Bloco mudou o trajeto do desfile
RIO - As ladeiras de Santa Teresa foram tomadas na manhã deste sábado pelos foliões do Céu na Terra. Desta vez, com um percurso mais curto e com dispersão marcada para as 11h no Largo do Curvelo. A mudança acontece por conta do assassinato de uma pessoa no Largo das Neves no último sábado.
— Há uma guerra entre traficantes no local, que não tem nada a ver com o bloco, mas não queremos estar no meio disso. Até acredito que não vai acontecer novamente, mas também vimos no ocorrido uma possibilidade de levar o Céu na Terra para o outro lado do bairro. Depois que paramos de desfilar no bondinho, o cortejo ficou muito restrito a um lado só de Santa Teresa — conta um dos organizadores, Péricles Monteiro.
Este ano, o grupo trouxe o saxofonista e professor africano Timóteo Cuche para participar do cortejo e apresentar o ritmo "marrabenta" para os cariocas.
Segundo os organizadores, a estimativa é que cerca de 70% das fantasias estejam ligadas a temas africanos. Até os dois tradicionais bonecos de Olinda do bloco entraram no clima e estão vestidos afros.
— Eles eram mais branquinhos, demos uma escurecida na cor de pele, colocamos um tecido típico da África e um turbante. O homem se parece mais com um indiano, mas tudo bem - brinca Péricles.
A banda realiza ensaios desde novembro, e, além do "marrabenta", os foliões também puderam aproveitar as tradicionais músicas do carnaval tocadas pelos 150 ritmistas do bloco. Marchinha, frevo, maxixe, ciranda e samba não ficaram de fora do repertório.
O casal Fernando Guerra, 25, e Viviane Lopes, 27, aproveitaram a oportunidade para se fantasiar de Penélope Charmosa e Dick Vigarista. Os dois consideram o Céu na Terra o melhor bloco da cidade.
— Acordamos às 4h30 para estar aqui na hora da concentração, mas vale a pena. A galera que frequenta é da paz, os homens não são agressivos com as mulheres. É um público bem respeitador. Ano passado até nos emocionamos com o desfile. É lindo demais — conta Fernando.
O engenheiro Michael Fonseca, 34, estava fantasiado junto com outros quatro amigos de "bloco do pobre". Com uma placa escrito "tenho que pagar meu crea-rj", ele concorda que o Céu na Terra é um dos melhores do Rio.
- Pela experiência que tenho de carnaval de rua, posso dizer que os blocos que começam cedo são os melhores. O Céu na Terra é exemplo disso. A tradição do bloco encanta qualquer um!
O casal Carlos Helenio e Beth Cebukin, juntos há 22 anos, estava fantasiado de "podrão"(nome popular dado a lanches vendidos em barracas). Os dois são pais do diretor musical do bloco, Marcelo Cebukin, e se destacavam pela empolgação.
- Nós amamos o Céu na Terra. Acreditamos que carnaval mesmo tem que ter fantasia, independentemente do calor, e aqui todo mundo entra no clima. Sem contar as músicas, as tradicionais marchinhas, que nos traz a lembrança do carnaval antigo - conta Carlos.
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