quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Presidenciáveis de olho na diversidade racial após New Hampshire

Minorias devem ter influência em Carolina do Sul e Nevada.
Rivalidade. Pré-candidata democrata Hillary Clinton sorri ao se encontrar com eleitora do republicano Donald Trump em zona eleitoral de Nashua, em New Hampshire
MANCHESTER, EUA - Mesmo enquanto ocorriam as votações da prévia de New Hampshire, os candidatos que buscam a nomeação dos partidos Democrata e Republicano para a eleição presidencial americana já miravam em duas novas frentes da disputa: Carolina do Sul e Nevada. Os dois estados que complementam as primárias de fevereiro, além de mais populosos, são mais diversos social e economicamente que os locais que inauguraram as votações. Isso tende a trazer uma nova agenda para a disputa.

Muitos especialistas criticam a importância exacerbada que o sistema eleitoral dá a Iowa e New Hampshire. Além de, individualmente, representarem menos de 1% da população americana, eles não traduzem a nova realidade nacional, onde negros e latinos têm cada vez mais peso. Iowa tem 87% de população branca, e em New Hampshire, esse percentual vai a 91,3%, contra 62,1% da média nacional, segundo estimativas para 2014 do Censo dos EUA.

Algo totalmente diferente ocorre nas próximas prévias. Na Carolina do Sul, que realiza primárias republicanas no dia 20 e democratas no dia 27, 27,8% da população é negra, mais que o dobro da média nacional, de 13,2%. Nevada, com caucus (reunião de eleitores) democrata no dia 20 e republicano no dia 23, possui 27,8% de latinos, contra 17,4% da média nacional — assim, os brancos quase estão deixando de ser maioria no estado, representando 51,5% da população.

— Estamos trabalhando para vencer em todos os estados, cada voto interessa. Mas é claro que, se houver uma derrota em New Hampshire, até pela proximidade (Bernie Sanders é senador no vizinho Vermont), não será um grande problema. Estamos fazendo um forte trabalho na Carolina do Sul e em Nevada, estados maiores e com uma população mais diversa, que em geral apoia mais a nossa candidata, Hillary Clinton — disse ao GLOBO o congressista democrata Ruben Gallego, representante do Arizona e filho de imigrantes latinos, que auxiliou a campanha da ex-secretária de Estado na reta final em New Hampshire.

Os republicanos, por sua vez, deverão sofrer uma nova peneira até março, e as duas próximas votações tendem a fazer o total de candidaturas relevantes cair dos atuais oito competidores para quatro ou cinco, segundo especialistas. Depois de Iowa, três republicanos com baixo resultado e pouca arrecadação de doações abandonaram a disputa.

Temas econômicos tendem a ter mais peso nos próximos estados que votam. A Carolina do Sul, por exemplo, tem 18,4% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza, contra 15,4% da média nacional e 8,7% de New Hampshire. Os moradores de Nevada, por sua vez, temem cada vez mais a concorrência de Orlando, na Flórida, como um polo de turismo e entretenimento mais atrativo que Las Vegas. Os sindicatos no estado também têm uma força maior que o registrado na média do país.

— Para a população latina não interessa apenas a questão da imigração, mas temas econômicos, como o debate sobre o salário mínimo, as propostas dos republicanos de privatização da previdência social, formas de ter uma educação mais acessível e, claro, a questão da saúde, que precisa ser equilibrada — afirmou o mexicano Alejandro Urrutha, diretor interino da Latin United For Action.

Ele afirma que os latinos estão cada vez mais organizados em todo o país e devem ter participação maior que nas eleições de 2012, quando representaram 8,4% do total de votos nas eleições presidenciais que reelegeu Barack Obama.

Entre os negros, além da questão econômica , há os temas do racismo e da violência. Neste ano, cresceu o movimento “Black lives matter” (“As vidas dos negros importam”), que tenta reduzir o número de mortes de jovens afroamericanos, em média muito mais suscetíveis à violência que os brancos.

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