domingo, 17 de novembro de 2019

Você sabe o que é 'tokenismo'? Fique atento ao marketing da falsa inclusão racial

Especialistas explicam que profissionais negros são contratados para serem usados como ‘símbolo’ da diversidade corporativa, e com funções sociais que vão além de seu escopo.
A partir da esquerda, Luana Genot, Patricia Santos e Liliane Rocha Foto: Divulgação
O estudo “Desigualdades Sociais por Cor e Raça no Brasil”, divulgado pelo IBGE no início da semana, mostrou que, apesar de serem 55,6% da população, pessoas pretas ou pardas exercem apenas 29,9% dos cargos gerenciais. Negros recebem menos do que os brancos, independentemente do nível de instrução.
este contexto, programas de diversidade racial se popularizam nos últimos anos no meio corporativo, especialmente com reserva nos processos seletivos de estágio. No entanto, representantes de consultorias de Diversidade dizem que o conceito social “tokenismo” — que consiste na prática de fazer um esforço superficial para se incluir um grupo minoritário e que foi usado nos anos 1950 nos Estados Unidos — é bastante presente atualmente nas corporações em relação à inclusão racial.

—Consigo ver o “tokenismo” em diversas organizações. Para bater no peito e dizer “não somos racistas”, contratam um profissional, que não fica na liderança mas é usado como garoto-propaganda e exemplo de “quem chegou lá”. É o marketing da falsa inclusão—relata Patrícia Santos, criadora da EmpregueAfro, consultoria de RH especializada em diversidade étnica-racial.

Liliane Rocha, fundadora e CEO da Gestão Kairó, lembra que as corporações também confundem diversidade com inclusão.

— RHs que contratam um ou dois negros até estão trazendo diversidade, pois eram pessoas que não estavam ali anteriormente. Mas não a inclusão, no sentido de fazer com que aquela pessoa tenha voz ativa e seja bem-vinda — diz ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui