sexta-feira, 1 de julho de 2016

Carlinhos Cachoeira e empresários são transferidos para presídio no Rio

 Carlinhos Cachoeira é preso em operação da PF (Gnews) (Foto: Reprodução GloboNews)
Cachoeira, Cláudio Abreu e Adir Assad estão no presídio Ary Franco. PF e MPF investigam desvios de R$ 370 milhões; Cavendish está foragido. O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o ex-diretor da empresa Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, e o empresário Adir Assad estão presos no Sistema Penitenciário do Rio de Janeiro, desde a noite de quinta-feira (30).

De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), eles deram entrada no Presídio Ary Franco, em Água Santa, Zona Norte do Rio, por volta das 20h30. Antes de serem encaminhados, nesta quinta-feira, os três foram ouvidos na sede da Polícia Federal, onde chegaram às 17h50. Eles foram presos pela manhã na Operação Saqueador, em Goiânia, e em São Paulo. Realizada pelo Ministério Público Federale pela PF, a Operação Saqueador tem como objetivo prender pessoas envolvidas em um esquema de lavagem de R$ 370 milhões desviados dos cofres públicos.

Também são alvo o dono da empresa Delta Construções, Fernando Cavendish, que está no exterior e já é considerado foragido; e o empresário Marcelo José Abbud, que estava fora do país, mas voltou e se entregou no fim da tarde no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Ele será transferido para o Rio nesta sexta-feira, segundo a PF do Rio e seu advogado, Miguel Pereira Neto – a PF de São Paulo não confirmou a prisão.

Advogado também de Adir Assad, Pereira Neto disse que vai pedir na Justiça que os dois respondam em liberdade.

"Redigimos agora o habeas corpus para os dois. O Marcelo se apresentou em São Paulo e o Adir foi preso na residência dele pela manhã, onde ele cumpre já uma prisão domiciliar com tornozeleiras. Eles estão tranquilos com a defesa e com a possibilidade de revogar a prisão preventiva", explicou.

Os advogados de Carlos Cachoeira e de Cláudio Abreu disseram que só vão se pronunciar depois que tiverem mais detalhes sobre as denúncias.

A defesa de Cavendish se disse "estarrecida com a decretação de sua prisão" e informou que tomará as providências judiciais para reverter o que considera uma "insuportável ilegalidade". "A prisão foi requerida nos autos de Inquérito Policial que tramita há mais de três anos, no qual Fernando Cavendish sempre atendeu às solicitações da Autoridade Policial, nada justificando a adoção desta medida extrema”, diz o texto.

A PF avalia a possibilidade de acionar a Interpol para localizar Cavendish, que está na Europa desde 22 de junho em viagem familiar. Até as 18h, os advogados do empresário não haviam feito contato com a polícia. Por volta das 6h30, a PF esteve na casa dele, na Rua Delfim Moreira, no Leblon, um dos endereços mais caros do Rio, onde não foi encontrado.

A Delta informou que não vai comentar o ocorrido.

Assad, que já cumpria prisão domiciliar após ter sido condenado a 9 anos e 10 meses na Operação Lava Jato, é suspeito de participar da montagem de empresas de fachada para lavar o dinheiro desviado.

Cavendish é responsável por diversas obras públicas na Delta Construções, como a reforma do estádio do Maracanã no Rio de Janeiro, por meio das quais os recursos foram desviados. Segundo delator da Lava Jato, o ex-governador Sérgio Cabral estaria envolvido no esquema. Cabral nega.

Lavagem de dinheiro
O MPF descobriu que, entre 2007 e 2012, quase 100% do faturamento da Delta veio de contratos públicos, chegando a quase R$ 11 bilhões. A maioria dos recursos veio de contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).

Segundo a denúncia, a Delta contratou, como fornecedoras, empresas fantasmas criadas por Carlinhos Cacheira, Adir Assad, Marcelo Abbud, considerados operadores do esquema e chefes de organizações criminosas. Investigadores não encontraram nesses contratos justificativas plausíveis ou ligação direta com as obras da Delta. Além disso, nenhum serviço era prestado. As empresas existiam apenas no papel, não tinham sedes nem funcionários.

A denúncia do MPF diz que, do total recebido pela Delta, R$ 370 milhões foram desviados e lavados via pagamentos a 18 empresas de fachada. A lavagem de dinheiro ocorre quando se tenta dar aparência lícita a recursos obtidos de forma ilegal – como a falsa prestação de serviço.

O dinheiro conseguido no esquema ia, em espécie, para agentes públicos, diz o Ministério Público. Os recursos eram sacados para evitar a identificação da origem e dos beneficiários. O nome desses agentes não foi revelado.

Rastreando os pagamentos feitos pela Delta às empresas de fachada, o MPF verificou um aumento significativo dos valores das transferências em anos de eleições.

O MPF pede a condenação de todos os envolvidos pela prática de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de chefiar um esquema de exploração ilegal de caça-níqueis em Goiás, Cachoeira já havia sido preso em fevereiro de 2012, quando a Operação Monte Carlo foi deflagrada pela PF e o Ministério Público Federal. Ele ganhou liberdade em 11 de dezembro do mesmo ano.

A operação revelou ligação entre o contraventor e o ex-senador goiano Demóstenes Torres (então no DEM). De acordo com o MPF, o ex-parlamentar é acusado de prática de corrupção e advocacia administrativa em favor de Cachoeira. Ele teve o mandato cassado.

Desde então, Cachoeira já foi condenado pelos crimes de peculato, corrupção, violação de sigilo e formação de quadrilha. A última condenação foi no dia 23 de setembro, por violação de sigilo funcional, com pena de três anos de prisão. Ele responde aos crimes em liberdade.

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