terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Petrobras reduz plano de investimento até 2019.

Plano de investimento foi reduzido para US$ 98,4 bilhões.
Preço do petróleo e taxa de câmbio influenciaram decisão da companhia.

O Conselho de Administração da Petrobras reduziu o plano de investimentos da companhia para o período 2015-2019 para US$ 98,4 bilhões, queda de US$ 32 bilhões ou de 24,5% ante a projeção inicial, principalmente devido à otimização do portfólio de projetos e do efeito cambial, em meio a um cenário de preços do petróleo mais baixos.
Petrobras (Foto: Rede Globo)Fachada da Petrobras no Rio de Janeiro.

"Estes ajustes visam a preservar os objetivos fundamentais de desalavancagem e geração de valor para os acionistas, estabelecidos no PNG 2015-2019, à luz dos novos patamares de preço do petróleo e taxa de câmbio", afirma a Petrobras em comunicado divulgado nesta terça-feira (12).

Os investimentos previstos para a área de exploração e produção no período 2015-2019 agora são de US$ 80 bilhões ante US$ 108,6 bilhões na primeira versão do plano. Já a unidade de abastecimento deverá investir US$ 10,9 bilhões, seguida por gás e energia, com US$ 5,4 bilhões, e pelas demais áreas, com US$ 2,1 bilhões.

Os desinvestimentos (venda de ativos) para o biênio 2015-2016 foram mantidos em US$ 15,1 bilhões, tendo atingido o montante de US$ 700 milhões em 2015.

Após a divulgação da revisão, a ação da Petrobras era negociada em forte queda, atingindomínimas em quase 12 anos.

Corte na meta de produção
De acordo com a Petrobras, esses ajustes na carteira de investimentos resultaram em uma redução da projeção de produção de petróleo no Brasil de 2,185 milhões de barris por dia em 2016 para 2,145 milhões de bpd e de 2,8 milhões de bpd em 2020 para 2,7 milhões.

A estatal informou ainda que atingiu uma produção média de petróleo de 2,128 milhões de bpd no país em 2015, ante 2,125 milhões estimados no plano de negócios. Segundo a Petrobras, a produção de 2015 "representa o recorde anual histórico de produção de óleo da companhia, superando o recorde alcançado em 2014".

A nova versão do plano de negócios considera um preço médio para o petróleo Brent de US$ 45 em 2016, ante projeção anterior de US$ 55, e uma taxa de câmbio média no ano de R$ 4,06 por dólar, ante R$ 3,80 anteriormente.

A petroleira diz estar conseguindo reduzir custos e melhorar produtividade e tem reafirmado a viabilidade técnica e econômica do pré-sal "mesmo considerando o atual cenário adverso dos preços do petróleo".

Plano de negócios
O Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, anunciado em junho de 2015, previa US$ 130,3 bilhões em investimentos. No plano para 2014-2018, a companhia chegou a prever investimentos de US$ 220,6 bilhões.

Na ocasião, a companhia informou que o plano tinha como "objetivos fundamentais a desalavancagem da companhia e a geração de valor para os acionistas".

Em outubro do ano passado, a estatal já tinhareduzido em US$ 11 bilhões a previsão de investimentos para 2015 e 2016, e em US$ 7 bilhões os gastos operacionais previstos para o período. Os investimentos previstos foram reduzidos para US$ 19 bilhões em 2016, ante projeção anterior de US$ 27 bilhões.

Endividamento e prejuízos
A queda dos preços internacionais do petróleo tem prejudicado ainda mais a situação econômica da companhia, que enfrenta alto endividamento.

A dívida bruta da Petrobras atingiu no 3º trimestre de 2015 o nível recorde de R$ 506,5 bilhões. Já a dívida líquida (dívida total bruta menos o caixa) subiu para R$ 402,3 bilhões no final de setembro. No final de 2014, o endividamento total era de R$ 282 bilhões.

Com a maior dívida detida por uma petroleira no mundo, a Petrobras não trouxe novas informações nesta terça sobre metas de alavancagem.

A petroleira encerrou o 3º trimestre do ano passado com prejuízo líquido de R$ 3,759 bilhões no terceiro trimestre, o terceiro pior da história da estatal. No acumulado nos nove primeiros meses do ano, a petroleira acumula lucro líquido de R$ 2,102 bilhões, o que representa uma queda de 58% na compração com o mesmo período de 2014.

A Petrobras está no centro das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Em abril, a companhia calculou em R$ 6,194 bilhões as perdas por corrupção e reduziu o valor de seus ativos em R$ 44,3 bilhões.

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