Câmara do Rio abre processo de impeachment de Crivella
O prefeito do Rio continua no cargo até a votação de um relatório que ainda será elaborado por uma comissão processante. Há seis meses, base aliada teve o dobro dos votos da oposição para arquivar outro pedido de impedimento.
A Câmara de Vereadores do Rio aprovou, na tarde desta terça-feira (2), a abertura do processo de impeachment do prefeito Marcelo Crivella(PRB). Trinta e cinco vereadores votaram pela admissibilidade do processo e 14 contra. Crivella continua no cargo, mas terá que enfrentar uma investigação.
O vereador Alexandre Izquierdo (DEM) se absteve e o presidente da casa, Jorge Felippe (MDB), se declarou impedido, por ser o primeiro na linha sucessória caso o impeachment seja aprovado no fim do processo. O vice-prefeito, Fernando Mac Dowell, morreu em maio do ano passado, após um infarto.
A aprovação da abertura do pedido de impeachment nesta terça-feira dependia apenas da maioria simples para sua aprovação. Esta é a primeira vez desde a redemocratização do Brasil que a Câmara de Vereadores do Rio aprova a abertura de um processo de impeachment contra um prefeito.
Veja como votou cada um dos vereadores
Pedidos rejeitados
No ano passado, os vereadores rejeitaram três pedidos de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella. Um deles foi pela suspeita de que o prefeito teria oferecido facilidades em uma reunião com líderes evangélicos no Palácio da Cidade.
Na quinta-feira da semana passada, um outro pedido de impeachment foi apresentado. No dia seguinte, o pedido foi recusado pelo presidente da Casa, Jorge Felippe (MDB). Na ocasião, o parlamentar afirmou que a denúncia não constituía, em tese, crime de responsabilidade.
Nesta segunda-feira (1º), um outro pedido de impeachment foi apresentado na Câmara. O autor do pedido de impeachment foi Fernando Lyra Reys, fiscal da secretaria de Fazenda do município. Ele denunciava o prefeito pelo suposto crime de responsabilidade por conta da renovação de contratos de mobiliários urbanos em dezembro de 2018. Esse pedido foi ao plenário nesta terça-feira.
Próximos passos do processo
Uma comissão processante foi formada após a votação com três vereadores que estavam presentes na sessão. Foram sorteados: Luiz Carlos Ramos Filho (PTN), Paulo Messina (PROS) e Willian Coelho (MDB);
O presidente da comissão será o vereador Willian Coelho e o relator será Luiz Carlos relator;
O vereador Dr. João Ricardo (MDB) pediu para que Messina, licenciado da Casa Civil para voltar à Câmara, se declarasse impedido, mas ele não atendeu o pedido;
O prefeito Marcelo Crivella terá 10 dias para apresentar sua defesa, após a publicação da admissibilidade no Diário Oficial;
A comissão tem até 90 dias para apresentar um relatório;
Assim que foi concluído, o documento será levado ao plenário da Câmara e será votado;
Para ser aprovado, o impeachment precisa do voto de dois terços da Câmara: 34 vereadores;
Se aprovado, o relatório o prefeito é afastado do mandato. Se rejeitado, o pedido de impeachment é arquivado.
Até a votação do relatório, Crivella continua no cargo.
Procurada a prefeitura do Rio ainda não se posicionou sobre o pedido de abertura de investigação contra o prefeito Crivella.
Como foi a votação na Câmara
Por 35 a 14 votos, os vereadores aprovaram a abertura do processo de impeachment; 2 parlamentares deram seus votos nominalmente e não foi computado no painel
Os discursos na Câmara começaram às 14h. A sessão para a votação foi aberta às 16h, com a retomada dos discursos. O pleito, na prática, começou depois das 17h.
Dr Jairinho, líder do governo na Casa, saiu em defesa do prefeito Marcelo Crivella.
"Nesse momento difícil, não é hora de condenações prévias. Numa hora tão difícil é hora de abraço, afago", disse ele. "Crivella precisa terminar seu mandato", concluiu.
Ele foi acompanhado pelo bispo Inaldo Silva, do mesmo partido do prefeito, o PRB.
O parlamentar enumerou obras que, segundo ele, também tiveram os contratos renovados em outras gestões. Segundo a denúncia, houve crime de responsabilidade por conta da renovação de contratos de mobiliários urbanos em dezembro de 2018, que teriam favorecido as empresas OOH Clear Channel e JCDecaux.
A oposição ao prefeito discursou a favor do impedimento.
"Abrir uma investigação 'não é uma condenação prévia'. Demorei oito anos para concordar com o Jairinho: nada disso aqui condena o prefeito. O que precisa acontecer é avaliar tudo aquilo que está escrito na denúncia", disse o vereador Paulo Pinheiro (PSOL).
De acordo com a denúncia, as empresas tinham 20 anos para explorar o serviço e, depois disso, o material passaria a pertencer ao município. Uma emenda, no entanto, foi apresentada pelo Poder Público para renovar a concessão, causando prejuízos aos cofres públicos.
Votaram pela abertura do impeachment
Átila Nunes (MDB)
Babá (PSOL)
Carlo Caiado (DEM)
Carlos Bolsonaro (PSC)
Cesar Maia (DEM)
Dr. Jorge Manaia (SD)
Dr. Marcos Paulo (PSOL)
Fátima da Solidariedade (PSC)
Felipe Michel (PSDB)
Fernando William (PDT)
Italo Siba (Avante)
Jones Moura (PSD)
Leandro Lyra (Novo)
Leonel Brizola (PSOL)
Luciana Novaes (PT)
Major Elitusalem (PSC)
Marcelino D'almeida (PP)
Marcello Siciliano (PHS)
Paulo Pinheiro (PSOL)
Prof. Célio Lupparelli (DEM)
Rafael Aloisio Freitas (MDB)
Reimont (PT)
Renato Cinco (PSOL)
Rocal (PTB)
Rosa Fernandes (MDB)
Tarcísio Motta (PSOL)
Teresa Bergher (PSDB)
Thiago K. RIbeiro (MDB)
Veronica Costa (MDB)
Welington Dias (PRTB)
Willian Coelho (MDB)
Zico (PTB)
Zico Bacana (PHS)
Dr. João Ricardo (MDB)
Professor Adalmir (PSDB)
Votaram contra a abertura do impeachment
Dr. Carlos Eduardo (SD)
Dr. Gilberto (PMN)
Dr. Jairinho (MDB)
Eliseu Kessler (PSD)
Inaldo Silva (PRB)
Jair da Mendes Gomes (PMN)
Junior da Lucinha (MDB)
Luiz Carlos Ramos Filho (PODE)
Marcelo Arar (PTB)
Paulo Messina (PROS)
Renato Moura (PDT)
Tânia Bastos (PRB)
Tiãozinho do Jacaré (PRB)
Vera Lins (PP)
Abstenção
Alexandre Isquierdo (DEM)
Impedimento
Jorge Felippe (MDB)
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