sábado, 2 de julho de 2016

Se não conseguir verba, Saúde pode paralisar serviços no Rio

Secretário de Saúde diz que só conseguiu pagar um terço das despesas previstas.

À espera dos recursos federais, a área da saúde vive dias de agonia. O secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior, disse nesta sexta-feira que o setor está com “grande dificuldade” para manter unidades em funcionamento, e, sem a injeção de dinheiro, os serviços podem parar até durante os Jogos Olímpicos. Segundo ele, o quadro hoje é pior que o enfrentado em dezembro passado, quando emergências estaduais fecharam as portas:

— Se não tiver recurso novo e se não tiver garantia de custeio, é claro que sim (a situação de dezembro pode se repetir). Mas tenho a certeza de que o governo vai alocar recursos para que nada disso aconteça. Agora, se o governo não tiver recursos... A gente está sempre sob risco. Eu fiz, inclusive, um ofício ao governador explicando essa situação, o risco de paralisação dos nossos serviços.


Segundo o secretário, em junho, a situação financeira do órgão foi a pior desde o início de sua gestão (que começou no fim de dezembro). A saúde só recebeu R$ 25 milhões do estado, quando precisaria de pelo menos R$ 200 milhões:Com a maior dívida acumulada em 2016 entre as secretarias estaduais (R$ 485 milhões, até maio), a saúde recebeu apenas R$ 750 milhões no primeiro semestre, quando estava previsto um gasto de R$ 2,1 bilhões — 12% da Receita Corrente Líquida do estado, que gira em torno de R$ 17 bilhões —, como determina a lei.

— Hoje a situação financeira é muito pior do que no ano passado. A gente está conseguindo realizar as atividades porque todos os recursos repassados estão sendo direcionados para manter os hospitais. Imagina uma empresa funcionando com 30% do seu orçamento? Isso é mpossível. Se você pegar o acompanhamento financeiro do ano passado, nesse período, de dezembro, o setor estava muito melhor que a situação atual.

APOSENTADO SEM CIRURGIA

A maior dificuldade, segundo ele, é manter as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) funcionando normalmente. Mas hospitais também sofrem com a falta de dinheiro. Em Nova Iguaçu, o Hospital Estadual Vereador Melchiades Calazans está reagendado cirurgias eletivas. Uma delas foi a do aposentado Pedro Minerdino dos Santos, de 72 anos. Segundo a filha dele, Roseleide dos Santos, médicas informaram que exames e procedimentos estavam suspensos pouco antes de seu pai entrar no centro cirúrgico para operar uma hérnia umbilical.

— Ele esperava a cirurgia há dois anos. A doutora disse que não tinha nova previsão. É uma coisa que incomoda. Meu pai não pode andar muito, não pode pegar peso. Não sabemos a quem recorrer. É um sentimento de revolta — desabou Roseleide, que está desempregada e mora em Queimados com a família.

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