Postagem foi feita nesta segunda, horas após o suspeito de atirar ser detido. Noah Oshiro afirma que ainda não sabe como se sente após a apreensão.
O irmão do jovem japonês que foi assassinado em Santos, no litoral de São Paulo, após ter sido abordado por dois assaltantes em outubro de 2015, desabafou em seu perfil de uma rede social nesta segunda-feira (11).
Noah Taiki Oshiro postou em sua página do Facebook, horas após o menor suspeito de ter atirado contra seu irmão, Luann Oshiro, ter sido apreendido. O jovem de 16 anos escreveu que não sabe exatamente como se sente, mas afirma não desejar nada de mau ao menor.
Ele ainda afirma que no começo chegou a desejar a morte do suspeito, mas que depois ponderou que isso não seria suficiente para que ele pagasse pelo assassinato de Luann.
Um dia após o crime, Noah chegou a afirmar que o irmão foi morto por ‘absolutamente nada’ e que ele estava estudando para tentar passar no vestibular da Universidade de São Paulo (USP). Confira abaixo o post na íntegra feito pelo irmão de Luann nesta segunda-feira:
Sentimento
Dia longo, mil problemas e uma "solução", o rapaz foi preso. Muitos vieram me perguntar como estou me sentindo. Eu não sei o que estou sentindo, mas posso afirmar que não é nada de mal. No começo eu perdi a cabeça, o que eu mais queria era ver esse delinquente morto. Passou-se um tempo, pensei e repensei; a morte seria muito pouco para esse cidadão. Creio que o sentimento de ódio e rancor não é benéfico, só trará aquilo que tu sentes. Meus pensamentos veem mudando a cada dia. Eu não sinto mais ódio de nada, não sinto raiva desse rapaz, eu sinto pena! Pena por existir um mundo tão cruel, pena por ele ter se tornado um marginal, pena da família. Posso estar me precipitando, mas meu pensamento de hoje é esse, talvez eu possa mudar de opinião mais pra frente. Porém esse é o meu hoje.
Jovem foi baleado após tentativa de assalto em Santos
Assassinado
Luan Oshiro, de 18 anos, foi morto após sair de uma festa no bairro Gonzaga, no dia 19 de outubro de 2015. Ele aguardava um coletivo no ponto de ônibus, com duas amigas, quando foi abordado pelos assaltantes. De acordo com testemunhas, o japonês não reagiu ao assalto, mas foi baleado mesmo assim e morreu no local.
Detido
O menor suspeito de ter efetuado o disparo foi apreendido no dia 10 de janeiro de 2016, pouco menos de dois meses após o assassinato ter ocorrido. O rapaz, de 16 anos, foi apreendido pela Polícia Militar durante patrulhamento no Bolsão 8, em Cubatão.
De acordo com informações da Polícia Civil, após o crime, a polícia conseguiu colher informações que apontavam o adolescente apreendido neste domingo como participante do latrocínio contra Luann.
Com base nessas informações e munidos de mandados de busca e apreensão, policiais do 7º Distrito Policial do município, responsável pela investigação, foram até os locais onde o suspeito poderia estar escondido, mas não encontraram ele.
Após as seguidas buscas, o menor se apresentou na delegacia, com um advogado, e negou ter participado do crime. No entanto, duas testemunhas do crime estiveram no DP e reconheceram o suspeito.
Após a detenção deste domingo e munido do mandado, a Polícia Civil encaminhou o adolescente ao Núcleo de Atendimento Integrado (NAI), onde o jovem permanece à disposição da Justiça.
Foragido
Além do adolescente detido em Cubatão, um outro homem participou do crime. Reinivaldo Costa Pereira, de 19 anos, ainda não foi localizado pela polícia.
"Nós temos algumas informações sobre o Reinivaldo, mas ainda não conseguimos detê-lo. Fizemos algumas buscas em locais no qual ele estaria residindo, e não obtivemos sucesso. No entanto, já conseguimos junto a Justiça um mandado de prisão preventiva contra ele", afirmou o delegado
Engano
Dias após o assassinato de Luann, um jovem morto pela Polícia Militar havia sido apontado como autor do disparo que matou o estudante japonês.
O suspeito foi morto após tentar assaltar um PM em São Vicente, no dia 20 de outubro. No entanto, segundo o delegado Aranha, houve uma confusão ao apontar esse jovem como participante do crime.
"Na época, nós soubemos da morte desse rapaz e, como haviam características semelhantes do rapaz com os suspeitos de matarem o Luann, decidimos submeter as vítimas ao reconhecimento. As testemunhas reconheceram ele por meio de fotografia, mas não tiveram a certeza absoluta. Essa informação foi divulgada junto a imprensa, mas de forma equívocada", disse.
Desabafo
Após o crime, o G1 conversou com familiares da vítima. Noah Oshiro, de 16 anos, irmão de Luann, explicou que o jovem estava estudando muito para entrar na Universidade de São Paulo (USP). "O ônibus demorou para chegar. Me contaram que meu irmão ofereceu o celular, mas o criminoso simplesmente atirou no pescoço. O ladrão não levou nada. Matou ele por nada", falou.
Paulo Oshiro, pai do jovem, diz ainda estar muito abalado com o que aconteceu e afirma estar confuso tentando encontrar uma explicação para a perda de seu filho “Não consigo identificar o que eu sinto, porque o que aconteceu não matou só um menino. Eles destruíram os sonhos do Luann, uma família e acabaram com muitas outras pessoas”, afirma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente aqui