Punição vai desde advertência confidencial até a cassação do registro. Jornal Nacional revelou caso de vereador que faltou plantão no Rocha Faria.
O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), vai abrir uma sindicância para apurar a denúncia, exibida pelo Jornal Nacional nesta segunda (11), de que o vereador e médico Gilberto de Oliveira Lima, presidente da Comissão de Saúde Pública da Câmara de Vereadores do Rio, recebia pagamento, mas não comparecia aos plantões.
“Lá no código (de ética) está escrito que não se pode faltar a plantão médico. Precisa ser apurado exatamente se tiveram uma justificativa excepcional. Só em caso de doença aguda grave poderia justificar a ausência a um plantão. Temos que ver também se as informações no sistema de internet estão corretas, porque muitas vezes o registro está desatualizado e pode passar informação equivocada. Então, nós temos que apurar para não cometer nenhuma injustiça”, afirmou Pablo Vasques, presidente do Cremerj.
Se ficar comprovado que houve infração ao Código de Ética Médica, será aberto o processo Ético Profissional, que pode acarretar desde uma advertência confidencial até a cassação do registro.
“O Cremerj entende que a grande maioria dos médicos se esforça e supera as dificuldades que estão colocadas nos locais de trabalho. Haja vista a crise no Estado, onde tem médicos que estão trabalhando até sem receber. Não podemos permitir que uma pequena quantidade de médicos que faça infração ao código de ética fique impune”,ressaltou Vasques.
Responsável por fiscalizar a saúde no município
A comissão pela qual Gilberto é responsável na Câmara do Rio é responsável por fiscalizar a saúde no município. No último fim de semana, o anestesista estava na escala de plantão de 24 horas na emergência do Rocha Faria e não foi encontrado pela reportagem do Jornal Nacional. Funcionários afirmaram que ele nunca vai aos fins de semana.
Além disso, alguns profissionais recebem para trabalhar nos mesmos dias e horários e em unidades diferentes do estado e do município. É o caso da mulher do vereador Dr. Gilberto, Mara Gisele Santos Souza, também médica e plantonista no Rocha Faria.
O nome dela aparece ao mesmo tempo na escala de outros hospitais da rede pública. No dia 6 de janeiro, por exemplo, ela estava escalada num plantão de 24 horas no Rocha Faria, mas, no mesmo dia, o nome dela aparece no plantão diurno, de 12 horas, na Coordenação de Emergência Regional da Secretaria Municipal de Saúde.
A mesma duplicidade de escala da Dra. Mara também aparece nos dias 2, 9, 24 e 30 de dezembro de 2015. No dia 10 de setembro ela estava escalada pra fazer plantão diurno no Hospital Municipal Pedro Segundo e no plantão de 24 horas do Rocha Faria.
O Jornal Nacional teve acesso a uma das fichas de controle de frequência do ano passado. Um outro nome chama a atenção: Ana Carolina Brás de Lima, que era chefe da anestesia, que é filha do Dr. Gilberto.
O secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior, determinou a instauração de processo administrativo para apurar as denúncias contra o casal de médicos Mara Gisele e Gilberto Lima.
Por telefone, o vereador Doutor Gilberto disse que, como coordenador de equipe, ele não precisa dar plantão e que o nome dele só entra na escala do fim de semana para completar a carga horária de 24 horas semanais. A mulher dele, Mara Gisele, não foi encontrada para comentar as denúncias.
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que na Coordenação de Emergência Regional, onde a doutora Mara Gisele trabalha, o registro de frequência é feito por ponto biométrico.
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