terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Medo de ficar obsoleto no trabalho preocupa executivos, aponta nova pesquisa

Já ouviu falar do FOBO (medo de ficar obsoleto, na sigla em inglês)? Ele atormenta 90% dos profissionais brasileiros ligados à inovação, revela estudo da GE divulgado hoje.
executivo (Foto: Thinkstock)
Nesta semana, os olhos do mundo estarão voltados para os debates e passos de líderes empresariais, políticos e celebridades em Davos, na Suíça. Na edição de 2016, o Fórum Econômico Mundial, realizado de quarta (20) a sábado (23), tem como tema a Quarta Revolução Industrial – que, de acordo com Klaus Schwab, presidente-executivo do encontro, está rompendo as barreiras entre as esferas física, digital e biológica. Em Davos, haverá discussões sobre como a sociedade – consequentemente, empresas e governos – será afetada por tendências como inteligência artificial, robótica, biotecnologia, nanotecnologia e impressão 3D. Sistemas inteligentes em casas, carros, fazendas, hospitais, fábricas e cidades, facilitados pelo conceito da internet industrial (internet das coisas aplicada à indústria), vão transformar a maneira como vivemos.

Um dos impactos mais imediatos dessa transformação é no mercado profissional. O estudo “O Futuro dos Empregos”, divulgado pelos organizadores do Fórum dois dias antes do evento, revelou que cinco milhões de postos de trabalho podem ser fechados nos próximos cinco anos nos 15 países com as maiores economias do planeta – entre eles o Brasil. Essa transformação pode ainda não ter chegado com força, mas é temida por executivos e tem nome: FOBO, fear of becoming obsolete, ou medo de se tornar obsoleto.

No FOBO, o indivíduo fica tão ansioso com a velocidade de transformação do mundo que teme que sua carreira e sua empresa sejam deixados para trás. O fenômeno foi detectado pela pesquisa global “Barômetro da Inovação”, realizada pela GE. O levantamento, realizado pelo quinto ano seguido, ouviu 2.748 em 23 países, incluindo o Brasil. Participaram da enquete também 1.346 formadores de opinião em treze nações. A partir dos dois públicos, a pesquisa explora como a percepção de inovação está mudando em um mundo complexo e globalizado.

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Pedir feedback às pessoas certas
Quem melhor conhece você são seus pares, e por isso eles tendem a julgá-lo com mais rigor do que seus superiores. Peça para seus colegas avaliarem seu desempenho, com sinceridade – e tenha maturidade para aceitar as críticas. “Pergunte como seria o trabalho se a pessoa perfeita estivesse sentada na sua cadeira”, sugere Karie Willyerd. “Você vai ter o feedback que espera.” Ana Pliopas, coach do Hudson Institute of Coaching, dos Estados Unidos, recomenda selecionar mentores por temas que lhe interessem: “A fórmula é escolher pessoas que entendem do assunto e que tenham disponibilidade para conversar. Lembre-se sempre de agradecer e dar algo em troca”.

Ler o máximo que puder
Siga no Twitter, Youtube, LinkedIn e Facebook pessoas e temas que lhe interessam, e ficará por dentro do que está acontecendo, além de descobrir no que precisa se aprofundar. Os textos e vídeos na web não substituem livros, jornais e revistas – eles apenas ampliaram as fontes de conhecimento. Ana Pliopas cita um princípio defendido no livro Learning as a Way of Being: Strategies for Survival in a World of Permanent White Water, de Peter B. Vail. Para o autor, na era contemporânea ninguém consegue aprender tudo nos bancos da escola, porque os eventos são novos. “A arte hoje não é saber, é lançar mão do conhecimento que está disponível para aplicar à situação corrente”, diz Ana. “Isso requer estar confortável com mudanças constantes, ficar muito ligado para poder conectar os pontos e aplicar o conhecimento.”

Dedicar tempo para conhecer novas tecnologias
Sua área de atuação sempre terá uma novidade: uma ferramenta, uma tecnologia, um aplicativo. Em muitos casos, você pode fazer o download de graça. Além disso, descubra também o que a concorrência está usando e experimente. “Mudanças no processo produtivo, nas atividades do dia a dia e na relação com a tecnologia vão garantir a permanência ou não dos profissionais no mercado de trabalho”, diz a headhunter Ana Claudia S. Reis, sócia da consultoria Caldwell Partners no Brasil. Parte da mudança é um processo corporativo, que afeta a organização como um todo e seus profissionais. “Outra parte afeta os indivíduos e cabe a cada um adaptar-se às novidades. Ler, estudar, manter-se atualizado e, acima de tudo, testar e experimentar as novidades tecnológicas é missão de cada um para garantir sua adaptação ao mundo digital.” Com mais conhecimento, afirma Ana Claudia, o profissional poderá propor novidades que tragam impactos às organizações no posicionamento ou na transformação digital.

Jamais pare de estudar
Não dá para se sentar no diploma de graduação e esperar que ele seja suficiente pelo resto da vida. É preciso investir em formação: MBA, mestrado, doutorado ou mesmo cursos rápidos à distância. Vários sites disponibilizam aulas online, muitas gratuitas, de universidades renomadas no Brasil e no mundo. Entre eles estão Coursera, edX, Vecuca, Khan Academy, Edemy, Codecademy e MITOpenCourseWare. Você vai ampliar conhecimentos, engordar o currículo e eventualmente conhecer pessoas que podem abrir portas. “É importante complementar os treinamentos e subsídios corporativos com cursos de pós-graduação ou especialização, participação em eventos, bem como leitura e informação constante sobre as novidades em sua área de atuação”, afirma Ana Claudia S. Reis. “Muitas vezes, essas atividades podem ser subsidiadas pelas empresas, mas cabe ao profissional propor sua participação em eventos ou cursos que ampliem seu conhecimento e formação."

Ter foco no aprendizado
De acordo com Ana Pliopas, em tempos de mudanças rápidas e profusão de informações, tentar aprender tudo é impossível e causa angústia, como o FOBO. A coach sugere a estratégia do helicóptero: fazer zoom out e zoom in. Zoom out significa se distanciar um pouco e observar as mudanças em grandes grupos, tais como internet das coisas, big data, robotização e mecanismos de comunicação. Já o zoom in constitui mergulhar em um determinado assunto. “Para se aprofundar vale ler, experimentar, conversar com especialistas, ser um aprendiz interessado até que o assunto deixe de ter apelo para você. A partir daí, pode começar uma nova jornada ou mergulho”, afirma Ana Pliopas. Da visão geral para a específica, a ansiedade diminui e o aprendizado é mais significativo.

Frequentar conferências
Uma boa conferência reúne profissionais, líderes, pessoas inspiradoras e apresentação de novas tecnologias em um só lugar. Em poucos dias, você ficará com a cabeça cheia de ideias. Se não puder ir, vários eventos atualmente são transmitidos online, gratuitamente. “Participar de apresentações relacionadas à sua indústria, setor ou função é uma maneira de se manter atualizado e não ficar para trás”, diz Ana Claudia S. Reis.

Desenvolver um projeto novo
Peça para seu chefe deixá-lo experimentar novas atividades. Sempre que possível, envolva-se em projetos relevantes da empresa que estejam voltados à inovação e à transformação digital. Se você não conhece bem o processo, será uma ótima oportunidade para aprendê-lo. “Na perspectiva darwinista, os organismos mais aptos à mudança de ambiente são os que sobrevivem. Conseguem se manter no mercado não os profissionais mais ‘sabidos’, mas os que rapidamente conseguem ir atrás do conhecimento e trazer uma solução”, diz Ana Pliopas.

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