmou ainda que a candidatura é oficial e qualquer outro tipo de negociação passará por nova reunião da bancada:

— Marcelo Castro é o candidato da unidade do partido. Se houver qualquer outro tipo de conversa, a bancada se reunirá para decidir. Mas o que ficou claro hoje é que o PMDB quer candidatura própria. Marcelo Castro é competitivo, tem chance de ir para o segundo turno.

Segundo Baleia, as conversas para apoio na nova oposição, como o PT, serão feitas pelo próprio candidato. O líder irá procurar os partidos da base de apoio a Temer. Para Baleia Rossi, a eventual eleição de Marcelo Castro não irá interferir na votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, marcado para agosto.

— De maneira nenhuma (interfere). Marcelo Castro tem sido absolutamente correto na defesa do governo do presidente Michel Temer. Não devemos olhar para o retrovisor.

O deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), que teve apenas sete votos, não descartou a possibilidade de sair com uma candidatura avulsa, mas tanto Osmar Serraglio quanto Carlos Marun se comprometeram a não concorrer.

Antes da votação, o deputado Carlos Marun anunciou apoio a Osmar Serraglio, mas o grupo que o apoiou estava liberado para votar como quiser. Indagado se a candidatura do PMDB não ampliava ainda mais o racha na base, Marun afirmou:

— Se houvesse consenso na base, o PMDB apoiaria o candidato. Em não havendo consenso, impossível o PMDB, maior bancada da Casa, não participar da eleição — disse Marun.

Ex-ministro da Saúde de Dilma, foi o penúltimo do partido a deixar o governo da petista, antes de Kátia Abreu (TO), que só deixou a Agricultura quando a abertura do processo de impeachment foi aprovada. Agrada boa parte da bancada do PT na Câmara.

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