domingo, 7 de fevereiro de 2016

Direitos de domésticas no Brasil chocam burguesia, diz Le Monde

O jornal Le Monde deste sábado (6) traz uma reportagem a respeito das mudanças de costumes no Brasil com a nova legislação que confirma direitos trabalhistas a empregados domésticos. O diário lembra que isso vem causando mal-estar em uma sociedade marcada pelo passado escravagista.
Le Monde começa a análise contando a história tão comum de uma empregada doméstica, vinda do interior do nordeste, que passou décadas trabalhando na casa de uma família em São Paulo, sem projetos de futuro ou vida própria.
A correspondente compara o cenário a uma realidade francesa do século 19, tomando como exemplo Françoise, personagem do escritor Marcel Proust, que se inspirou em sua própria empregada doméstica.

Mas no Brasil do século 21, os direitos adquiridos pelas domésticas – que na maioria dos casos são mulheres, negras e com escolaridade limitada – “chocam a pequena burguesia”, de acordo com Le Monde.

Domésticas são consequência do fim da escravidão

O jornal francês conta que, com o fim da escravidão, em 1888, muitos ex-escravos viraram serviçais. Esse tipo de trabalho não foi levado em conta na Consolidação das Leis Trabalhistas, de 1943. Os avanços reais só vieram nas décadas de 1970 e com a Constituição de 1988. A atividade finalmente se tornou uma profissão apenas com a emenda de 2013 e a lei de 2015.

Citando vários analistas e até o filme “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, a correspondente francesa decodifica essa relação entre “patrões benfeitores” em relação a empregados “considerados como parte da família”. Segundo a jornalista, essa dinâmica que contradiz a tese do antropólogo Gilberto Freyre de que o racismo seria menor em uma sociedade mestiça.

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