quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

VOLEI: Federação de Vôlei quer acabar com 'festinha' a cada ponto nos jogos.

FIVB colocará em prática em torneio na Ásia recomendação para limitar comemoração.
Tapinha. Para agilizar o tempo de jogo, atletas terão de abrir mão da comemoração dos pontos ou, ao menos, o atleta que for sacar; recomendação valerá já na próxima competição mundial.
A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) colocará em prática o "fim da festinha" em competições oficias. E o primeiro torneio em que haverá essa recomendação direta a juízes, jogadores e técnicos será o qualificatório para os Jogos Olímpicos, entre 28 de maio e 5 de junho, no Japão, próxima competição do calendário mundial.

Luiz Fernando Lima, secretário geral da FIVB, afirma que não é preciso esperar o congresso mundial da entidade, em outubro, a fim de aprovar uma regra que reduza o tempo perdido entre um ponto e o início do outro. Isso porque, segundo ele, basta que os jogadores sejam objetivos e que comprem a ideia de chegar ao máximo de 1h50 de partida.

— Essa será a recomendação nos congressos técnicos dos torneios a partir de agora. Serem mais rápidos entre um ponto e o início do outro. Faremos no qualificatório asiático e também na Liga Mundial, Grand Prix e Olimpíadas — contou o executivo. — O juiz terá de exigir que o atleta seja mais ágil. E os jogadores abrirão mão dos "rituais" de comemoração, que não acrescentam à história do jogo. Se não der certo, será preciso criar uma regra. Queremos valorizar outros momentos, os que valem a pena, como reprisar no telão do ginásio e na TV um rali espetacular.

PRIORIDADE

Lima disse que essa recomendação, de 1h50 de jogo, foi debatida na última reunião da FIVB, na Suíça, e aprovada pelas comissões, principalmente a de TV. Assim, foi criado um grupo de trabalho para estudar formas de diminuir o tempo de jogo. Mudanças na pontuação serão sugeridas e testadas em torneios juvenis.

José Roberto Guimarães, técnico da seleção brasileira feminina, diz ser possível reiniciar o ponto mais rápido sem prejuízo ao jogo.

— Melhor do que mexer nos pontos. A experiência recente na Superliga com 21 pontos foi horrível — opina o tricampeão olímpico. — Só espero que se algo for feito nesse sentido, que a FIVB escute também os técnicos.

Zé Roberto concorda que o tempo desperdiçado no caminho ao saque é alto e que é preciso priorizar situações mais importantes, como o uso do "desafio" (revisão da arbitragem).

— É extremamente importante. Não podemos voltar atrás — comenta o treinador. — Por isso, acredito que podemos nos adequar à corrida ao saque. É uma questão de boa vontade geral. Mas, acho que para evitar desgaste, é melhor criar uma regra, com limite de tempo para o atleta ir à zona de saque. Como no basquete, com limite de posse de bola. E, claro, para o próximo ciclo olímpico.

O "desafio" em todos os torneios internacionais também está certo. A FIVB definiu que, para bola fora e bola dentro, a tecnologia será a mesma do tênis, com uma animação. Essas interrupções devem durar apenas 10 segundos. Para as outras situações, como invasão, o replay será a saída. Nesses casos, o juiz do desafio terá comunicação via rádio com o árbitro principal para facilitar ao máximo. A entidade está concluindo a homologação desse sistema.

Segundo Lima, o intervalo entre um ponto e outro já foi 15 segundos (Liga Mundial de 2003). Agora, segundo levantamento na edição de 2013, passou a 25. Dez segundos a mais a cada ponto.

— A média de pontos da Liga de 2013 foi 180/jogo. Levando em consideração os dez segundos a mais para cada saque, são 30 minutos de gordura — calculou.

Giovane Gávio, gerente de vôlei do Comitê Rio-2016, mostrou preocupação com o tema no evento-teste da modalidade, na Liga Mundial de 2015. Isso porque após cada jogo das Olimpíadas será preciso esvaziar e limpar o ginásio para as partidas seguintes. E foi estipulado cerca de 3h50 para cada sessão, que tem dois jogos. Assim, a programação dos Jogos poderá sofrer atrasos.

Das dez partidas da fase final da Liga Mundial de 2015, seis passaram de duas horas, principalmente as com placar de 3 a 2. O recorde foi 2h28, entre Estados Unidos e Sérvia.

VAIDADE

Antônio Carlos Rios, presidente da Comissão Brasileira de Arbitragem de Voleibol (Cobrav) explica que o árbitro deve usar mais o cartão amarelo de retardo de jogo para pressionar os atletas a irem rápido ao fundo de quadra (nesse caso, o adversário ganha ponto com dois amarelos). É que o árbitro só pode autorizar o saque quando o atleta está com a bola e em condição de sacar. Após o apito, são oito segundos para a ação.

— Tem jogador que enrola no deslocamento e ainda faz um verdadeiro balé para sacar. Isso tem de acabar — opina Rios, que vê problemas. — Caminhar até o saque é o momento do jogador, a estrela do jogo. Vai mexer na sua vaidade.

Rios crê que a tendência é que a FIVB crie regra específica para o deslocamento, que diminua o tempo do saque.

— Deve fazer isso no congresso anual. E também há comentários que diminuirá o tempo do saque de oito para cinco segundos. E essa será mais uma economia. No vôlei de praia já é regra que o atleta tem até cinco segundos para sacar após a posse da bola. E tempo máximo de 12 segundos para ir ao saque.

DÚVIDAS

Rios conta que a Confederação Brasileira de Vôlei mediu o tempo ocioso de jogo na temporada 2013/14 em dez partidas masculinas e dez femininas. E que, de sete interrupções previstas, entre elas enxugamento da quadra e diálogo entre arbitragem, atletas e comissão técnica, o tempo para ir ao saque foi o vilão: representou 60,5% do tempo de jogo masculino e 64,81% do feminino. O intervalo de um ponto ao saque demorou 20s25 nos jogos femininos com placar de 3 a 2 e beira os 25 no masculino.

— Acho bizarro controlar o tempo para ir ao saque. Mas, se for preciso, cooperaremos. Não me importo de não festejar os pontos — declarou o oposto Wallace, do Cruzeiro e da seleção brasileira. — Acho que alguns jogadores terão dificuldade porque tem uma mania ou precisam de tempo para se concentrar. E outra: no meio de um quinto set não vamos ficar pensando no relógio, né? E aí, o que eles farão?

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