sexta-feira, 18 de março de 2016

Autoridades do Legislativo e Judiciário reagem a conversas de Lula.

Representantes dos poderes Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público, comentam o conteúdo das conversas do ex-presidente Lula.
O conteúdo das conversas do ex-presidente Lula provocou reações indignadas de autoridades da República.
No Supremo Tribunal Federal, reações em discursos firmes. O decano, ministro mais antigo do tribunal, Celso de Mello, foi taxativo no plenário. E respondeu assim à afirmação do ex-presidente Lula em conversas gravadas de que o STF está acovardado: “Os meios de comunicação revelaram, ontem, que conhecida figura política de nosso país, em diálogo telefônico com terceira pessoa, ofendeu gravemente a dignidade institucional do poder judiciário imputando a este tribunal a grosseira e injusta qualificação de ser ‘uma suprema corte totalmente acovardada’. Esse insulto ao poder judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte dessa corte suprema, traduz no presente contexto da profunda crise moral que envolve altos escalões da republica, uma reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes, que não conseguem esconder até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável o temor pela prevalência do império da lei e receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes”.

O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, falou logo depois. “Eu queria dizer que os constituintes de 1988 atribuíram a esta suprema corte a elevada missão de manter a supremacia da constituição federal e a manutenção do estado democrático de direito. Eu tenho certeza de que os juízes dessa casa não faltarão aos cidadãos brasileiros no cumprimento deste elevado múnus”, aponta Ricardo Lewandowski, presidente do STF.

No Superior Tribunal de Justiça, que Lula também acusa de estar acovardado, o ministro João Otavio de Noronha reagiu.

“Esta casa não é uma casa de covardes. É uma casa de juízes íntegros, que não recebe doação de empreiteiras. É estarrecedor a ironia, o cinismo dos que cometem o delito e querem se esconder atrás de falsa alegada violação de direitos. Não se nega os fatos e porque não tem como negar o que está gravado. A atitude do juiz Moro, gostem ou não, certa ou errada, revelou a podridão que se esconde atrás do poder. Se alguns caciques do judiciário se incomodam ou invejam, lamento”, comenta João Otávio de Noronha, ministro STJ.

Os investigadores da Lava Jato também falaram. Em Curitiba, o procurador Deltan Dallangol reforçou que as investigações contra Lula foram pedidas pelo Ministério Público.

“Os atentados à investigação revelam a extensão do abuso de poder e do descaso com o estado democrático de direito na república. As conversas telefônicas constituem evidências de obstrução às investigações em uma guerra desleal e subterrânea, travada nas sombras longe dos tribunais. O estado democrático não existe sem o direito. Não há direito sem um poder judiciário independente. Não há independência do poder judiciário sem que sejam respeitadas as suas decisões. A força das investigações da Lava Jato deriva da busca da verdade e da justiça com base em princípios e regras comungados, compartilhados com a sociedade, estabelecidos na constituição”, afirma Deltan Dallagnol, procurador.

Em Brasília, mais um ato em defesa das investigações e do juiz Sergio Moro. Os juízes pediram uma justiça independente e sem intimidações.

Da Suíça, o procurador-geral da república Rodrigo Janot também rebateu Lula. Disse que o Ministério Público não tem medo.

“O Ministério Público tem que ter couro grosso. O Ministério Público mexe com a liberdade das pessoas, com o patrimônio das pessoas, e é normal que as pessoas reajam. Ministério Público tem que agir com tranquilidade e tecnicamente, mas destemidamente. O Ministério Público não tem medo de nada”, aponta Rodrigo Janot, procurador-geral da República.

Lula, se referindo a Janot na gravação, falou em falta de gratidão.

“Não sei que ingratidão é essa. O que eu posso dizer é que eu entrei no meu cargo por concurso público, tenho 32 anos de carreira, percorri toda a minha carreira, estou em final de carreira e se eu devo algo a alguém, esse meu cargo, é a minha família”, afirma Rodrigo Janot, procurador-geral da República.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, falou do tom pejorativo com que foi tratado na gravação por Lula. Disse que comentários ofensivos não fazem bem à democracia.

“Eu acho que qualquer comentário, e talvez o grampo tenda nesse sentido, que desmereça as instituições ou colabore com o enfraquecimento das instituições não é bom para a democracia”, diz o senador Renan Calheiros, PMDB-AL, presidente do Senado.

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