“Inovação é fundamental para que o Brasil possa sair da crise de maneira fortalecida”, afirma Gianna Sagazio, diretora da CNI.
Com que país o empresariado brasileiro mais gostaria de cooperar para produzir inovação? China? Alemanha? Japão? Estados Unidos? Se você pensou neste último, acertou. Essa foi a resposta obtida em um levantamento feito em 2015, com cem líderes do setor, para o 6º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria. Com base nesse resultado, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) deu início a um trabalho de aproximação com o mercado americano que acaba de render seu primeiro fruto: uma parceria com o CoC (Conselho de competitividade dos Estados Unidos, na sigla em inglês), órgão não governamental que reúne de CEOs a reitores de universidades e diretores de centros de pesquisa nos EUA.
A ideia é identificar oportunidades de interesse comum, promover a interação dos participantes (por meio de eventos, cursos e intercâmbios), formar talentos organizando projetos colaborativos, e reforçar iniciativas que levem ao desenvolvimento dos centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação nos dois países, além de propor mecanismos voltados à internacionalização das empresas. Como resultado, podemos esperar novos negócios, novos produtos e mão de obra altamente qualificada. Participam do acordo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), SESI (Serviço Social da Indústria), Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), IEL (Instituto Euvaldo Lodi), Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) e Anpei (Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia de Empresas Inovadoras).
Para as empresas nacionais é a chance de ter acesso a conhecimento e infraestrutura de ponta, aos quais seria mais difícil chegar de maneira isolada. A proposta também é vantajosa para os participantes americanos, segundo Gianna Sagazio, diretora de inovação da CNI. “O Brasil e os Estados Unidos são os dois maiores países das Américas, têm economias complementares e, do ponto de vista empresarial, há um reconhecimento da importância de cooperar”, afirma. “Isso fortalece as duas economias e permite uma atuação global.”
Foco em ambiente, energia e tecnologia
Já foram definidas algumas áreas prioritárias para o acordo, como energia e meio ambiente – o que inclui projetos ligados ao desenvolvimento de energia eólica, hidrelétricas, células fotovoltaicas (para aproveitamento da luz solar), manejo do lixo e uso de lasers. Outro setor em foco é o de química e materiais, onde há uma demanda por novas opções de baterias, nanoestruturas, polímeros, itens recicláveis etc. O acordo cita, ainda, a área de transportes e combustíveis, a indústria farmacêutica e a produção de equipamentos (como reatores e peças para mineração).
Não poderia ficar de fora, claro, o setor de tecnologia da informação e da comunicação, que serve de base para a inovação em tantas outras áreas. A parceria quer fomentar, por exemplo, propostas relacionadas a matemática aplicada, computação em nuvem, cibersegurança e algoritmos científicos. “Inovação é fundamental para que o Brasil possa sair dessa crise de maneira fortalecida”, afirma Gianna Sagazio, reforçando que a pauta de exportação do país deveria ser incrementada com produtos de alto valor. Segundo estudo da ONU, as commodities (como minério, soja e petróleo) representam 60% das exportações brasileiras.
Uma plataforma virtual sobre o acordo está prevista para março deste ano, e a primeira visita técnica aos Estados Unidos deve ocorrer em abril. A expectativa é que, a partir de junho, tenha início o processo de negociação e implantação de pelo menos cinco iniciativas bilaterais.
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