sábado, 2 de julho de 2016

Oito PMs são alvo de investigação que apura morte de engenheiro na BA

Filho de engenheiro morto em operação da PM (Foto: Reprodução/TV Bahia)
Policiais foram afastados e fazem apenas trabalhos administrativos.
Caso ocorreu no Imbuí e corregedoria investiga se foi durante blitz.

Oito policiais militares afastados. Esse é o número de envolvidos em ação que pode ter resultado na morte do engenheiro elétrico Moacyr Trés da Costa Trindade, 61 anos. A vítima foi baleada durante uma ação da Polícia Militar, há 13 dias, no bairro do Imbuí, em Salvador. A Corregedoria da Polícia Militar investiga se o caso ocorreu durante um blitz, versão dada pelos policiais no Instituto Médico Legal (IML) no dia da morte. Moacyr também era professor e durante 30 anos deu aulas para alunos do Instituto Federal da Bahia (Ifba), no Barbalho.

Em nota, a PM informou que os nomes dos policiais não serão revelados neste momento, pois se trata de um procedimento inquisitorial em sua fase inicial. Eles cumprem serviços administrativos até o fim das investigações. Além disso, a polícia ainda afirma que a ocorrência se deu na Avenida Paralela, nas imediações do bairro do Trobogy e não no Imbuí. Já o registro do Instituto Médico Legal, segundo o advogado da família, confirma que o engenheiro foi morto em uma blitz no Imbuí. Caso

Segundo os familiares, o engenheiro desapareceu, no dia 18 de junho, após realizar compras em um mercado, na Avenida ACM. Ele estava a caminho do condomínio onde construía uma casa, na Avenida Paralela. A família chegou a achar que o engenheiro estaria desaparecido, mas Moacyr só foi identificado depois de uma semana, quando amigos e familiares fizeram a procura no IML.

Segundo o advogado da família, Aderbal Gonçalves, o Instituto Médico Legal sabia da identidade do engenheiro e já tinha encaminhado o documento do caso à Corregedoria da Polícia Militar, que começou a apurar a situação antes mesmo da família saber da morte do engenheiro.

O carro que Moacyr dirigia está no pátio do Departamento de Polícia Técnica (DPT), em Salvador, e tem marcas de tiro nas portas e nos pneus. O vidro de uma das janelas do veículo está quebrado e, sobre o banco da frente, tem uma sacola com leite e granola.

Conforme Gonçalves, foram encontradas versões diferentes informadas pelos policiais no IML."O que foi relatado no IML foi que ele [o engenheiro] invadiu uma blitz, na altura do Imbuí, atirando, e os policiais revidaram. A outra informação que nós temos da Corregedoria é que, por volta de 20h30, 20h40, ele estava transitando de forma perigosa nas mediações do aeroporto de Salvador, sentido centro, e a polícia pediu para ele parar e ele seguiu. A polícia parece que deu um tiro no pneu e a bala ricocheteou em qualquer lugar, e atingiu a femoral [vaso sanguíneo que acompanha a artéria femoral], ele [o engenheiro] teve hemorragia e veio a óbito. É uma versão que não está batendo", disse Aderbal.

Em nota, a PM informou que o caso está sob apuração da Corregedoria. Segundo o comunicado, os policiais envolvidos na ação disseram que Moacyr estava dirigindo em alta velocidade e por isso foi perseguido. Ele não teria atendido às ordens de parar, o que levou os policiais a atirarem. O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, determinou o afastamento dos policiais envolvidos no caso, que também está sendo investigado pela Polícia Civil. As armas utilizadas na ação foram apreendidas e encaminhadas ao DPT para análise. Contudo, o secretário não se posicionou sobre o fato da família do engenheiro não ter sido avisada da morte dele.

O filho de Moacyr, Felipe Dória, diz que não entende o que motivou a morte do pai e porque uma investigação sobre o caso foi iniciada antes mesmo dos familiares tomarem conhecimento da situação.

"A gente não tem acesso aos documentos. Não pode ver, não pode apurar. É preciso que algum poder, que tenha competência, apure esse caso. A situação é de impotência. A gente não sabe o que fazer. Como é que se resolve isso?", desabafou Felipe.

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