sábado, 12 de março de 2016

Cientistas investigam suspeita de reincidência de zika em Nilópolis.

E não descartam casos de coinfecção, ou seja, duas das doenças ao mesmo tempo.
Alan Menezes, cuja mãe adoeceu duas vezes: “Estamos preocupados porque ninguém sabe que doença é essa. Sobram mosquitos nos terrenos abandonados”
RIO - O vendedor Cristóvão da Silva não fala, murmura. Caminhar lhe parece impossível. Qualquer movimento o tortura desde terça-feira. Um médico disse ser dengue. Sua mulher, também doente, teve diagnóstico de zika. Quase todos os vizinhos estão ou estiveram enfermos com diagnósticos de zika, dengue ou chicungunha. O bairro onde moram tem tantas pessoas com sintomas de síndromes febris que deixou cientistas da UFRJ estarrecidos. Eles investigam em Olinda, Nilópolis, um surto que parece ser uma manifestação distinta do zika. E não descartam casos de coinfecção (duas das doenças ao mesmo tempo) e reincidência (quando o paciente volta a ter o vírus). Alguns dos doentes sofrem dores muito fortes. E apresentam sintomas menos frequentes no zika, como dores e inchaços articulares, mais intensos dos que os observados em outros lugares.
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— No início, pensamos se tratar principalmente de chicungunha, devido às dores fortes, ao inchaço nas articulações e à duração. Além disso, pessoas relatam ter adoecido duas vezes — conta o chefe do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, Amílcar Tanuri, um dos maiores especialistas do Brasil em retrovírus, como o zika.

Os primeiros 15 exames de urina analisados na UFRJ, porém, revelaram o zika. E um deles, o chicungunha.

— Estamos no início. E ali há tantos doentes e mosquitos, que pode haver casos de zika, dengue e chicungunha. Nos preocupam os casos de possível reincidência de zika, em que a pessoa manifesta sintomas mais de uma vez e a doença parece se tornar crônica. Não sabemos como o zika escapa do sistema de defesa do organismo, e esses casos tornam as coisas mais complexas — diz Tanuri.

Ele e sua equipe souberam dos casos em Olinda graças a uma iniciativa de Alan Menezes, mestrando em ciências farmacêuticas da UFRJ. A mãe de Alan adoeceu duas vezes, supostamente de zika. Outros parentes e vizinhos também caíram doentes. Todos sofrem com as dores e o desconhecimento.

— Li a respeito das pesquisas do professor Tanuri e o procurei. Estamos procupados porque ninguém sabe que doença é essa. Sobram mosquitos nos terrenos abandonados. A situação é calamitosa. É nosso dever colaborar — frisa Menezes.

Tanuri se preocupa com o que viu em Olinda

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